Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Este artigo discorre sobre a alta do preço do cafezinho, estabelecendo uma relação entre a base de dados da Organização Internacional do Café e os elementos de composição de custos na produção, na indústria e na distribuição (mais especificamente, nas cafeterias).

A Organização Internacional do Café (OIC) projetou para 2010/2011 uma safra de 133,7 milhões de sacas, o que significa um incremento de 8,3% em relação ao ano anterior. Para o mesmo período, a organização prevê para o Brasil uma safra de 48 milhões de sacas. O consumo mundial, ainda de acordo com ela, é de 132, 5 milhões de sacas, enquanto o Brasil respondeu por 19 milhões de sacas. O estoque mundial para esta safra é de 13 milhões de sacas, embora ele signifique uma retração na ordem de 33% em relação ao estoque mundial na safra passada, de acordo com a OIC. Isso significa que ainda há uma margem de segurança de 14,2 milhões de sacas no mundo. É importante ressaltar que neste ano, a cafeicultura brasileira está no seu período de baixa bienalidade, o que significa que ano que vem, a natureza pode oferecer o conforto que o mercado procura. Dependerá das condições climáticas e dos tratos culturais realizados em campo.

Levando-se em consideração a Lei da Oferta e da Demanda e o estoque remanescente, será que está faltando café mesmo? Será esta a grande causa da alta do preço do cafezinho no país?


Essas são duas questões sobre as quais qualquer agente ligado ao agronegócio café no Brasil deve ponderar, mas levando em consideração o perfil do seu segmento de atuação. Ou seja, a planilha de custos do cafeicultor não é a mesma planilha de custos do industrial do café ou do dono da cafeteria.


A indústria de café é dependente também dos preços do petróleo, já que ele afeta o custo de distribuição (gasolina) e também o preço da tonelada da embalagem, já que o polietileno e o poliéster presentes nos invólucros são subprodutos extraídos dessa commodity. Houve também uma alta no preço do alumínio, que também compõe este insumo importante. Até que se descubra uma tecnologia melhor, este é um dado não dispensável em análise técnica. Além disso, conta com a questão do custo da mão-de-obra, relacionada ao aumento do salário mínimo. Estes itens, de modo geral, respondem por 25% a 30% da planilha de custos da indústria. O café, embora responda por 60% da planilha, gerou impactos fortes na indústria, porque comumente esta não trabalha com estoque físico de matéria-prima nem tampouco pratica hedge para travar preço. Com os ataques especulativos observados nas últimas semanas ao café na ICE Exchange e que refletiram na BMF/Bovespa, a alta do preço do café para o consumidor era uma tendência natural.


No caso do produtor de café, houve altas nos insumos que são utilizados para fertilização e outros tratos culturais, como defensivos agrícolas, além do próprio custo com a mão-de-obra, que deverá se maximizar, com a proximidade da safra. Ele também sofreu os impactos das altas dos preços dos combustíveis registrados nas últimas semanas. No caso das cafeteriais, o principal centro de custo também está no custo da mão-de-obra, considerando que um quilo de café bem extraído pode gerar entre 120 e 160 doses de 50 ml.


Aos cafeicultores, é importante ressaltar que o que de fato importa na observação dessas informações, é o entendimento que na verdade, o aumento da área cultivada deve ser ponderado com muita cautela. Pode-se falar em renovação do parque cafeeiro, o que é favorável, ponderando-se sobre o aumento da produtividade por hectare plantado. Mesmo que o Brasil atinja 21 milhões de sacas consumidas até o ano de 2012, o que de fato importará é a qualidade do produto final.


Discorrer sobre qualidade parece redundante, mas esta é uma via sustentável, frente ao comportamento do mercado consumidor num horizonte de dez anos.

 

FONTE: Administradores.com

por: Mara Luiza Gonçalves Freitas

* Administradora, especialista em Cafeicultura Empresarial, Mestre em Administração. E-mail: adm@marafreitas.adm.br.

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