Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

TEAR – A EVOLUÇÃO DOS FIOS E A INDÚSTRIA .

Fonte:|metodologiasufrjmar.wordpress.com|
ROSANA ANDREIA, ROSÂNIA NUNES E MÁRCIA PAZ

O QUE É UM TEAR?

Objeto que serve para fabricar tecido através do cruzamento de fios.

COMO FUNCIONA UM TEAR?

Cruzam-se fios verticais (urdidura ou teia), que estão presos entre os órgãos do tear com os fios horizontais (trama) que são transportados pela lançadeira (ou navete) que vai entrelaçando este fio com a teia.

O ATO DE TECER

A evolução da humanidade está diretamente atrelada ao uso e desenvolvimento de técnicas. No começo, o homem primitivo teve a idéia de vestir-se com peles de animais, quando então aprendeu a costurá-las utilizando tendões, tiras da própria pele ou tripas. No dia em que as pesadas peles foram substituídas por materiais feitos com fios muito apertados e entrecruzados, estava inventado o tecido. A cestaria que data da mesma época, era realizada trançando talos, cipós e outros vegetais. Parece impossível, entretanto o tear foi inventado há mais ou menos 6.000 anos permitindo ao homem aplicar as técnicas aprendidas com a cestaria ao usar as fibras flexíveis como o algodão, o linho, a lã e a seda. Exceto a seda, todas as outras fibras deviam primeiro ser fiadas. Assim o homem, esticando estes fios, amarrados entre uma árvore e o próprio corpo, alternando a trama, improvisou o tear.

Conhecidos das antigas pinturas gregas, os teares de Circe e Penélope nos dão a ideia da utilização da tecelagem nos tempos da Guerra de Tróia. Penélope tecia durante o dia e à noite desmanchava a trama; com isto ganhava tempo junto a seu pai que aguardava o término da confecção para casá-la novamente. Estratégias como esta emolduraram a história do Homem, pois foram nos períodos de longas crises e de beligerância que surgiram técnicas que proporcionaram a sobrevivência não só do homem comum como também dos grandes estadistas, como ressalta Lynn White Jr. ao analisar a evolução da técnica na Idade Média. Uma das mais antigas formas de trabalho humano é a fiação e tecelagem, sendo que a evolução da técnica da produção de tecidos liga-se fundamentalmente à evolução das sociedades. A grandiosidade e exuberância da tecelagem que se vê, por exemplo, no Antigo Egito, pode parecer difícil de entender dada a simplicidade dos instrumentos que se utilizavam então. No entanto, o tear antigo, manual, já continha primitivamente estágios das técnicas empregadas pelas máquinas automáticas de nossos dias. Por outro lado, a obtenção da matéria prima e sua produção era de grande dificuldade. Na Antigüidade já se nota, porém, variado cultivo de fibras, ressaltando-se o linho e o algodão, no campo vegetal, e a seda e a lã, no campo animal.

O que vem a ser técnica e tecnologia? Que relação há entre a técnica e a tecnologia? Constituiriam, ambas, uma ciência? Em que medida a história da humanidade está emblematicamente condicionada à evolução da técnica? Em que momento o homem passa a desenvolver uma habilidade técnica, uma tecnologia ?

A técnica consiste num procedimento que engloba métodos elaborados para um fim específico advindos das necessidades do homem. Poder-se-ia dizer que a história da técnica está intimamente relacionada à sobrevivência. Ela é consciente, reflexiva, inventiva, teórica, individual por estar atrelada ao desenvolvimento de uma habilidade. No processo histórico do desenvolvimento científico-tecnológico, muita coisa foi produzida visando a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Para Lynn White Jr, tecnologia é a maneira pela qual as pessoas fazem coisas, não havendo fronteiras cronológicas ou geográficas ao se estudar a evolução de uma técnica.

Engels, em sua obra A origem da família, da propriedade privada e do Estado relaciona os estágios de desenvolvimento da humanidade com os períodos aos quais foram ampliadas as fontes de existência. Tais períodos só foram possíveis pelo desenvolvimento de técnicas que possibilitaram ao homem domar a própria natureza, fazendo do desconhecido fator positivo à sua sobrevivência. Resumidamente, os três estágios citados por Engels são compilações de um estudo de Morgan, que os denominou de estado selvagem, caracterizado pelo predomínio da apropriação de produtos da natureza, prontos para ser utilizados pelo homem através de técnicas artificiais produzidas por ele; o estado da barbárie, caracterizado pela criação do gado e da agricultura e pelo incremento da produção da natureza por meio do trabalho humano; e o estado da civilização, que consistiria no “período em que o homem continua aprendendo a elaborar os produtos naturais, período da indústria propriamente dita e da arte”. Localiza ainda o autor, na fase superior do estado selvagem, a utilização do tecido a mão para a vestimenta humana; não existindo ainda o tear.

Uma das mais antigas formas de trabalho é a fiação e a tecelagem, sendo que a evolução da técnica da produção de tecidos liga-se fundamentalmente à evolução das sociedades. A história das relações do homem com o meio demonstra que sempre houve um jeito peculiar de se apropriar de bens naturais que garantissem a sobrevivência humana, num primeiro momento, evoluindo, num estágio posterior, para a acumulação. Embora a história oficial tenha registrado os grandes feitos heróicos realizados pelos grandes homens, pelos grandes estadistas, uma outra história vem sendo investigada por alguns historiadores, fundamentada no fazer diário dos pequenos artesãos, do fazer do homem simples, do servo, do homem escravizado.

A Revolução Industrial anunciou uma nova era para a civilização. O renascimento cultural criara novas condições sociais, econômicas e políticas para a realização de avanços em ciência e tecnologia. As melhorias subseqüentes na tecnologia possibilitaram grandes combinações de recursos físicos e humanos e levaram o sistema fabril a substituir o sistema doméstico de produção.

Desde que a humanidade começou a melhorar seus métodos de cultivar o solo, fabricar armas e tecer panos, houve avanços na tecnologia, arte e ciência aplicada à confecção e uso de ferramentas e equipamentos. A tecnologia tem evoluído e avançado durante milhares de anos, mas na Inglaterra do final do século XVIII ocorreu uma revolução que marcou o início de um progresso mais rápido do que jamais houvera antes. A essência dessa revolução foi a substituição da força humana, animal, do vento, da água e de outras fontes naturais pela energia mecânica.

A invenção da lançadeira volante, por John Kay, em 1733, aumentou a capacidade de tecelagem. Os fios começaram a escassear. James Hargeaves criou, em 1764, a Spinining Jenny, aumentando a produção de fios. Esta máquina era uma roca de fiar que fazia vários fios ao mesmo tempo, mas eles eram quebradiços, e isso dificultava a tecelagem. A water frame, de Richard Arkwright, construída em 1779, produzia fios grossos; o fato de ser movida a água tornava-a mais econômica. A spinning jenny e a water frame foram combinadas em 1779 por Samuel Crompton em uma única máquina, a mule, que fabricava fios finos e resistentes. Novo desequilíbrio foi criado: sobravam fios, que as tecedoras não conseguiam fiar. Ocorreram então tentativas de aumentar a capacidade de tecer. Edmund Cartwright, em 1785, inventou o tear mecânico . O cronograma histórico do tear ficou assim:

1733: Invenção da lançadeira volante, por John Kay.

1760-1850: 1ª etapa da Revolução Industrial.

1764: Invenção da spinning Jenny, por Jeames Hargreaves.

1768: James Watt inventa a máquina a vapor.

1769: Invenção da water frame, por Richard Arkwright.

1779: Invenção da mule, por Samuel Crompton.

1785: Edmund Cartwright inventa o tear mecânico.

1850-1900: 2ª etapa da Revolução Industrial.

1900: 3ª etapa da Revolução Industrial.

Depois da máquina a vapor, vieram os teares elétricos.A indústria têxtil também foi pioneira em criação de dispositivos binários, através de cartões perfurados usados nos teares de Jacquard. Todos com a mesma estrutura inicial, e a mesma movimentação para que ocorra produção :

1º – A abertura da Cala;

2º – A inserção da trama;

3º A batida do pente.

Um dos teares mais modernos do séc XX foi produzido pela Toyota,antes Toyoda, inventado por Kichiro Toyoda em 1924. A Toyota Faz 70 anos em 2009.

Os teares elétricos produzem hoje até 1500 fios de trama por minuto, a velocidade deles é variável através de inversor, sua carreteira é idealizada para trabalhar com 24 carretéis, tem um sistema de lubrificação através de bomba mecânica e sua fonte de alimentação vai do motor monofásico, bifásico ao trifásico. As infinitas correias e roldanas que caracterizavam as oficinas de tecelagem do século XX foram a partir de 1920 substituídos por teares individuais movidos a motores elétricos. Os teares ficaram mais longos e largos buscando cada vez mais a elevação constante da velocidade na entrada do fio da trama. Ou seja, todos os teares são mecânicos, o que mudou, ao longo de sua história, foram o processos para se produzir mais rápido, aumentando assim a produção para os que estavam interessados em se aprimorar na técnica de tecer,porque a técnica sobreviveu.

BIBLIOGRAFIA:

ARRUDA, José, Jobson, de Andrade. HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA; Editora Ática, 12ª edição. São Paulo,1980.

FRIEDRICH, Engels; Mark,Karl.OBRAS ESCOLHIDAS 3.Editora Alfa- Omega, São Paulo.

GAMA, Ruy.HISTÓRIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA;EDUSP;São Pailo,1985.

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