Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Comentário: neste artigo Kunts mostra que o crescimento   do Brasil foi inferior ao crescimento de diversos paises latino-americanos ,  citando  ele a  Colômbia, Perú  , Chile, e Equador, assim como a inflação destes  paises  foi   menor  que  a do Brasil . Existe a possibilidade de pressão inflacionária  com desvalorização damoeda.   Mas FHC ( na realidade não ele  pois é  sociólogo datado , mas seus  economistas) desvalorizou o Real  em 99 ( teve que desvalorizar)  e não houve a volta da inflação, então não se sabe. O Brasil continua com suas barreiras à  competitividade: impostos em excesso, energia das mais  caras do mundo, falta  de  condições  de escoamento da produção( estradas, ferrovias), resultando em insignificante participação (  da manufatura) no comércio internacional  ( 5  toneladas de minério  compram um computador) . Destaca-se  ainda,  como barreira  à competitividade falta  de  educação em  todos os  níveis ,  do maternal ao  doutorado,  do pedreiro ao empresário.Tem muito PhD com primário  mal feito, e isto reflete no doutor  pelo resto da vida. Bom não  vou falar  em  Macunaíma, unanimidade como  herói  nacional

Vampirismo econômico

Autor(es): Rolf Kunts
O Estado de S. Paulo - 16/05/2012
 

 

Quatro países sul-americanos cresceram bem mais que o Brasil, no ano passado, com taxas de inflação muito menores. Resultados melhores que os brasileiros foram alcançados também por economias emergentes da Europa. No Brasil, empresários desconhecem ou menosprezam esses dados e se mostram dispostos, mais uma vez, a embarcar na aventura de "um pouco mais de inflação" para conseguir um pouco mais de crescimento - como se prosperidade e estabilidade fossem objetivos incompatíveis. Segundo um representante da indústria, o governo tem de bancar o risco inflacionário gerado pela alta do dólar para garantir mais atividade e preservar a produção nacional. Opiniões desse tipo têm aparecido com frequência e são um complemento previsível dos apelos por mais protecionismo e mais intervenções paternalistas (ou maternalistas) do governo. O filme é conhecido: a história inclui produtos vagabundos e caros para consumidores desprotegidos, inflação alta, desemprego estrutural e crises periódicas de balanço de pagamentos. A segurança criada pelas barreiras é tão enganadora quanto injusta.

Em 2011, a inflação média do Brasil chegou a 6,6%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 2,7%. Estes são os números de alguns latino-americanos administrados com maturidade: Colômbia, 3,4% de inflação e 5,9% de crescimento; Peru, 3,4% e 6,9%; Chile, 3,3% e 5,9%; Equador, 4,5% e 7,8%. Alguns europeus conseguiram, apesar da crise regional, combinar expansão e estabilidade: Polônia, 4,3% de inflação e 4,3% de aumento do PIB; Lituânia, 4,1% e 5,9%; Turquia, 6,5% e 8,5%.

A conversa sobre inflação intensificou-se nos últimos dias, quando o dólar passou de R$ 1,90 e rapidamente se aproximou de R$ 2,00. Alguns economistas logo chamaram a atenção para o possível efeito inflacionário do câmbio desvalorizado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou pouca ou nenhuma preocupação com esse risco e preferiu dar ênfase ao efeito benéfico da variação cambial. Dólar mais caro significa maior poder de competição para o produtor brasileiro. A discussão é um tanto vaga, neste momento, porque ninguém pode dizer com segurança como será o câmbio dentro de alguns meses, se a crise europeia amainar, os investidores se acalmarem e a procura de ativos em dólares ficar menos intensa. Falta saber, além disso, como estará a relação entre os juros brasileiros e os ganhos proporcionados por outras aplicações. Vários analistas mantêm a aposta numa acomodação do câmbio em cerca de R$ 1,85 por dólar.

Enquanto os especialistas tentam projetar a cotação da moeda americana, empresários festejam a depreciação do real, em coro com o ministro Mantega e sua chefe. Segundo o ministro, ele, "a torcida do Flamengo e a do Fluminense" estão satisfeitos com o câmbio atual. Além disso, a presidente Dilma Rousseff mostra-se preocupada com a competitividade da indústria, não com o dólar mais caro, acrescentou.

Mas a pressão inflacionária é apenas um dos possíveis efeitos indesejáveis da depreciação cambial. Pode-se atenuar esse efeito com a moderação do gasto público e uma gestão prudente do crédito. Surto inflacionário por causa do câmbio não é fatalidade, exceto em ambiente de tolerância. É o risco brasileiro.

A depreciação do real pode ser acompanhada também de efeitos perigosos na gestão da economia. Durante décadas, no Brasil, o câmbio desvalorizado serviu para disfarçar uma porção de ineficiências tanto das empresas quanto do ambiente econômico. As exportações avançavam muito devagar e o Brasil era insignificante no mercado internacional. Mas o câmbio depreciado funcionava como um energético, a indústria era protegida por enormes barreiras e os consumidores eram explorados sem perceber claramente a patifaria. O controle represava os preços internos e a indexação enganava assalariados e pequenos poupadores. Pouca gente contestava a aliança entre o governo voluntarista e balofo e os favoritos da corte.

Alguns itens desse roteiro talvez estejam descartados, mas o voluntarismo, o protecionismo, a ineficiência do governo, o intervencionismo e a engorda do setor público são cada vez mais sensíveis. Sem compromisso com a reforma do péssimo sistema tributário, o governo se limita a remendos. Sua incompetência gerencial se reflete na incapacidade de conduzir programas e projetos para o aumento da produtividade geral do País. De vez em quando, empresários cobram reformas relevantes. Mas brigam a maior parte do tempo pela redução dos juros e pela correção do câmbio, como se isso resolvesse os problemas de competitividade. Obviamente não resolve. Quanto ao voluntarismo, será bem-vindo enquanto resultar em domesticação do Banco Central, reserva de mercado e formas variadas de protecionismo. O passado, em alguns países, é tão difícil de enterrar quanto um vampiro

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Comentário de Sam de Mattos em 18 maio 2012 às 11:33

Fatastico ARTIGO  Edison. Fantastico repasse. Nao troco esse por 200 textos de "Calcinhas Perfumadas" e sobre "Aluguel de Sutians" vagabundos em frente de Penitenciarias...

Lamentavelmente vc tera poucos leitores. Para o Povao Narciso, o seu artigo sera "feio" (lembre-se, Narciso detesta o que nao e espelho), tera muito realidade para o gosto popular e mais - Nao podera ser lido por inabilidade de compreencao e discernumento popular: Somos semi-analfabetos funcionais. SdM

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