Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Verdadeira, falsa, cultivada - as joias de pérola

Objeto de luxo e status, as pérolas fizeram história no universo da joalheria - e voltam adornando pescoços no próximo verão, na onda The Great Gatsby.
 
A pintora Tamara de Lempicka com colar de pérolas verdadeiras: símbolo de luxo.
Este ano, o Victoria & Albert Museum, de Londres, vai exibir a exposição Pearls, sobre o uso desse nobre material de origem animal na joalheria. Desde a Antiguidade, passando pelo Império Romano, renascentistas, barrocos, rococós e contemporâneos de marcas como Bulgari, Tiffany & Co. e Cartier, a pérola é objeto de luxo e status no mercado de moda. Seu uso era aplicado em vestimentas, artefatos rituais e em joias. 
A forma esférica e a cor branca nacarada eram, nestes tempos anteriores ao mundo industrial, extremamente raras. Seu valor dependia de quanto maior e mais esférica fossem, mas isso era fator de pura sorte - eram extraídas diretamente da natureza.
Foi somente no começo do século XX que a pérola passou a responder a uma realidade industrial: em 1893 o japonês Kokichi Mikimoto (1858-1954) desenvolveu a cultura de pérolas em "fazendas". Isso fez com que a quantidade de pérolas "perfeitas" aumentasse no mercado, tornando-a mais barata. 
Foi no início do século XX que as pérolas entraram na realidade produtiva industrial, cultivadas em fazendas.
Aqui a gente abre parênteses: as pérolas não esféricas são chamadas barrocas, pois possuem reentrâncias e volumes incomuns e únicos, sendo, portanto, mais dramáticas e de difícil uso no processo criativo de joias. Mas por serem únicas, hoje são também muito valorizadas. Bem cotadas também são as pérolas em colorações diferenciadas do branco nacarado, há pérolas amarelas, rosas, azuladas e as raríssimas negras e douradas. 
Colar Frozen (2011), de Sam Tho Doung. Prata, nylon e pérolas de água doce - a pérola  se expande a novas possibilidades, como mostrado nessa pela em exposição no V&A.
O processo da pérola cultivada tem como base de seu método acelerar e otimizar o trabalho da ostra. Naturalmente, o animal se protege de pequenos corpos invasores que entram em sua concha cobrindo-o com nácar (carbonato de cálcio). Na cultivada, é colocado um agente irritante de forma artificial, controlando o processo. Depois, é feita a colheita. As ostras precisam de água limpa, quente e alimento em abundância para fazer todo esse processo de gerar a pérola. 
Hoje a Mikimoto ainda é uma das maiores produtoras de pérolas do mundo, e também é uma importante joalheria especializada em joias de pérola, com lojas ao redor do mundo em centros como Tóquio, Paris, Londres e Nova York. E o Japão ainda é um dos maiores produtores de pérolas cultivadas, mercado global que movimenta cerca de U$ 3 bilhões por ano. Japoneses, aliás, têm tradição no extrativismo de pérolas, sendo por muito tempo, naquela região, uma atividade feminina.
A joia de pérola, durante muito tempo, foi elitizada, uso quase exclusivo de famílias de nobres. No início do século 20, no entanto, temos o seu uso democratizado ao ser usada (em versão falsa) nos colares de voltas por Coco Chanel e de garotas 'coquetes' dos loucos anos 20. Designers de joias se apropriam de formas diferentes, como dá para ver na exposição do V&A - tirando o "peso" tradicional da gema e colocando-a num novo contexto: o industrial e democrático.
 
Coco Chanel democratizou muitas coisas na moda, inclusive as joias falsas, como colares de pérolas. Aqui, fotografada por Man Ray em 1932.

Com o remake do filme O Grande Gatsby (inspirado no homônimo livro de Scott Fitzgerald, de 1925, com versão anterior para o cinema de 1974 ) temos uma avalanche de referências da década que tornou a pérola (e suas irmãs falsas) célebre entre os mortais. 
 
O verão terá perfume de anos 20, com fios de pérola envolta de pescoços bronzeados.


Patricia Sant'Anna e Vivian Berto

 
Leia também: O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald
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