A ramulária é um dos maiores inimigos da produção de algodão. Na safra 2019/2020, o fungo causou um prejuízo de R$ 1,89 bilhões ao setor. Os impactos da doença na cotonicultura brasileira foram debatidos em um Dia de Campo Virtual, promovido nesta terça-feira (27) pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
O potencial de perda das lavouras de algodão em razão de doenças fungicidas é de 35%. As ameaças incluem o bicudo, com potencial de perda de 100%; o complexo de lagartas, com potencial de perda de 40 a 60%; e mosca branca, trips e pulgão, pragas que reduzem a qualidade da fibra em razão dos índices de pegajosidade.
Marcio Portocarrero, diretor-executivo da Abrapa, salientou que o controle de pragas, ervas daninhas e doenças representa 38% do custo de produção das lavouras. Na busca por soluções, o controle da ramulária é prioridade. "A perda média de produtividade é de 5,3%, isso inviabiliza totalmente o cultivo do algodão se não houver um controle efetivo da ramulária em todo o processo", disse Portocarrero. Na sua avaliação, o maior desafio dos cotonicultores é a eficiência, para fazer frente às ameaças naturais do clima tropical e oferecer um algodão de qualidade para o mundo todo.
Para isso, a Abrapa trabalha em parceria com a Embrapa Algodão no projeto Rede Ramulária. Integram a iniciativa o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e o Instituto Mato-grossense de Algodão (IMAmt), além de outras nove consultorias e instituições de pesquisa e 11 indústrias de defensivos. "A Rede surgiu da crescente importância da doença e o aumento significativo de danos e perdas, com resultados erráticos para controle, associados a distintas metodologias de análise dos produtos utilizados", informou Alderi Araújo, chefe geral da Embrapa Algodão.
O objetivo da Rede é unificar as ações voltadas ao controle químico da doença. O trabalho, desenvolvido há quatro anos, envolve ensaios em 12 municípios das principais regiões produtoras de algodão do País: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás. Já foram identificados produtos com mais de 80% de eficácia. "É fundamental que a gente continue a tipificação dos produtos com melhor performance. A disponibilização de moléculas é muito importante para o desempenho do controle da doença e para o manejo da mancha de ramulária", afirmou Araújo.
Carlos Goulart, diretor do departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), participou de um painel sobre medidas regulatórias e novas tecnologias e falou sobre o que a área de defesa agropecuária vem fazendo para contribuir com a cadeia produtiva do algodão. Entre as ações, citou a adoção de listas de priorização de produtos fitossanitários para registro, para que novas tecnologias sejam aprovadas tempestivamente. Atualmente, há três listas em vigor - todas contemplam a cotonicultura.
"Os problemas surgem e o Ministério da Agricultura precisa dar respostas ao produtor. Para a cultura do algodão, uma das questões é o controle químico", pontuou Goulart. Mencionou, ainda, o programa de incentivo à produção de bioinsumos. "Há uma série de processos regulatórios, tanto do Legislativo quanto do Executivo, tentando aperfeiçoar a capacidade do governo de ofertar tecnologias em tempo para o produtor", reiterou.
O debate também contou com a presença de Eric Hirata, gerente de Projetos da BASF, que apresentou tecnologias de combate à ramulária em fase de pesquisa. Entre as novidades está o Revysol, molécula registrada em 46 países (incluindo Estados Unidos e Austrália), que proporciona seletividade das culturas. "O ingrediente ativo é muito seletivo, não apresentando fitotoxidade ou injúrias nas culturas, tanto no campo quanto nas estufas", garantiu Hirata. O projeto foi submetido à aprovação do governo federal em 2016 e está em fase de avaliação pela Anvisa.
O presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, participou da abertura dos debates e destacou a parceria da Embrapa e do Ministério da Agricultura. "A ramulária é a principal doença que pode causar danos à cultura do algodão, mas temos várias ferramentas surgindo. A Embrapa tem feito um ótimo trabalho e também tem sido fundamental o apoio do Mapa, principalmente na busca de novos registros, para que a gente consiga combater esta doença", destacou.
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