LYON, França, -Para resistir à concorrência dos países emergentes e à erosão do setor têxtil francês, as tradicionais fábricas de seda de Lyon, famosas por sua técnica, orientam-se para o luxo extremo, trabalhando com grifes de mais alto prestígio. Seu fio é importado, atualmente, do Brasil e da China.
Com sede em Miribel, perto de Lyon (centro-leste), a empresa Proverbio dedica-se a enobrecer a seda, para melhorar ainda mais o tecido que conhecemos : leve, liso e brilhante. Para isso, extrai a sericina, a cola produzida pelo bicho da seda, para ligar os fios entre si, depois passa para a tintura e o preparo propriamente dito.
Criada há 90 anos, é uma das sobreviventes de uma indústria que chegou ao apogeu no século XIX, empregando milhares de pessoas.
Com o fio comprado da China ou do Brasil, Lyon conta, ainda, com cerca de 30 fábricas de tecidos. Após a crise de 2008, que afetou fortemente o setor têxtil francês, a seda lionesa conheceu um renascimento nos dois últimos anos, graças a uma sólida demanda do mercado do luxo.
Entre os cerca de 50 clientes da Proverbio estão as 'maisons' Chanel, Louis Vuitton e Hermès. Em 2010, para seu enobrecimento, foram investidos 15 % do total de negócios em pesquisa e desenvolvimento, além de terem sido recrutadas mais 11 pessoas, passando de 34 a 45 empregados.
"A seda é qualquer coisa de muito específico e as fábricas que conseguiram resistir estão bem", comenta Pierric Chalvin, delegado geral do Unitex, o sindicato regional do têxtil.
Quando a primeira-dama americana Laura Bush desejou renovar as cortinas de uma peça da Casa Branca, ela naturalmente dirigiu-se ao estabelecimento que as havia criado para a first Lady de então, Jackie Kennedy: a Casa Tassinari et Chatel, a mais antiga de Lyon.
Fundada em 1860, a Tassinari fornece tecidos para o Casteço de Versailles, casas reais e hotéis de luxo no mundo inteiro.
"Algumas encomendas de tecidos, feitos à mão, podem levar dois, três e até quatro anos para ficarem prontos, ao ritmo de alguns centímetros por dia", explica seu diretor industrial, Bertrand Desailly.
"Tecnicamente, o que fazemos poderia ser elaborado em outro lugar. Mas nossos produtos levam neles não apenas a técnica, mas também a História da França. E os que têm os meios não querem comprar na China", acrescentou.
Para o estilista Alexis Mabille, adepto da sede de Lyon, sua cidade de origem, a vontade de trabalhar de perto com os produtores da alta-costura é um elemento básico da sobrevivência das fábricas de tecidos lionesas.
"Trata-se de uma espécie de fidelidade que se pode ter no luxo. Isso permite exclusividade, ou quase isso. Se quisermos um padrão especial, mudar uma cor, fazer qualquer coisa de psicodélico em vez do clássico, pode-se consegui-lo", detalha.
O estilista de 33 anos se abastece, principalmente, na casa Sfate et Combier, que exporta tecidos de musselina de seda e de organza para mais de 50 países, e lança, anualmente, cerca de mil de tecidos com motivos fantasia.
"Na França, não sabemos fazer tecidos mais baratos. Somos impulsionados para o alto. Mas isso nos dá muitos trunfos: porque ao caminharmos mais nessa direção, menos limites terá nossa criatividade", analisa o presidente da Sfate et Combier, Philippe de Montgrand.
E como os os rolos de seda devem fazer idas e vindas entre o tecelão e o "finisseur" que enobrece o tecido, Bruno Proverbio, presidente da empresa familiar de mesmo nome, não acredita que as sedas lionesas sejam suplantadas pelos concorrentes de baixo preço dos países emergentes.
"Quando se fala de seda, fala-se forçosamente de História. Cabe a nós fazer com que não seja uma História poeirenta", conclui.
Fonte:http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2011/12/05/franca-a...|
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Entendo que o Brasil é um dos grandes na exportação de fio de Seda, embora eu desconheça seu potencial em tecidos com valor agregado.
gostaria de ver fazer esta seda deve ser muito interessante e trabalhosa, pois é um mercado de luxo quanto tempo deve durar essa cortina por exemplo.
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