Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

"Como o Vestuário Está em Processo de Substituição de Produção por Importados, a Indústria Têxtil só Diminui"

Apesar da estagnação da produção industrial em 2011, com crescimento de apenas 0,3% na comparação com 2010, o faturamento real das empresas industriais aumentou 5,1%, segundo dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No mesmo período, o Índice de Preços ao Produtor foi de 2,61%. Nem todos os setores conseguiram repetir essa performance, mas uma parte relevante, especialmente aqueles em que a demanda se manteve mais aquecida, encontrou um ambiente em que foi possível repassar o aumento de preços e ainda aumentar as vendas, como é o caso de outros equipamentos de transporte, que inclui motocicletas, e do setor de couro e calçados, apesar da produção física muito mais morna.

No último ano, os artigos de couro e os calçados tiveram forte alta de 17,9%, segundo o IPP, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento de custo, no entanto, não foi barreira para uma alta do faturamento real de 17,5%, segundo a CNI. Mas foram os produtos importados que tiraram proveito da demanda aquecida, já que a produção nacional recuou 10,4% em 2011, segundo o IBGE. "Nos segmentos em que a importação de produtos é relativamente fácil, é possível repassar preços mesmo com a produção reduzida", segundo José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, para quem a perda de competitividade do setor tornará difícil uma recuperação mais forte em 2012.

A mesma dinâmica se repete em outros produtos de transporte, que incluem motocicletas e aeronaves, por exemplo. Para Edgard Pereira, professor da Unicamp e sócio de uma consultoria que leva seu nome, a dinâmica entre aumento de preços de 6,8% e alta da produção de 8% em 2011, sempre na comparação com 2010, é indício de que uma boa parte do crescimento de 28,4% do faturamento se deu com vendas de produtos importados. "Se o custo de produção impõe que a alternativa para se manter no negócio é vender produtos industriais importados, o empresário faz o necessário para se manter na briga. E são setores em que foi possível repassar preços e aumentar o faturamento por causa da demanda ainda aquecida", disse Pereira.

Do outro lado, o setor de vestuário e acessórios é um exemplo de quem não conseguiu acompanhar integralmente o aumento do preço ao produtor, mas essa é uma realidade dos últimos anos, segundo o presidente do Sindivestuário, Ronald Moris. "Desde que os produtos chineses começaram a entrar com força no nosso mercado, há pelo menos dois anos, essa dificuldade foi agravada."

De acordo com o empresário, o setor de vestuário já encontrava dificuldades para repassar o preço dos insumos para o consumidor antes mesmo de as importações se tornarem o problema que são hoje. "O consumidor não conseguia pagar pela diferença de preço, por isso a indústria foi reduzindo a sua margem, mas o mínimo que conseguimos absorver ainda é caro, considerando a carga tributária brasileira, quando comparamos com o preço dos chineses", afirma Moris.

Em 2011, o faturamento do setor cresceu 2,9%, segundo a CNI, apesar de a sua produção física ter recuado 4,4% no mesmo período - o que corrobora a tese de que os importados estão substituindo o produto nacional. Ao mesmo tempo, o IPP para o setor cresceu mais que o faturamento (4,9%), o que explica a perda de margem apontada por Moris.

Em novembro, o empresário esteve entre os industriais que participaram de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na qual foram prometidas medidas para aquecimento do setor têxtil e de vestuário. À época, Moris saiu otimista, mas mudou sua opinião. "Nada aconteceu desde então. O cenário daqui para frente é o pior possível."

No setor têxtil a situação é mais difícil. A queda da produção foi de 14,9% na comparação com 2010 e o faturamento acompanhou esse cenário negativo, com recuo de 9,2% no ano passado, a maior queda entre todos os setores pesquisados pela CNI. A indústria têxtil sofre mais diretamente com a invasão de produtos finais, o que desestrutura a cadeia produtiva. "Como o vestuário está em processo de substituição de produção por importados, a indústria têxtil só diminui", afirmou Edgard Pereira.

Segmentos em que a elasticidade da demanda ao repasse de preços é menor também sofreram, caso de derivados do petróleo e biocombustíveis, em que o faturamento real caiu 0,9%, mas os preços ao produtor subiram 4,7%, principalmente por causa da variação do álcool no último ano, segundo Pereira.

Para Gonçalves, do Banco Fator, o comportamentos dos setores industriais continuará a ser desuniforme, com pressões derivadas de aumentos de insumos e mão de obra em alguns segmentos. "Como o câmbio terá no máximo efeito neutro e continuará a não ajudar, quem enfrentou problemas em 2011 dificilmente verá situação muito mais confortável em 2012", afirmou.

Fonte:|http://www.valor.com.br/impresso/brasil/importado-garante-alta-de-f...

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Acredito que os importadores de Confeccionados devam estar fazendo as análises de custo corretamente, pois uma importação legal arca com os mesmos impostos, embora tenha um custo de compra mais elevado, risco cambial, custo de internação e 65 dias somente de transporte.

Olhando pelo lado de uma importação "comum" você esta correto, porém há alguns outros fatores conhecidos ou duvidosos; Comprar bem de um parceiro internacional = custo + qualidade + atratividade e pagar realmente todas as despesas de uma importação legal, agora - Penso eu que, algumas importações devem ter tramites diferentes em algum lugar , pois não seria possível ser tão bom assim. (aqui ou lá).

Estamos utilizando esses preciosos dados para justificar e enaltecer os nossos resultados de 2011, superar todas as barreiras "normais e anormais"  dos importados na industria de confecção foi um trabalho de superação de toda equipe de criação e comercialização, pois é extremente desleal e injusta a concorrência que enfrentamos nos últimos dois anos.

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