RIO - O cabelo armado de Margaret Thatcher, as camisas étnicas de Evo Morales e as roupas (agora) sempre pretas de Cristina Kirchner. Política e moda podem parecer dois campos muito distantes para alguns, mas ao longo da História o poder se apropriou da imagem para se diferenciar e transmitir mensagens. Em seu livro "Política e Moda", recentemente lançado na Espanha, a jornalista Patrycia Centeno - especialista tanto em política quanto em moda - conta como os líderes mundiais usam a forma de se vestir para se comunicar com seu povo e revela: os políticos das Américas sabem jogar com a imagem muito melhor que os europeus.
- A moda é uma linguagem, e a política é comunicação. Atualmente, porém, a moda se tornou muito trivial, superficial e os políticos fingem que não cuidam de suas imagens, como se fosse algo que devessem se envergonhar - explicou Patrycia ao GLOBO. - Nos EUA e na América do Sul, esse aspecto já evoluiu, mas na Europa ainda há muito receio.
Entre alguns dos segredos revelados no livro de Patrycia, estão a superstição do ex-premier italiano Silvio Berlusconi por gravatas com estampas lunares e a existência de uma equipe só para cuidar da roupa do britânico David Cameron em suas aparições públicas. O conservador tem um funcionário só para ajeitar suas gravatas, sempre impecáveis e azuis (a cor do seu partido).
E, se alguns resistem em assumir a preocupação com o look, outros parecem tratar o assunto com mais naturalidade. Evo Morales e Hugo Chávez são dois exemplos de como transmitir uma mensagem através da roupa, contou a jornalista espanhola. Chávez está sempre com uma camisa de mangas compridas vermelhas, cor da força e da revolução. A roupa se tornou uma marca do líder venezuelano e um forma de aproximá-lo de seu povo. Algo que o presidente boliviano também faz com seus trajes indígenas. As escolhas de estilo de Morales, no entanto, já lhe custaram críticas no exterior.
- Uma vez, Morales veio à Espanha e se reuniu com Zapatero (ex-chefe do governo espanhol) e com o rei Juan Carlos. No encontro, ele usava roupas étnicas, o que foi visto pela imprensa espanhola como uma afronta. Só pela roupa ficou muito clara sua mensagem, a de que a Bolívia já não é mais submissa aos espanhóis e, por isso, ele pode se vestir da forma que bem quiser - conta Patrycia.
Para as mulheres, a dificuldade é ainda maior
A política, tradicionalmente um ambiente masculino, se vê cada vez mais invadida por figuras femininas. Sem muita saída, as mulheres veem apenas duas opções no armário, segundo a escritora: masculinizar o visual ou assumir o lado feminino. Para a jornalista espanhola, quem melhor explorou sua beleza foi a socialista e ex-candidata à Presidência francesa Segolène Royal.
- Há um antes e depois de Segolène. Ela nunca escondeu sua beleza e não renunciou à maquiagem, nem às cores - explica Patrycia. - Claro que há outros casos também, como Cristina Kirchner e Condoleeza Rice, mas ainda sim elas são figuras mais agressivas.
Optar pelo lado feminino não é, sem dúvida, a direção seguida pela chanceler federal alemã, Angela Merkel, mas não foi por falta de tentativa. Líder mais poderosa da Europa e sempre rodeada de homens, Merkel tentou no início de seu mandato suavizar a imagem com toques de mulherzinha, mas a imprensa caiu em cima e houve uma enxurrada de críticas. Hoje, a chanceler é sempre vista com seu conjunto de casaco e calça em cores sóbrias.
- Aquele casaco de três botões da Angela Merkel se tornou uma marca sua, poderíamos apelidar o modelo de jaqueta Merkel que todos saberiam do que se trata. As únicas concessões que ela já fez são em relação à cor, mas agora em tempos de crises, ela tem evitado a ousadia e usado no máximo tons de roxo - analisa a jornalista.
Moda e política podem, sim, parecer campos diferentes, mas não há como negar a importância da imagem na vida pública, e o dilema do que vestir não é exclusividade dos reles mortais. Assim como nas passarelas, no entanto, líderes também devem se preocupar com os excessos. Segundo a especialista espanhola, não há regras gerais de vestimenta, mas tem um erro que todos os políticos devem evitar: a ostentação.
- Uma coisa é certa que nenhum político deve ostentar dinheiro, independente que estejamos em tempos de crise ou não. Sarkozy, por exemplo, já foi muito criticado por isso, por aparecer com relógios caros.
Fonte:|http://br.noticias.yahoo.com/pol%C3%ADtica-moda-rela%C3%A7%C3%A3o-a...
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