Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

CELSO MING - O Estado de S.Paulo

Dá para entender a impaciência dos dirigentes da indústria com as soluções tipo "meia-boca" apresentadas pelo governo, destinadas a conter o esvaziamento do setor. Mas eles também são responsáveis por essa mediocridade de políticas. Aceitam e aplaudem esse jogo.

Esses dirigentes criticam todos os dias o tratamento à base de cosméticos proporcionados pelo governo, mas, quando vêm, as acabam aceitando sob o argumento de que, afinal, é melhor isso do que nada.

Os dirigentes da indústria têxtil, por exemplo, aplaudiram a desoneração das contribuições sociais. E, semanas depois, reclamaram de que foi pouco. Agora cobram contribuições extras dos seus associados, de R$ 600 milhões neste ano, declaradamente para financiar consultorias e iniciativas de defesa comercial. Sabem que nada disso melhorará sua competitividade perdedora nem acrescentará um dólar sequer nas exportações. No entanto, insistem nessas iniciativas, que dão impressão de que "estão fazendo alguma coisa". Não centralizam esforços no que poderia melhorar de fato suas condições de negócio: reforma tributária; investimento em infraestrutura; derrubada de custos financeiros.

Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, avisou que a renegociação das concessões das hidrelétricas, que estão para vencer, não contribuirá para baratear a tarifa - a quarta mais cara do mundo. Surpreendentemente, nenhum dirigente industrial mostra indignação contra essa passividade.

Toda a chamada política industrial está funcionando à base de improvisações, paliativos e "cala-bocas", em geral distribuídos para quem grita mais alto. Nada vem que, de fato, enfrente o problema principal: incapacidade da indústria brasileira de tirar proveito de um mercado consumidor interno que cresce quase o dobro do PIB, num ambiente inédito de pleno emprego e abundância nunca vista de crédito externo a juros rastejantes.

O governo alardeia que passou a exigir conteúdo nacional nos fornecimentos da Petrobrás, política que deveria priorizar interesses dos produtores. No entanto, o mesmo governo impõe política de preços dos combustíveis às custas do caixa da Petrobrás que, de cambulhada, também arrebenta o setor do etanol, até há pouco entendido como altamente competitivo.

A indústria acha que sabe fazer lobby e pressionar o governo, mas se limita quase sempre a pedir mais câmbio e mais isenções tributárias, mesmo sabendo que não há condições práticas de que o governo possa ir fundo nessas concessões.

A que câmbio, por exemplo, a indústria recobraria sua competitividade? O ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, tem opinião formada sobre isso. Ele diz que, "no atual estado da arte", abaixo de R$ 2,50 por dólar não se garante futuro para a indústria. E, no entanto, um câmbio à altura dos R$ 1,90 já parece impraticável para a economia do Brasil. Não é por faltar câmbio que o moderno grupo Coteminas está fechando fábricas no Nordeste.

Se pressões por mais câmbio não têm futuro, então é preciso voltar ao ataque às questões de fundo, que constituem o chamado custo Brasil. Mas o empresário prefere aplicações de doses de morfina a enfrentar o doloroso processo da quimioterapia que salvaria seu negócio.

Fonte:|http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pedi-e-nao-recebereis-,...

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Celso Ming matou a pau.

O governo tem se movido na base do engodo, da enganação, da promessa não cumprida, de "soluções meia-boca", improvisos e "cala-bocas", no "phode" fazer isso, "phode" fazer aquilo, mas o pior de tudo é: O SETOR INDUSTRIAL ACEITA TUDO, IMÓVEL!!! FALA, RECLAMA, RESMUNGA, MAS NÃO AGE. NÃO TIRA O TRASEIRO DA CADEIRA!

Quando vejo discussões do tipo "vai cobrar 1,5% ou 0,8%", fico pasmo, afinal, o que vai resolver a diferença de 0,7% para o setor industrial? NADA, ABSOLUTAMENTE NADA!!! NÃO PASSA DE CONVERSA DE IDIOTAS!

Os maiores problemas são do Brasil mesmo??? Sim, são nossos!

Cadê a reforma tributária, prometida e necessária há tantos anos? Fazem vista grossa!

Reforma trabalhista? Não querem nem ouvir falar.

Infra-estrutura? Esqueçam.

Eficiência dos gastos do governo??? Deixa para o próximo governo.

Aumenta a arrecadação, aumentam ainda mais os gastos do governo... e os problemas vão sendo empurrados com a barriga.

Os últimos dias têm mostrado Dona Dilma totalmente sitiada pelos vorazes devoradores de verbas públicas. As piranhas famintas e inescrupulosas da nação. Aqueles que são movidos não por ideologia ou pelo bem coletivo, mas pela ânsia da caneta. "Ou enche minhas burras, ou viro oposição!", dizem tais hipócritas. A mudança de oposição para situação ou vice-versa, é simples para quem tem uma só ideologia: "Tenho que fazer o meu pé de meia. Dane-se o povo". É o POVO representado (???) pelo POLVO! Polvo com seus tentáculos sugadores.

E quem tenta produzir ou construir algo, sofre.

Devo fazer só um aparte: A guerra cambial não é somente problema do Brasil, é sacanagem instituída por quem pode imprimir dólares e euros, porque também são ineficientes e descontrolados em seus gastos públicos e têm utilizado dessa prerrogativa nefasta para forçarem a desvalorização de suas moedas em busca da competitividade que perderam há tempos.

Mas deveríamos utilizar esse avanço dos últimos anos para melhorar a eficiência, reduzir a dívida pública e com isso reduzir as mais altas taxas de juros do planeta. Não fizemos e não faremos.

Com juros de enrubescer agiotas, atraímos todo esse tsunami monetário. Azar o nosso.

2012 entrou mostrando aquilo que estamos cansado de defender nesse fórum: Sem indústria é desgraça anunciada!

Querem pagar pra ver??? Que paguem!

Só não terão direito de dizer que ninguém alertou.

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