Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Senai levanta medidas de 10 mil brasileiros, e roupas poderão ter padrões regionais e nacional já em 2014

Scanner humano colhe medidas do corpo de voluntarios para ajudar a industria a fazer produtos mais adequados ao consumidor. (Leo Martins / Agencia O Globo)

RIO — Ao perguntar a um brasileiro que tamanho ele veste, a resposta, invariavelmente, é depende. Isso porque a falta de padrão da indústria nacional faz com que uma mesma pessoa possa ir do tamanho P ao G, do 38 ao 42, segundo a marca. É um problema que pode estar com os dias contados. Um estudo antropométrico inédito no Brasil é desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil — Senai-Cetiq do Rio, com a ajuda de um aparelho chamado scanner humano, já utilizado pelas indústrias americanas e europeias. Já foram mapeadas as medidas de 6,5 mil brasileiros de todas as regiões do país.

O estudo deve ser concluído até julho do ano que vem, e os dados vão gerar tabelas de medida padrão regionais e nacionais. Um investimento de R$ 5 milhões, em recursos próprios do Senai-Cetiq, que criará referências para a indústria aprimorar a precisão das numerações de suas confecções.

— Ainda resta colher as medidas de 3,5 mil pessoas para concluirmos o estudo, sermos creditados e acreditados nacional e internacionalmente. Mas a tabela da região Sudeste já ficará pronta no primeiro semestre deste ano —antecipa Flávio Sabrá, gerente de Inovação, Estudos e Pesquisas do Senai-Cetiq e coordenador do projeto.

A falta de padrão ou de um levantamento antropométrico — técnica científica de mensuração do corpo ou de suas partes — motivou até um documentário: “Fora do figurino — As medidas do jeitinho brasileiro”, do diretor Paulo Pélico, realizado entre 2007 e 2012, e que estreou na última sexta-feira nas cidades de Rio, São Paulo e Brasília.

É que hoje, apesar de haver referenciais estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a moda infantil e masculina, a maioria dos fabricantes ainda usa medidas estrangeiras para fabricar roupas, calçados e móveis. Segundo Marcos Fernandes Gonçalves, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, a prática se repete desde meados do século XX, quando o poder de compra da população estava nas mãos de brasileiros com ascendência europeia.

O documentário mostra ainda que o problema aflige do homem urbano ao índio, da dona de casa às apresentadoras de TV pela perda de tempo e dinheiro, além de inibir compras pela internet. A falta de regulamentação ainda possibilita que o mercado lance mão de alguns truques, alerta Ariel Vicentini, coordenador de Tecnologia do Senai-Cetiq:

— Há marcas que usam uma modelagem maior, mas vendem como um número menor, para que o cliente se sinta psicologicamente magro.
Apesar de o estudo antropométrico ser referência para indústrias no mundo inteiro, no Brasil, o tema ainda é polêmico. O presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), Roberto Chadad, por exemplo, defende a manutenção dos padrões referendados pela ABNT.

— O estudo do Senai-Cetiq nos servirá apenas para conferência. Quem merece crédito são os varejistas. Eles têm melhor conhecimento do corpo do brasileiro que vestem. Há 16 anos discutimos esse tema com a ABNT. Esse levantamento contou com a participação de dois mil modelistas — destaca o presidente da Abravest.

Padrão para Calçado na segunda fase do estudo

De acordo com a superintendente do Comitê Brasileiro de Normalização Têxtil e do Vestuário da ABNT, Maria Adelina Pereira, os padrões infantil e masculino foram estabelecidos num consenso, a partir das tabelas de medidas usadas pelas empresas, numa espécie de média. Ambas as normatizações são de adesão voluntária. Chadad antecipa que até o fim deste ano a ABNT finalizará as medidas para a confecção feminina, que corresponde a 60% do mercado.

Alheio a polêmicas, o Senai-Cetiq comprou mais dois scanners humanos, investimento de R$ 160 mil, e outros dois específicos para captar com precisão as medidas dos membros superiores, inferiores e extremidades do corpo, que serão usados, numa segunda fase do projeto, para gerar medidas para a indústria calçadista e de equipamentos de proteção (como luvas e capacetes).

Saiba como funciona o mapeamento

Hábitos: O voluntário, entre 18 e 65 anos, responde a questionário sobre hábitos de consumo

Cabine: Usando uma lingerie especial, feita de malha e poliéster, o voluntário se posiciona na cabine, onde, por incidência de luzes brancas, por 60 segundos, são mapeadas 100 medidas de seu corpo. As informações são enviadas a um computador, que cria uma imagem tridimensional

Fita métrica: O voluntário ainda tem 21 medidas colhidas com uso de fita métrica por um técnico

Tabelas: Os dados resultarão em tabelas com medidas padrão nacionais e regionais para homens e mulheres adultos.

Fonte:|http://sis.sebrae-sc.com.br/sis/setor/noticia/visualizar?idNoticia=...

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Respostas a este tópico

Feito histórico, e louvável!! Padronizar uma tabela referencial de medidas é um passo inenarrável na história confeccionista. Eu e todos os modelistas certamente agradecem!

Quero estar enganado: Será um caos qq mudança!

Imaginem a região sul vendendo para o nordeste e norte do brasil a sua referência do corpo humano.

Os compradores vão enlouquecer tentando acertar as grades de tamanhos (muito saldo)... penso que seria melhor deixar com estar, pois não há como  ordenar o CAOS.

Mauro a intenção é criar uma tabela que seja mais adequada aos brasileiros, sendo a mesma disponivel para todos, então se uma dada empresa deseja fabricar roupas para o nordeste e ela se localiza no sul, isso não será mais um problema e sim uma nova solução, pois ela fará seus tamanhos com base na tabela da região nordeste. Isso facilitará e muito a vida dos consumidores, sendo você, eu e todos os brasileiros. Mesmo sabendo das dificuldades de implementação de normas, isso se torna uma medida que vai continuar a depender de cada fabricante, mas eu vejo sim um grande saldo positivo e espero que todos vejamos isso como uma inovação totalmente positiva, pois depende de nós, atuantes da industria têxtil, para fazer qualquer coisa funcionar dentro da mesma, seja na questão dos tamanhos ou em qualquer outra, devemos vencer as dificuldades e acreditar nas inovações.

Estimado AIMÊ,

Compreendo perfeitamente o seu ponto de vista;é de fato muito racional!

Sinceramente não vejo como se transformar em realidade essa matéria de altíssima complexidade

num meio de baixíssima capacidade de adequação normativa. Veja a situação das normas que tratam

da obrigatoriedade de se indicar as composições têxteis nas confecções e assemelhados: Já são 40 anos...

e o que se vê é um festival de irregularidades que alimentam fartamente os cofres dos órgãos fiscalizadores.

Disse que queria estar enganado, mas penso que posso estar certo!

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