Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Seguindo tendência internacional, coleções vão desembarcar na passarela paulistana com menos conceito e mais cara de guarda-roupa.

Modelos apresentam criações da casa de moda Saint Laurent durante a Semana de Moda de Paris

Modelos apresentam criações da casa de moda Saint Laurent durante a Semana de Moda de Paris  (Ian Langsdon/EFE)

Desfiles de moda costumavam ser um espetáculo conceitual de roupas, acessórios e maquiagens que apenas figuras como a cantora Lady Gaga poderiam usar fora da passarela. Mas esse tipo de show é passado. A edição Primavera-Verão da São Paulo Fashion Week (SPFW) que tem início nesta segunda, no parque Ibirapuera, promete colocar uma pá de cal nesse estilo, que vinha sendo substituído aos poucos por outros mais mastigadinhos, nos quais importam menos o conceito do que a usabilidade, por assim dizer, do figurino. A tendência, mais uma vez, vem de fora. Desde 2010, é notável que grandes marcas como Dior, Louis Vuitton e Elie Saab passaram a apresentar desfiles autoexplicativos, com peças mais próximas do consumidor final, mas sem perder o espetáculo e o brilho que uma semana de moda exige. Exceto por alguns grandes estilistas, apontados como gênios da costura, os exageros artísticos ficaram de lado.

"Antes, o estilista apresentava na passarela o conceito, o espetáculo, o seu cartão de visita. Cabia ao consumidor ter aquilo como referência de tecidos, de cores e de texturas na hora de ir à loja comprar uma peça de roupa", diz Lazaro Eli, coordenador do curso de moda no Centro Universitário Senac em São Paulo. "Hoje, o consumidor não se interessa pelo figurino espetacular, ele quer algo mais prático, não quer ter de traduzir o pensamento criativo do estilista." Em tempos de crise econômica como o atual, moda de qualidade oferecida de um jeito direto, e a preços acessíveis, pode ser uma solução para grifes e lojas. Prova disso é o crescimento da chamada fast fashion, produção de massa oferecida por cadeias como a C&A e a Marisa, que investem em coleções pequenas, previstas para durar menos que os seis meses habituais de uma coleção de moda, e, de vez em quando, imprimem o nome de um grande estilista ou uma grande modelo nas etiquetas para robustecer as vendas -- a C&A já fez várias parcerias do tipo com a top Gisele Bündchen. Foi de olho no bom desempenho comercial de redes assim que as grifes passaram a se adaptar.

No Brasil, outro fator que colaborou para a consolidação da coleção mastigadinha na passarela foi a competição enfrentada pela moda brasileira contra as marcas estrangeiras, que passaram a investir com mais agressividade no país, ao mesmo tempo em que o brasileiro se tornou um turista ávido, que consome fora de suas fronteiras e por tabela adquire menos o produto nacional.

Fator econômico – A crise também faz dos grandes desfiles um luxo difícil de sustentar, com muito investimento para pouco retorno. "Um desfile é muito caro. A moda se renova rápido, a cada seis meses um estilista deve criar uma coleção, vestir cinqüenta modelos com roupas quase cenográficas, convidar os melhores profissionais de beleza, um bom cenografista e um DJ. Tudo isso tem um custo exorbitante", diz Lazaro Eli.

O valor depende do tamanho da produção, mas um desfile pode custar de 200 000 a 600 000 reais. Quando as roupas apresentadas são diferentes das que vão para as lojas, o estilista ainda tem de preparar uma segunda coleção, aquela que realmente será vendida. São dois investimentos, portanto.

A autora do livro Moda e Arte – Releitura no Processo da Criação, Dinah Bueno Pezzolo, diz que rua e passarela não são e nunca deveriam ser a mesma coisa, mas entende que a economia fala mais alto que o idealismo. “Faturar é o objetivo principal e, em tempos de crise, o desfile que demanda e demonstra pesquisa, conhecimento da história da moda, de fatos políticos, sociais e artísticos, coisas capazes de influenciar criações, fica em segundo plano”, afirma Dinah, para em seguida alfinetar. “Tenho a impressão de que a maioria dos estilistas brasileiros se preocupa demais em apresentar um espetáculo na passarela, com muito oba-oba, mas pouco conteúdo. É evidente que há exceções. Se só as exceções apresentassem suas ideias, o nível do evento se elevaria e não precisaria ocupar uma semana toda no calendário; em três ou quatro dias, poderíamos ver o melhor reunido.”

Luxo do dia a dia – Mesmo que o desfile-espetáculo tenha perdido o apelo de vez, se adaptar ao "pronto para vestir" e manter o glamour sem desvalorizar o produto ainda é um desafio para os criadores das semanas de moda. Eduardo Pombal, estilista da Tufi Duek, lembra que é preciso ter cuidado com a imagem da marca. "Campanhas realizadas com profissionais respeitados no mercado e pontos de vendas selecionados são alguns dos esforços para manter a marca em alta. Nosso produto é feito com matérias nobres, primamos pela modelagem, pelo acabamento e pela construção das peças", diz o estilista, que apresentar a sua nova coleção nesta segunda-feira, dia 18, no SPFW.

Para Alberto Hiar, fundador e diretor de criação da Cavalera, que também desfila nesta segunda-feira, com ou sem camada conceitual o desfile precisa ter peças com ligação direta com o DNA da marca, capazes de incutir no consumidor o desejo de ter o produto. "Se não há desejo, não há consumo. O nosso desafio, atualmente, é traduzir a personalidade da marca em roupas usáveis e desejáveis", explica Hiar. "O acessível, o desejável, não precisa ter menos qualidade ou personalidade." Para esta edição do SPFW, Hiar adianta que a Cavalera vai apresentar uma coleção com perfume dos anos 1970, feita das suas já conhecidas estampas, que flertam com o rock e o pop, e de tecidos reciclados e tecnológicos.

SPFW – A semana de moda brasileira, que começa nesta segunda e vai até sexta-feira, se tornou a vitrine mais importante da produção nacional. Nesta edição, será apresentada a coleção de verão 2013/2014. No line-up, estão 25 marcas nacionais, divididas entre cinco dias de desfiles.

Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/na-passarela-moda-mas...

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Respostas a este tópico

Luxo do dia a dia – Mesmo que o desfile-espetáculo tenha perdido o apelo de vez, se adaptar ao "pronto para vestir" e manter o glamour sem desvalorizar o produto ainda é um desafio para os criadores das semanas de moda.

Dinah Bueno Pezzolo- “Tenho a impressão de que a maioria dos estilistas brasileiros se preocupa demais em apresentar um espetáculo na passarela, com muito oba-oba, mas pouco conteúdo.

os modelistas agradecem... muita inspirativa para pouca acabativa

Muito foco na criação e pouco na técnica! A Modelagem pode e deve ser criativa.

Alberto Hiar, fundador e diretor de criação da Cavalera. "Se não há desejo, não há consumo. O nosso desafio, atualmente, é traduzir a personalidade da marca em roupas usáveis e desejáveis".

  Os desfiles de modas no Brasil deveriam ser mais simples, acessível a população que poderiam comprar as peças nas lojas especializadas.

 Paulo Borges- Nada foi mudado para que a nossa moda se tornasse competitiva. A nossa moda é cara, o nosso produto é caro, ele ainda é restrito a matéria-prima e inovação de ponta, porque o Brasil não desenvolveu um plano de economia, um plano de desenvolvimento industrial, pensando em criatividade.

 Na moda" mastigadinha"importam menos o conceito do que a usabilidade, por assim dizer, do figurino.

      O consumidor não se interessa pelo figurino espetacular, ele quer algo mais prático, roupas usáveis e desejáveis,não precisa ter menos qualidade ou personalidade.

   Os exageros artísticos ficaram de lado, importam menos o conceito do que a usabilidade.

    Será que essa moda irá pegar?

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