Os chineses estão de olho no crescimento do comércio popular no Brasil. A maioria dos produtores de roupas brasileiros reclama dessa concorrência.
Quem vê o burburinho nas lojas do Brás e do Bom Retiro, importantes centros de compras de São Paulo, não diz que os fabricantes de roupa estão em crise. É que o comércio vai bem, mas boa parte do que é vendido aqui veio de fora, principalmente da China.
“O preço é uma coisa muito difícil de você brigar”, admite o gerente comercial Nelson Tranquez.
A China ainda quer aumentar suas vendas de roupas e tecidos para o Brasil e organizou uma feira em São Paulo para conquistar mais compradores. A indústria e os trabalhadores brasileiros protestaram. Segundo o IBGE, o setor têxtil e de vestuário já demitiu 55 mil empregados nos primeiros nove meses do ano.
“Se nada for feito, nós teremos mais e mais deterioração do nível de emprego e do nível de empresas do nosso país”, afirma Fernando Valente Pimentel, diretor superintendente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção).
Mas tem um segmento que ainda não tomou conhecimento da má fase da indústria: o da moda jeans.
A confecção do tecido sustenta uma cidade inteira no interior de Pernambuco. Toritama tem 35 mil habitantes e mais de mais de 2.200 indústrias do ramo.
No Brasil inteiro, a produção de peças em jeans aumentou 27% de 2008 a 2012. No mesmo período, a fabricação de outros artigos de vestuário cresceu pouco mais de 4%.
A explicação começa com a matéria-prima. O jeans é feito a partir do algodão e o Brasil é um dos cinco maiores produtores mundiais da commodity. Já os produtos chineses usam tecidos sintéticos.
“São produtos derivados da petroquímica e esses produtos têm um custo muito menor nos países asiáticos”, avalia Marcelo Prado, diretor do Instituto Estudos em Marketing Industrial.
O jeans, básico mesmo, ainda vende bastante. Mas hoje em dia não adianta ter só ele nas prateleiras. As lojas querem lavagens, cores e modelos diferentes. E é aí que o fabricante nacional diz que ganha o jogo. Ele consegue entrar na moda bem mais rapidamente que os chineses.
“O que vem de lá, de modo geral, vem produtos mais básicos. E o nosso lado é tentar forçar na segmentação e trabalhar cada tipo de mercado, cada segmento de mercado, trabalhar diferente”, explica Nelson Tranquez.
Este ano a indústria de jeans deve crescer 13,5%. Já o setor de vestuário em geral deve ter uma queda de 0,8% na produção.
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/10/em-crescimento-i...