Mesmo com advento da indústria têxtil e padronização no tamanho das peças, alfaiatarias e ateliês sobrevivem. Exclusividade das peças e caimento perfeito são alguns fatores positivos desse tipo de produção.
Após a criação do tamanho único, algumas pessoas começaram a procurar os alfaiates e ateliês como última saída para seus problemas com o vestuário. Apesar de a indústria de roupas ter tomado muito desse espaço, as alfaiatarias masculinas ainda sobrevivem e os ateliês ainda têm sua demanda em alta. O preço é diferenciado e maior quando se trata de roupas sob medida, quem compra e quem produz as peças garante, o custo beneficio é bom, algo a se levar em consideração na hora de optar por esse serviço.
Os trabalhos em alfaiatarias e ateliês garantem ao cliente durabilidade alta, proporções e caimento ideais a cada tipo de corpo, escolha do cliente pelo modelo desejado, cores e texturas a mais, além do principal, a exclusividade, você não vai correr o risco de esbarrar em alguém com a mesma peça em nenhum lugar.
Alfaiataria
De acordo com Mauro Pacheco, proprietário da Alfaiataria Pacheco, a loja teve que se adequar. No mercado há 77 anos, hoje o lugar não só confecciona roupas exclusivas como também vende marcas industrializadas de qualidade. "A indústria de roupas veio para liquidar com a alfaiataria, tendo em vista que 80% dos homens têm sim proporções boas, ou seja, é aquele que se adapta bem a essas roupas de formato industrial, produzidas em alta escala", diz. No entanto, ele ressalta que aqueles homens que são magros, gordinhos, baixinhos ou altos demais, um pouco desproporcionais, casam literalmente com o alfaiate se quiserem se vestir bem.
O alfaiate explica que uma boa indústria de roupas masculinas produz no mínimo roupas limitadas a tamanhos médio, longo e curto, mas não aquelas que caem perfeitamente em alguns biotipos como pessoas muito baixas, fabricam uma linha clássica apenas. Já quem opta pelo alfaiate pode ter, segundo Mauro, mais variedades de cores e tipos de tecidos, além de modelos nacionais e internacionais. "Infelizmente o preço para ter essas peças não é muito acessível, a roupa de alfaiataria chega a ser até 50% mais cara que as roupas de lojas, a não serem as de grifes internacionais, enfim", ressalta. Para ele, a explicação nessa enorme distinção de valores está na quantidade que a indústria consegue produzir. Enquanto em sua loja são produzidas meia dúzia de roupas, na indústria são feitas mil peças, é uma diferença exorbitante.
Melhor opção
para cada biotipo
Achar a roupa ideal em lojas convencionais para o advogado Alexandre Abreu não é uma tarefa fácil, por esse motivo, há cerca de três anos ele opta pelas camisas e ternos de alfaiataria. Ele diz que, além do caimento perfeito, a variedade de tecidos e cores é outro atrativo, que tem mais diversidades que as roupas de lojas masculinas convencionais. "As peças têm um ajuste melhor ao corpo, a modelagem é mais adequada, não fica sobrando roupa. Além disso, o acabamento é perfeito, uso apenas ternos e camisas sob medida. O preço realmente é um pouco maior, no entanto o custo benefício das peças faz valer a pena pagar mais", esclarece o advogado. Ele diz que em alguns casos o valor pode se assemelhar às lojas de grife e com renome, mas ainda tem o benefício de o alfaiate ir até ele, no escritório ou em casa, o que o faz poupar tempo e ganhar mais no quesito conforto.
A profissão
alfaiate
Encontrar mão de obra qualificada não é uma tarefa fácil, de acordo com Mauro. Ele explica que, com o déficit do mercado, a profissão quase se extinguiu, apesar de todo o glamour que norteia o alfaiate, a falta de condição de trabalho complicou a vida desses profissionais. "Quando encontramos alguém para trabalhar, precisamos segurar e pagar bem porque é difícil. Nas décadas de 70 e 60 tínhamos em torno de 25 profissionais costurando na alfaiataria, hoje, temos apenas quatro, isso mostra o quanto perdemos mercado", esclarece. Mauro cita que, por conta da tradição da alfaiataria Pacheco, eles ainda não fecharam as portas. Pelo lugar já passaram clientes importantes, como governadores, desembargadores e senadores.
Ateliê
Os ateliês, diferente das alfaiatarias, ainda estão em alta segundo a consultora de estilo e imagem Maria Júlia Costa, no entanto o que pode afastar algumas pessoas desse mercado não é apenas os preços que são realmente maiores, como no caso das alfaiatarias, mas sim o quesito tempo. "Para você fazer uma roupa sob medida é preciso ter tempo, para ir ao ateliê ver tecido, modelo, tirar medidas, além das provas, a roupa pode precisar de ajustes. Isso pode sim afastar algumas pessoas que não têm todo esse tempo disponível", explica.
As vantagens, no entanto são inúmeras, além do caimento ideal da peça no corpo do cliente, a pessoa escolhe a roupa a ser feita, daquela atriz famosa da TV, ou até mesmo a peça idealizada em sua imaginação e concretizada na mão do profissional do ateliê. "A peça sob medida valoriza mais o corpo da pessoa, as compradas diretamente da loja são aquilo que o estilista da marca fez, produzido em grande quantidade e ponto, não tem muita escolha", relata Maria Júlia. Para a consultora, o preço das peças é justificado pela exclusividade das roupas, os tecidos usados, o tempo e a mão de obra dos profissionais.
Tamanho
único
Algo que só valoriza homens e mulheres magros, essa é a classificação dada às roupas de tamanho único por Maria Júlia. "O comércio a indústria visam a venda, então por esse motivo criaram o tamanho único, no entanto alguns biotipos acabam não sendo atingidos por esse mercado, o que não acho positivo. As pessoas devem tomar cuidado ao adquirirem essas peças, elas não caem bem em todos os tamanhos", explica.
As roupas sob medida são propícias para momentos especiais. Maria Júlia cita que ocasiões como casamentos e aniversários de pessoas conhecidas, eventos em que você será destaque. "Por exemplo, seu irmão ou um ente próximo esta se casando, você precisa se vestir muito bem, e a roupa sob medida proporciona isso. Digo isso porque nesse caso o anfitrião da festa te conhece bem, portanto você será uma pessoa vista, de destaque na festa, não ficaria bem você ir de qualquer jeito a um evento desse tipo", ressalta.
A proprietária do ateliê Donna Fia, Aline Couto, ressalta que, diferente do mercado masculino, os ateliês ainda estão em alta. A busca por peças exclusivas e que tenham o caimento ideal são os principais motivos para a crescente demanda. "Atendemos tanto homens quanto mulheres, o público feminino é realmente maior nesse ramo, tendo em vista que a silhueta da mulher precisa de mais ajustes nas peças que os homens. Nós temos mais curvas, a questão do caimento, a modelagem é mais trabalhada", explica. Ela ressalta que também tem a questão da relação das mulheres com as roupas, os homens ainda tendem a se importar menos com a vestimenta, apesar de isso não ser uma regra geral.
Aline lembra que, hoje, a maior parte das clientes está à procura de roupas para ocasiões especiais, como: casamentos, festas de aniversário e outros. No entanto, há quem faça roupas sob medida para o dia a dia. "Normalmente a faixa etária das mulheres que procuram por esse serviço é acima de 30 anos, mulheres já adultas, compram desde roupas mais casuais, ternos mais bem trabalhados, até vestidos de festa e afins", diz. Ela ressalta que as mulheres que buscam o ateliê procuram o diferencial da roupa sob medida, aquela peça que será feita exclusivamente para ela, como foi idealizada, desde o tecido até o caimento no corpo.
Crédito para
indústria
Para a consultora de estilo e imagem, o ponto positivo do crescimento da indústria de roupas é o acesso que isso deu às pessoas de baixa renda, para ela, hoje, a moda é acessível a todos. "Graças a essas lojas de departamentos que fazem preços mais populares, as pessoas podem sim se vestir bem sem gastar muito. As peças sob medida são uma ótima opção, mas não são todos que podem pagar por esse serviço diferenciado", ressalta.
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Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
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