Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Jerome Favre/Bloomberg

As exportações chinesas, importante motor da economia, continuam a mostrar sinais de perda de ímpeto, refletindo o esfriamento econômico nos mercados desenvolvidos e emergentes.

A maior feira comercial da China, a China Import and Export Fair, ou Feira de Cantão, é realizada a cada primavera e outono. O valor dos contratos de exportação lá firmados serve como importante sinalizador das tendências exportadoras para os meses seguintes.

O evento desta primavera chinesa, iniciado em 15 de abril e encerrado nessa segunda-feira, gerou contratos no valor de US$ 31,050 bilhões, uma queda de 2% em relação ao outono passado e de 12,6% ano sobre ano.

As exportações totais da China no trimestre de janeiro a março caíram 3,4% em relação ao ano anterior. Mas isso reflete em parte o fim de uma enxurrada de dinheiro especulativo que entrou no ano passado disfarçado de exportação, o que inflou os dados do comércio. O resultado da Feira de Cantão confirma uma real desaceleração.

As exportações para os mercados emergentes devem ter queda notável. O valor dos contratos firmados com o Sudeste Asiático caiu 18,3%. Já para os demais países do Brics (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), a queda foi de 13%.

Liu Jianjun, vice-presidente do Centro de Comércio Exterior da China, órgão do Ministério do Comércio que promove a feira, argumentou, em entrevista coletiva, que o desaquecimento deveu-se principalmente ao crescimento mais lento em regiões como Sudeste Asiático. Alguns empresários comentam que o poder de compra dos consumidores daquela região está demorando a melhorar.

O valor de contratos de exportação para a União Europeia, onde a recuperação tem sido lenta e os gastos do consumidor, fracos, caiu 9,4%. Os europeus estão "evitando comprar produtos de preço elevado", disse um representante de um fabricante de bolsas. Os negócios com o Japão caíram 4,7% em valor.

Houve algumas boas notícias na feira. Contratos de exportação para os EUA, onde os gastos tem tido uma recuperação mais rápida, subiram 2,5%. Mas as condições em todo o mundo permanecem difíceis, e muitos fabricantes de vestuário e calçados exibiam cartazes de boas-vindas aos compradores chineses à frente de seus estandes, apostando no mercado interno.

O crescimento da indústria no Sudeste Asiático, impulsionada pela baixa remuneração, também afeta as exportações chinesas. "Estamos perdendo terreno para fabricantes do Sudeste Asiático. No mercado de mais baixa qualidade, eles atendem 20% a 30% do mercado mundial de jeans", lamenta uma fabricante chinesa de jeans.

As empresas chinesas estão em dificuldades pois não conseguem repassar os seus custos trabalhistas mais elevados. "Os custos de produção estão até 15% a 20% mais altos que no ano passado, mas nossa empresa tem de absorvê-los sem aumentar preços", diz o executivo de uma empresa de pratos.

Os fabricantes não têm conseguido tirar muito proveito da recente desvalorização do yuan. No fim de abril, a moeda chinesa tocou seu ponto mais baixo em relação ao dólar em um ano e meio. Porém muitas moedas latino-americanas e do Sudeste Asiático sofreram quedas ainda mais fortes.

"As exportações para o Brasil foram afetadas negativamente pelo desvalorizado real e pelas tarifas elevadas. Por isso, estamos avaliando uma produção local", diz uma empresa de eletrodomésticos.

Liu disse esperar uma recuperação, observando que a economia mundial está numa tendência de melhora gradual e que os produtos chineses ficaram tecnologicamente mais competitivos. Mas, dependendo de como evoluírem os países ricos e os emergentes, a queda das exportações pode persistir.

Por Ken Kuwahara | Nikkei


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