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É inegável que o CETIQ dispõe de recursos extraordinários para formar jovens de excepcional qualidade. É infinitamente melhor nas instalações, no corpo docente, nas estruturas físicas, etc. daquelas que dispunha na década de 70, quando lá efetivamente me formei. Por que então não forma mais técnicos como antigamente? Os últimos meninos que enviem para fazer o curso voltaram quase da mesma forma que foram, sem nenhuma formação convincente. Entrevistei-os para tentar compreender o que havia ocorrido. Perguntei-lhes como foi o dia a dia deles, quais as disciplinas, a composição das turmas, etc. Pelo que entendi, o curso se restringiu a apenas dois semestres. Algumas aulas eram (ou são) ministradas no auditório para todos os alunos em conjunto, isto é, cerca de 150 alunos ou mais. O ensino técnico tem de ter prioridade, tem de ir além ao tecnicismo, ele precisa formar o caráter, a personalidade. O formando precisa se identificar com o mundo fantástico que é fazer tecido, ainda que ele vá trabalhar na fiação, tecelagem plana, malharia, confecção ou acabamento. Tem de aprender a olhar as vitrines das lojas e imaginar como aquela peça chegou ali, os passos, as mãos que manipularam as fibras, os fios, o tecido, imaginar o processo que estabeleceu aquela peça, etc. Quando entrar numa loja para comprar uma calça, observar o corte, o alinhamento das costuras, se tem raleiras de fios ou trama, que tingimento foi feito. Sentir o cheiro do algodão e achar aquele cheiro maravilhoso. A ETIQT fazia isso, provocava isso. Por isso inúmeros profissionais que se formaram ali chegaram a chefe de departamento, gerentes e diretores de tantas grandes Empresas. Não era fácil entrar na Escola como não era fácil se formar. O aproveitamento dos técnicos nunca foi expressivo porque não é fácil viver como técnico têxtil por razões diversas. As Fábricas eram ambientes de muita insalubridade, um sistema autoritário que exigiam dos operários, de cabo a rabo, esforço muitas vezes acima dos limites humanos. Mas ainda assim se amava a Fábrica. Não vou me estender muito além do que necessário, mas é preciso que o CETIQT saia do pedestal, os seus professores tenham orgulho de exercer suas funções de formadores de pessoas ou melhor, formadores de lideres, aqueles que poderão quem sabe melhorar nossa competitividade e produtividade a fim de quem sabe poder pelo menos nos igualar aos nossos maiores concorrentes que estão lá fora em muitos cantos deste planeta. Professor Diretor do CETIQT seja mais focado nesse profissional: Técnico Têxtil para ele se tornar o elo de ligação, sem discriminação, entre o piso de fábrica e a sua direção superior.
É isso, desculpe-me se me alonguei por demais
Dias , parabéns pelas bem feitas colocações.
Saudações José Carlos Dias.
Faço minhas as sua palavras e colocações, principalmente pelo termo "sair do Pedestal".
Tive e tenho a honra de ser oriundo de formação no CETIQT, ano de 1980, na área de Acabamentos Têxteis.
Grande abraço e votos de plenas realizações!
Grandes palavras meus caros, mas a decadência do curso técnico vem de alguns anos, não sei por estratégia educacional ou financeira, a bem verdade é que não se forma mais técnicos no CETIQT. Há alguns anos tive o conhecimento que se formavam 20 técnicos a cada semestre e estes estudavam 1 ano somente. Eu que estudei 3 anos, com professores que prestavam consultoria nas indústrias 2 vezes ao ano, quer dizer, ainda sabiam o que era uma fábrica, apanhei muito no mercado, e com muita luta consegui chegar a gerente de fábrica.
Tive a oportunidade, este ano, de trabalhar com uma recém formada em confecção que não sabia fazer regra de três, não tinha o menor conhecimento de cronometragem, e para por aí, porque o que acontece é que hoje o "fast" está acabando com a qualidade de quasse tudo e nossa escola não está livre disso.
Uma coisa posso afirmar, o mercado de confecção do Rio de Janeiro, que é o mercado que conheço, possui uma carência de técnicos absurda, as maiores confecções do Rio não possuem técnicos, tive a oportunidade de prestar consultoria a uma empresa chamada Botswana, que produz cerca de 40.000 peças/mês, não possui um único técnico, seja para produção, corte, almoxarifado, ou outro setor qualquer.
Tenho esperança que a escola volte, não mais como aquela que vivemos, que acho impossível, mas com o atual acesso a tecnologias, o espaço que a escola oferece, e o mercado que está ávido para absorver esta mão de obra, ela pode voltar não como apenas uma escola que estudamos, mas como um "centro de excelência" como sempre foi.
não tenho tido contato com o CETIQT mas se a coisa tá neste nivel só temos que lamentar
Perfeita colocação! Os profissionais hoje formados pelo CETIQT no pouco tempo que passam na instituição e pela "sutileza" do ensino atual não chegam a se apaixonar pela indústria têxtil e confecção.
Bem, Gustavo, havia pensado em não mais falar sobre o assunto. Pensei que poderia estar incomodando além da paciência dos amigos. Mas olha, o termo é meio chulo, mas como não fui eu que falei primeiro, li do escritor do Recife, "é preciso ter tesão", em qualquer atividade, é fundamental. O que se percebe é que falta isso aos nossos formadores de Técnico Têxtil. O Basil precisa de técnicos de ensino médio. Quero me referir àqueles formados anteriormente, através da Escolas Técnicas, que tinhamnível de excelência. Tanto assim, que estes profissionais eram muito bem remunerados e almejados avidamente pelo mercado de trabalho. O Brasil entendeu isso, tanto assim que o governo fala do PRONATEC como a tábua de salvação; nem se tanto. O curso Técnico atual é semelhante ao curso de contramestre dos anos 1960, quando o aluno o cursava durante dois semestres. A nossa Escola tem priorizado a Engenharia Têxtil, não sou contrário, mas as Empresas, sobretudo as pequenas não têm como bancar este profissional para a Fiação, Tecelagem, Acabamento, Malharia e menos ainda, para a Confecção. Resultado, ficam as Empresas à deriva. Penso que o técnico atual não reúne a menor condição de formação para assumir o controle de uma fiação ou tecelagem, quem dirá acabamento, contolar a qualidade, o planejamento da produção ou ainda da qualidade, não consegue saber o que é um gráfico, um desvio padrão, coeficiente de variação. Bem o que eu vejo é que os técnicos mais "velhos" irão trabalhar até que morram ou abrir de vez a necessidade das consultorias. E a Indústria Têxtil vai de mau a pior. Ou,vocês acham mesmo que os estrangeiros são aquinhoados pelo simples fator de impostos? No Brasil há um desprezo geral pela minha querida Indústria Têxtil e começa pela formação dos profissionais ligados a ela. Eu esqueci de mencionar a gestão das estações de tratamento de efluentes, entregues a deus-dará na maioria das Fábricas.
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