Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Pesquisa do Senai pretende mudar a padronagem brasileira de roupas e calçados

O Body Scanner já passou por mais de 15 estados e está disponível para o público em Salvador até hoje, na Bahia Moda Design, no Cimatec, Piatã

Nadine Mota no interior do aparelho que tira medidas do seu corpo (Foto: Betto Jr.)

A dificuldade de encontrar uma roupa que obedeça a todas as suas medidas está com os dias contados. A partir de uma pesquisa feita com o equipamento Body Scanner, que deve medir o corpo de 10 mil brasileiros até o final do ano, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vai lançar, ainda em 2015, uma nova padronagem de roupas por região do país. O equipamento já passou por mais de 15 estados e está disponível para o público em Salvador até hoje, na Bahia Moda Design, no Cimatec, Piatã.

O Body Scanner, uma espécie de cabine, ou provador “câmara escura”, promete colocar em xeque os problemas que muitas pessoas têm ao comprar roupas. Deve ajudar, inclusive, a estudante de Mecânica de Precisão Nadine Mota, de 18 anos, que participou do experimento na tarde de ontem e desde pequena tem dificuldade em achar itens que caiam bem em todos as partes do corpo.

“Como tenho um corpo mais avantajado, sempre tenho muitos problemas na hora de comprar roupas. Algumas peças ficam folgadas na cintura e apertadas na perna, e, quando fica bom na cintura, fica folgada na área dos seios. Nunca dá 100% certo”, conta Nadine. “Muitas vezes acabo comprando as coisas, uso duas vezes e nunca mais uso”, complementa.

Ela foi conferir a novidade e em 60 segundos o equipamento fez uma leitura do seu corpo, captando mais de 100 medidas detalhadas. O processo todo durou cerca de 10 minutos, com troca de roupa para uma descartável sem costura e logo as medidas da estudante surgiram na tela de um computador exibindo suas formas em três dimensões. Além disso, outras 21 medidas manuais foram feitas.

Sem problemas
Segundo o professor da área de tecnologia do Senai Rynaldo Rosa, o equipamento possui 32 câmeras, 16 sensores e utiliza tecnologia de luz branca para recolher as amostras. “Todos temos problemas na hora de comprar roupa. A intenção é descobrir qual o corpo do brasileiro por região e, com as medidas exatas em mãos, os clientes possam adquirir produtos sem experimentá-los antes da compra na loja ou através de pedidos pela internet ou via postal”, explica.

Além disso, a pesquisa pretende colaborar para os mercados de movelaria e automotivo e para economia de tecido. “Eu, por exemplo, comprei calças que sobram cerca de 5 cm em cada perna. Ou seja, 10 cm no total. As empresas de vestuário normalmente pecam pelo excesso. No caso de mil calças iguais a minha serão mais de 100 metros de tecido desperdiçados”.

De acordo com o gerente das áreas de Vestuário, Calçados e Madeira e Móveis do Senai, Djalma Henrique, o principal beneficiado com o estudo será o consumidor. “O nosso país é muito diverso. Às vezes você vai em uma loja, pede um tamanho de uma marca e o mesmo da outra e eles variam”, afirma ele. 

Sem opção
A estudante Nadine não é a única que tem que quebrar a cabeça na hora das compras. Com 20 anos, a estudante de Artes Cênicas Julia Versoza mede 1,54 m e desde criança sofria para achar peças. “Tênis Allstar calço 32, tênis normal e bota tem que ser 34, já sapato alto costuma ser 33, mas como é super raro achar, eu tenho que ficar amiga das vendedoras e deixar meu número na loja pra elas me ligarem no dia que chega. Eu sempre vou correndo e quando gosto compro logo uns três”, conta.

“Quase nunca consigo comprar calça sem fazer a barra. Quando dá pra encarar o comprimento não cabe na cintura” complementa.

Já o estudante de Produção Cultural Marcelo Costa, 18,  mede 1,90 e calça 45 e fala que calças, bermudas e sapatos lhe dão dor de cabeça, já que  só acha sapatos pela internet e tem que experimentar vários modelos de roupas quando vai às lojas. 

“Quando quero comprar calça ou bermuda tenho que   pegar um número maior e experimentar pra ficar bom nos quadris. Além disso, os sapatos que encontro nas lojas físicas são de academia e social. Só acho sapatos de modelos que me agradem pela internet. Uma nova padronagem me ajudaria nisso”, acredita.

http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/pesquisa-do-senai-...

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Respostas a este tópico

   “Quando quero comprar calça ou bermuda tenho que   pegar um número maior e experimentar pra ficar bom nos quadris.

“Quase nunca consigo comprar calça sem fazer a barra. Quando dá pra encarar o comprimento não cabe na cintura” complementa.

Mudar a padronagem...se significar criar tabela de medidas para roupas pode parar.

Já se tentou isso, já foi discutido isso no passado...não dá para dizer que a medida de uma calça feminina tamanho 42 seja X...essa medida irá variar com a altura da cintura que também irá variar de acordo com o estilo definido; nem definir largura da coxa de uma perna de calça, pois isso dependerá mais uma vez do shape pretendido. Na parte superior do vestuário também... um tórax de uma camisa slimfit é diferente do tórax de uma camisa regular...então padronizar medidas para roupas e definir um nome para esse conjunto de medidas (tamanho) não é viável...a não ser que como se está instalando um clima de autoritarismo no país o governo também vai dizer como terá que ser as medidas das roupas; e que quem não seguir sua definição é contra o povo pobre e miserável, contra a distribuição da renda, etc,etc, como faz sempre com todos inimigos políticos que possui, jogando com a massa de manobra que possui ...o Joaquim Barbosa que o diga, esse nem no país ficou...

Bem, mas deixando o comentário político de lado e acreditando que ainda vivemos numa democracia de livre pensamento, voltemos ao tema...

O que se pode obter ao final desse estudo é um conjunto de dados que se relacionados poderão ajudar à várias atividades no país que necessitam de um levantamento de medidas do corpo humano do povo brasileiro, como já existe do povo americano; que aliás é a única fonte citada nos livros de desenho de móveis, automóveis, arquitetura ou na literatura pertinente que temos.

Quem sabe poderá até se atrever a definir as medidas de corpo e as relacionar a uma grade de tamanhos, ou ainda se definir em uma norma (a exemplo da norma europeia de tamanhos de vestuário) que obriga o fabricante a definir as medidas do corpo para qual o produto foi desenvolvido; as medidas da roupa poderá variar de acordo com o que o seu criador pretende obter como resultado num corpo com ela vestido.

Esse levantamento e definições das medidas do corpo do povo brasileiro, se divulgado assim, trará grandes contribuições para a construção de diagramas  de modelagens e suas gradações. Poderão definir traços de modelagens de acordo com o público que se pretende atingir e de acordo com o grau de agressividade, definir até a forma de informar ao consumidor se a roupa foi desenvolvida para suas medidas corporais ou não.

Espero que essa riqueza de informações que estão sendo colhidas, seja tratada com maior conhecimento do que o da alegação que ao reduzir o comprimento das pernas de uma calça há uma redução direta no consumo de tecido. Com certeza o autor dessa afirmação (que não está claro quem foi) nunca viu um encaixe de moldes para corte de uma calça; e nunca se debruçou sobre o problema que uma marca americana que "conhece pouco de calça" chamada Leví´s tenta resolver à anos com entrepernas , alturas de gancho e shapes de quadril variados em combinações de medidas e tamanhos, e conciliar tudo isso com a variabilidade que isso provoca no controle e logística dos produtos.

Também espero que aqueles que são responsáveis por essa pesquisa compreendam que não é possível vestir todos os corpos com uma mesma tabela de medidas para roupas, que uma marca sempre fará opção por um biótipo contido no mercado de define trabalhar, e portanto não deem a essa discussão técnica um cunho social, político de defesa de minorias (esse é meu medo quando se aparelham politicamente as instituições).

Roupa sob medida é uma mercado que existe e não se encaixa o uso de tabelas de medidas. Hoje representa uma pequena fatia de alfaiates e da alta costura. Há quase 100 anos a indústria de roupas surgiu exatamente suprimindo essas práticas e industrializando as roupas definindo um nome (tamanho) para cada medida visando fornecer roupas mais baratas , portanto não vamos vender a ilusão que duas marcas diferentes irão vestir uma mesma pessoa do mesmo jeito, pode ser que sim, ou pode ser que não...depende o que cada marca pretende.

Pelo mundo há inúmeras tentativas de resolver o problema de vestir a roupa industrializada...portanto não vamos subestimar o problema nem trata-lo de forma simplista.

Sr. Hilário Aleixo, sou pesquisadora nesta área desde 95 e comercializo manequins (corpo técnico), que são utilizados para prova de roupas e desenvolvimento da modelagem, também trabalho com consultoria em padronização de medidaspa e tive como clientes várias marcas de renome no mercado. Realmente impor uma tabela, seria um tanto arriscado. Sempre defendi a padronização, mas temos que ser cautelosos ao apresentar uma tabela a um cliente. Ainda existe uma certa falta de clareza do que são medidas de produto acabado e medidas corpo. É preciso estudar o biotipo do público da marca, como estão trabalhando com o padrão atual e as falhas de conformação, os tipos de roupa que trabalham, analisar o nível de compreensão e necessidades das equipes de Modelagem e pilotagem, em fim, nunca fecho a tabela de uma empresa igual a da outra.
Devemos considerar que as principais medidas de circunferência vão determinar a numeração, mas conforme já mencionado, as medidas de conformação é o X da questão. A medida do entrepernas, para mim, a mais importante para modelar uma calça comprida, é uma das mais confundidas com a medida do produto acabado. Infelizmente, não a produção, mas a comercialização no Pais , não Permite trabalharmos com a tabela de curto, médio e longo, o que geraria uma economia absurda na linha de produção.
Ficaria aqui por linhas e mais linhas falando sobre este assunto.... Fechando a escrita, acredito que toda a tentativa é válida!

Sim Elaine,

A tentativa é valida, mas não podemos levar um levantamento antropométrico como a panaceia dos problemas de padronização de medidas.

Toda tentativa , como você mesma diz, é válida; mas o que defendo é a clareza da sua finalidade. A pesquisa não poderá impor uma tabela de medidas, mas poderá contribuir para a compreensão do corpo do brasileiro e ser utilizada como ferramenta de consulta para diversas atividades do setor. Ir além disso é dar a pesquisa um cunho político e não técnico.

Olá Elaine

É muito bom ver e ler os seus comentários trazendo importante e valiosa colaboração para o esclarecimentos dos assuntos relacionados à modelagem!



Elaine Radicetti disse:

Sr. Hilário Aleixo, sou pesquisadora nesta área desde 95 e comercializo manequins (corpo técnico), que são utilizados para prova de roupas e desenvolvimento da modelagem, também trabalho com consultoria em padronização de medidaspa e tive como clientes várias marcas de renome no mercado. Realmente impor uma tabela, seria um tanto arriscado. Sempre defendi a padronização, mas temos que ser cautelosos ao apresentar uma tabela a um cliente. Ainda existe uma certa falta de clareza do que são medidas de produto acabado e medidas corpo. É preciso estudar o biotipo do público da marca, como estão trabalhando com o padrão atual e as falhas de conformação, os tipos de roupa que trabalham, analisar o nível de compreensão e necessidades das equipes de Modelagem e pilotagem, em fim, nunca fecho a tabela de uma empresa igual a da outra.
Devemos considerar que as principais medidas de circunferência vão determinar a numeração, mas conforme já mencionado, as medidas de conformação é o X da questão. A medida do entrepernas, para mim, a mais importante para modelar uma calça comprida, é uma das mais confundidas com a medida do produto acabado. Infelizmente, não a produção, mas a comercialização no Pais , não Permite trabalharmos com a tabela de curto, médio e longo, o que geraria uma economia absurda na linha de produção.
Ficaria aqui por linhas e mais linhas falando sobre este assunto.... Fechando a escrita, acredito que toda a tentativa é válida!

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