Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria de moda britânica reacende a ideia da produção interna

Neste momento em que a moda brasileira experimenta parcerias no exterior, é instrutivo olhar para o que ocorre na Inglaterra, um país que teve a produção nacional preterida a partir dos anos 1990.

Segundo um documento do British Fashion Council chamado Future of Fashion, entre 1995 e 2012 o valor gerado pela produção inglesa diminuiu dois terços. Isso ocorreu porque centenas de marcas britânicas (sendo o caso da Burberry o mais notório) passaram a fabricar em países como Índia e China atrás de mão de obra mais barata, causando o fechamento das fábricas inglesas. Hoje, entretanto, a situação é outra e muitas dessas mesmas marcas desejam voltar a produzir na Inglaterra.

Entre as razões para o retorno está o fato de que as margens de lucro diminuíram devido aos aumentos de preço na Ásia. Fora isso, produzir “em casa” elimina as taxas de importação. Entre outros benefícios, pesa principalmente o fator “tempo”. As distâncias menores fazem com que a empresa possa tomar decisões mais perto da estação. Outro ponto é a produtibilidade dos funcionários, que não precisam se distanciar em viagens longas. Para uma nação mais ambientalmente consciente como a Inglaterra, isso também significa menos liberação de gás carbônico, além de gerar empregos e divisas para o país. Por último, o “made in Britain” também significa qualidade e, nesse ponto, a Ásia é conhecida pela inconstância.

Entretanto, depois de anos no exterior, marcas que têm interesse na produção local já não sabem onde encontrar as fábricas que restaram. O evento “Meet the Manufacturer” (“Conheça o Fabricante”), que aconteceu em Londres nos dias 11 e 12 de junho, tinha o propósito de unir as duas pontas como um impulso à confecção no país. Sob o mesmo teto estiveram produtores de renda da Escócia, tecelagens de seda, fiações, estamparias, fabricantes de bolsas e gravatas, e algumas das melhores confecções de vestuário do Reino Unido. Além disso, o evento contou com palestras de 20 profissionais, que passaram seus conhecimentos ao público. Kate Hills, fundadora da plataforma Make It British e idealizadora do evento, falou com exclusividade à Costura Perfeita: “Quando alugamos o espaço, esperávamos receber 600 pessoas e 3 mil compareceram. Isso mostra a força da confecção britânica e o quanto as pessoas estão interessadas nisso”.

O movimento de retorno da produção para o país começou a se fazer sentir, timidamente, há dois anos. Na época, duas lojas de departamento tradicionais, a John Lewis e a Marks & Spencer, lançaram linhas produzidas localmente, obtendo bons resultados de venda.

No entanto, segundo Kate, o restabelecimento da produção inglesa levará tempo. Atualmente falta principalmente mão de obra qualificada. Os funcionários estão envelhecendo e as novas gerações não foram estimuladas a se interessar por esses ofícios. “Alguns fabricantes não participaram como expositores porque não fazia sentido ter mais pedidos já que mal conseguem atender os que têm. Eles simplesmente não acham funcionários para fazer a empresa crescer”, revelou Kate. Outro desafio apontado por ela é que a Inglaterra perdeu certos tipos de indústria, como a de fabricação de botões e zíperes. Então, é impossível que uma peça seja 100% produzida com materiais e confecção inglesa.

Profissionais do mercado apontam para a necessidade de as escolas de moda darem enfoque à questão da produção, e também para que alunos terminando o ensino médio se tornem aprendizes. Alguns programas já existem, mas ainda não representam números expressivos para suprir a crescente demanda. Um deles é o Fashion Enter, que começou em 2006 dando oportunidade para jovens desempregados. Com o apoio da Asos, John Lewis e Marks & Spencer, ele cresceu de oito aprendizes em 2008 para os atuais 84, que produzem 7.500 peças por semana.

O que ocorre atualmente é que algumas empresas produzem apenas certos tipos de produto no país – o que já é um bom começo. Para a gigante Marks & Spencer, por exemplo, a Inglaterra é somente seu 7º maior produtor. O que é importante frisar é que esses produtos são divulgados como sendo feitos na Inglaterra já que isso, para o consumidor, é um atestado de qualidade.

O Brasil poderia aprender com esse exemplo. Uma pequena ação começou a ser ensaiada pela consultora de estilo Renata Abranchs. Durante sua palestra no Salão Bossa Nova, ela lançou a campanha #feitonobrasil (replicada atualmente em suas redes sociais), em que convida marcas e consumidores a aderir a uma valorização do produto nacional. “Nossa moda precisa se reinventar, olhar para dentro. Precisamos priorizar a indústria têxtil nacional, colocar tags especiais nos produtos feitos no Brasil e conscientizar o consumidor sobre nossa qualidade”, defende Renata. Vamos apoiar?

 

LEGENDA: Peças do evento “Meet the Manufacturer", realizado em Londres.

Fotos: Steve Lancefield Photography

http://www.costuraperfeita.com.br/edicao/28/materia/fique-por-dentr...

Por Ana Claudia Lopes

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Respostas a este tópico

-Profissionais do mercado apontam para a necessidade de as escolas de moda darem enfoque à questão da produção.

Este texto foi escrito na Inglaterra país bem mais desenvolvido que o Brasil.

Algumas confecções no Brasil até querem produzir mais, porém falta a mão de obra especializada na produção.

Para Criação e Desenvolvimento de Produto, as faculdades estão formando de montão!   

Efeito Globalização Primeira Etapa errada. agora vem a Segunda Etapa, corrigir os erros. foram explorar mãos de obras baratas. ensinou a eles como faz, porém, agora tem que ensinar eles consumir, para isso, voltar as origens e parar com esta procura de mãos de obras baratas, isso não gera consumo, apenas destruição de todos os lados.. sendo assim, já começou o processo de correção do primeiro e grande erro da Globalização, quem não acordar, vai continuar dormindo...  logo todos vão sentir tudo isso....  estamos em 2014.0002 e começa a volta as tradições, para que as nações sobrevivam bem em seu próprio habitat natural... se prepara Brasil ou vai ficar pior...

Tenho chamado a atenção para este fato a mais de 20 anos atrás todos os empresários e magazines estão em busca de mão de obra barata e vão explorar os asiáticos fechando postos de trabalho e fábricas brasileiras é a ganância que o governo não se interessa pela desindustrialização no país.
Quando acordarem é se acordarem será tarde nem Aécio dará jeito.

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