Quem navegou pelo site oficial da campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff nos últimos meses poderia ter sido induzido a acreditar que a prioridade número 1 dos brasileiros em relação ao futuro se concentrava na área da educação. Afinal, na tarde da sexta-feira 24, esse segmento liderava o ranking de políticas públicas sugeridas pelos internautas, com 164 ideias e iniciativas. Trata-se de uma área importante, sem dúvida. Mas, ao esmiuçar os dados existentes no portal petista fica evidente que, na verdade, é a economia em suas diversas facetas que domina as atenções e a agenda de boa parte dos brasileiros.
No total, são 300 propostas nesta vertente quando somamos itens como trabalho e emprego, política industrial e infraestrutura. E isso não chega a ser surpresa, pois foi graças ao crescimento econômico que os programas sociais saíram do papel, possibilitando a criação de uma classe média pujante, baseada na melhoria da renda. Esse contingente acabou sendo decisivo para reconduzir a presidenta Dilma ao cargo no qual ela chegou em 1º de janeiro de 2011. No entanto, o vocabulário e o teor dos comentários exibidos, embora revelem que nem todas as pessoas envolvidas são versadas nessas matérias, mostra que as expectativas e apreensões em relação ao futuro da economia estão disseminadas ao longo da pirâmide social, independentemente de faixa de renda ou classe social.
“A presidenta precisa assumir uma agenda de diminuição da burocracia, do custo da energia e da competitividade do País”, afirma Dimitris Psillakis, diretor-geral da divisão de automóveis da Mercedes-Benz. Suas propostas são emblemáticas porque, a despeito das incertezas da economia, a fabricante alemã de automóveis de luxo, renovou seus planos por aqui. “Estamos confiantes com o Brasil”, diz Psillakis. Apesar do otimismo, o cenário é de cautela. Para ele, o grande desafio da segunda gestão de Dilma será a retomada do crescimento econômico. Esse desejo é compartilhado por Sergio Herz, herdeiro e CEO da Cultura, uma das maiores redes de livrarias do País.
“O governo precisa parar de fazer malabarismo econômico”, afirma Herz. “Se não transmitir uma mensagem de estabilidade econômica aos investidores estrangeiros e ao empresariado em geral, iremos continuar de mal a pior.” É consenso entre empresários e altos executivos que o Executivo acabou afrouxando algumas de suas políticas macroeconômicas. Nesse contexto, recolocá-las nos eixos poderia funcionar como uma senha para que muitos tirassem novos projetos da gaveta ou mesmo para acelerar iniciativas que estão em andamento. “Queremos um ambiente propício para poder exportar nossos produtos”, diz o CEO da Mercedes-Benz.
As palavras “ajuste” e “correção de rota” aparecem em boa parte do discurso de empresários e executivos ouvidos pela DINHEIRO. Contudo, ninguém fala em retrocesso. Afinal, a estabilidade econômica se tornou um pilar importante na vida de todos os brasileiros, pobres e ricos, figurando como cláusula pétrea da vida nacional. Mas isso não significa dizer que não teremos um período desafiante pela frente. “Se pudesse sugerir algo ao governo Dilma, pediria segurança jurídica, reforma fiscal e tributária e uma política de crescimento econômico”, afirma Claudio Bernardes, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), que reúne as empresas do setor imobiliário.
De fato, essa atividade, uma das que mais contribuíram para turbinar a expansão da economia, entre 2005 e 2010, pisou literalmente no freio. E não foi a única. A indústria de base e a de transformação começou 2011 em lua de mel com o governo Dilma e terminou, senão em divórcio, numa espécie de separação temporária. “Pelo menos no final do mandato a presidenta Dilma percebeu que a relação com a indústria não estava boa”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Rafael Cervone. Reeleita, Dilma promete reabrir as conversas.
“Vou estimular o mais rápido possível o diálogo e a parceria com todas as forças produtivas do País antes mesmo do início do meu próximo governo”, afirmou ao celebrar a vitória, no domingo 26. A reconciliação poderá vir se a presidenta souber ouvir as principais demandas do setor privado. Nesse sentido, a adoção de algumas iniciativas propostas pelos empresários no documento intitulado Propostas da Indústria para as Eleições 2014 melhoraria o clima entre as partes. No total, são 42 pontos abordados no robusto documento, que cobre de marcos regulatórios até o comércio exterior, passando pela governança do Estado.
É claro que as reformas clássicas, como a tributária e a fiscal, também fazem parte do pacote. “É preciso aproveitar a força política conquistada nas urnas para realizar as urgentes reformas fiscal, trabalhista, da educação, política e da previdência”, diz Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler para a América Latina. “Nossos investimentos serão pautados pela ações do Planalto, no sentido de criar um ambiente favorável”, afirma o presidente da Abicalçados, Heitor Klein. Outros homens de negócios falam na necessidade de reativar os canais de comunicação entre os dois lados. “O governo deve dialogar mais com os empresários”, diz Giovani Decker, presidente da subsidiária da Asics, fabricante japonesa de tênis de performance.
Manter os programas que estão funcionando, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, não se tornou um mantra apenas durante a campanha, mas também entre os industriais. “Os programas sociais são fundamentais para o nosso crescimento como nação”, afirma Decker. De acordo com o executivo, o crescimento também deverá se dar a partir da retomada de investimentos que porventura tenham sido represados, em meio ao acirramento dos debates e às incertezas quanto à condução econômica num segundo mandato da candidata vitoriosa. Se é verdade que a falta de previsibilidade incomodou o grosso do empresariado, desestimulando a retomada do investimento, ela não atingiu por igual as grandes empresas. Há exceções. Uma das que escaparam da contaminação foi a gigante anglo-holandesa Unilever, que está construindo sua 10ª fábrica e manteve o plano de inauguração previsto para o primeiro semestre de 2015.
Detalhe: é a primeira unidade erguida pela empresa nos últimos dez anos. “Estamos há 85 anos no Brasil e não olhamos apenas para os próximos quatro anos”, diz Fernando Fernandez, presidente da subsidiária brasileira. Como Fernandes, Divino Sebastião de Souza, presidente da mineira Algar Telecom, está relativamente otimista em relação ao futuro. Mais precisamente a partir do segundo trimestre de 2015, pois o primeiro deverá ser marcado por ajustes do governo. O foco da Algar será o fornecimento de serviços de banda larga e de telefonia para pequenas e médias empresas. “Elas formam 40% do PIB, mas apenas 10% delas fazem uso intensivo de tecnologias”, afirma. “Há grandes oportunidades nesses segmentos.”
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/economia/20141027/industri...
Por: André Jankavski, Fabrício Bernardes e Carlos Eduardo Valim
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A reconciliação poderá vir se a presidenta souber ouvir as principais demandas do setor privado.
“Pelo menos no final do mandato a presidenta Dilma percebeu que a relação com a indústria não estava boa”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Rafael Cervone. Reeleita, Dilma promete reabrir as conversas.
Bom dia - temos que cobrar como mesmo afinco que GOVERNO NOS COBRA
sermos proximos - não nos distanciarmos de nossos propositos - com algum auxilio proprio -
se esquecendo dos demais do SETOR TEXTIL
Primeira atenção - tem comentarios de o Sr. Josue Gomes da Silva - será um MINISTRO (possivelmente
do DESENVOLVIMENTO) - vamos recordar que o Sr. Jose de Alencar - que fez pelo setor??
Sem crescimento econômico, não haverá melhora na educação e nem nas políticas sociais. Deveria imediatamente nomear o ministro do desenvovimento econômico, pois estamos com um interino e o ministro da fazenda, pois já foi demitido na campanha. Nortearia os investidores!
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