Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O empresário e diretor do Sindivestuário, Marcel Zelazny, representou a entidade do vestuário paulista no Fórum Negócios da Moda

O empresário e diretor do Sindivestuário, Marcel Zelazny, representou a entidade do vestuário paulista no Fórum Negócios da Moda, promovido  pelo Grupo Estado e realizado em parceria com a Federação do Comércio de São Paulo. Empresários, estilistas, representantes de associações e autoridades do poder público e outros profissionais debateram temas como inovação tecnológica, modelo de negócios, produtividade e custo da cadeia têxtil e do vestuário (ver matéria sobre evento).

Acompanhe abaixo entrevista com Marcel  Zelazny:

Sindivestuário – Como empresário e dirigente do setor confeccionista, o que sr. diria que foi positiva a realização deste Fórum?

Marcel Zelazny – Sim, foi positiva. A repercussão do tema moda e negócios numa importante mídia como o Estadão é sempre bem vinda. Vários foram os aspectos relevantes.  Como um todo o evento chamou a atenção das autoridades  convidadas para o setor confeccionista, tão esquecido nos últimos anos pelos nossos governos. Foi dito aos representantes do Ministério Público presentes que somos o segundo maior empregador do país; que mais emprega mulheres, geralmente arrimo de família. Acho que valeu a iniciativa, e sugiro que outras discussões como esta sejam realizadas sempre.

Sindivestuário – Foi dito pelo Superintendem da ABIT, Fernando Pimentel, que “uma cadeia produtiva como a Têxtil e do Vestuário, que emprega cerca de oito milhões de trabalhadores de forma direta e indireta no País, tem um tratamento tão distante por parte do governo”. Como o sr vê os entraves enfrentados pelo setor que brecam o crescimento da moda brasileira?

Marcel Zelazny – O setor está há décadas esquecido pelo Governo, inclusive nosso Presidente Ronald (Ronald Masijah, Presidente do Sindivestuário) escreveu um artigo em que define o setor de vestuário brasileiro como “boi-de-piranha”. Ou seja, o Governo nos sacrifica para salvar outros segmentos. Incentiva o setor automobilístico e o consumo de produtos da linha branca. E nós morremos na praia.  É um absurdo que precisa ser revisto a partir de agora pelos governos Federal e Estadual. Não queremos nada além do que isonomia. Não se trata de proteção, mas igualdade de competição entre os Estados brasileiros  e  com os produtos importados. Essas situações são os piores entraves para retomarmos o crescimento setorial. Outro questão são as leis ambientais que encarecem sobremaneira os segmentos de tinturaria, lavanderia entre outros. Há também algumas regras que impedem a aquisição e utilização de maquinário aqui no Brasil. Em praticamente todos os países se utilizam máquinas modernas que não são permitidas no Brasil por conta de uma legislação desatualizada, que impõem adaptações que triplicam o valor original da máquina no mercado nacional.

Sindivestuário – Os estilistas disseram que o problema da moda nacional são os custos. Como o sr interpreta essa afirmação?

Marcel Zelazny - Os  altos impostos trabalhistas e tributários são fatores que elevam os custos de produção de roupas e atrapalham tanto a competitividade no mercado interno quanto as exportações. A legislação trabalhista é arcaica, impede negociação direta entre a empresa e seus funcionários. O sindicato tem que estar presente no meio de qualquer negociação. E isso trava, engessa o sistema, atrasa e inviabiliza as  negociações, que beneficiariam os próprios trabalhadores. Todas essas questões travam e inibem a produção. Com baixa produção os preços sobem. E sem preço competitivo,  não vamos conseguir vender. O Brasil tem grande potencial na área têxtil e de confecções, mas toda a cadeia de produção é travada pela burocracia tributária e trabalhista.

Sindivestuário – O que o Sindivestuário tem feito no sentido de tentar baixar esses encargos tributários?

Marcel Zelazny - Costumo dizer que nosso setor sofre da “síndrome de Peter Pan”, ou seja, as empresas não querem crescer, porque isso causaria um aumento do volume de impostos. Por isso, estamos trabalhando junto ao Governo Federal a implementação do RTCC (Regime Tributário Competitivo para Confecção), em que na Cadeia Têxtil somente as confecções, independente do faturamento, ficam sempre no Sistema Simples de tributação. Seria uma grande conquista e estamos trabalhando para isso.

Sindivestuário -  O que o sr poderia dizer sobre a manifestação ocorrida na abertura de uma feira de roupas chinesas, no Expo Center Norte, em São Paulo?

Marcel Zelazny – Apoiamos e participamos da manifestação para marcar posição de protesto contra 14 mil vagas formais fechadas no setor nos últimos 12 meses, segundo dados do Ministério do Trabalho. A ideia do “cemitério de empregos”, com aquelas cruzes fincadas no gramado central da avenida, foi para mostrar a gravidade da situação vivida pelo setor de vestuário brasileiro. A imprensa esteve lá e levou o protesto aos seus veículos impressos e televisados. Mas particularmente eu entendo que eventos como esse Fórum aqui na Fecomércio são muito mais produtivos e eficientes para discutir os problemas do setor e levar a situação à opinião pública e ao Governo.

http://sindivestuario.org.br/2014/11/o-empresario-e-diretor-do-sind...

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   Costumo dizer que nosso setor sofre da “síndrome de Peter Pan”, ou seja, as empresas não querem crescer, porque isso causaria um aumento do volume de impostos.

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