A varejista de moda on-line Dafiti recebeu um aporte de quase R$ 50 milhões do International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial para projetos do setor privado. Os novos recursos darão suporte à expansão nos cinco países da América Latina onde a companhia já atua, diz o brasileiro Philipp Povel, um dos quatro sócios-fundadores da Dafiti.
O IFC fez uma auditoria de cerca de três meses na Dafiti, período em que avaliou os padrões de sustentabilidade e governança da varejista, além das finanças. “Esse investimento é diferente dos outros porque, além dos recursos, nos forneceu um selo de qualidade”, diz Povel. Desde que foi fundada há três anos, a Dafiti já recebeu R$ 660 milhões de investidores. Entre eles, o Ontario Teachers Pension Plan (OTPP), que aportou R$ 160 milhões na empresa em setembro. Juntamente com a AB Kinnevik, o JP Morgan e o Quadrant Capital Advisors, o fundo de pensão do Canadá detém fatia societária de mais de 50% na companhia, que foi fundada pela incubadora de start ups alemã Rocket Internet.
Olaf Schimidt, que comanda a área de indústria, agronegócios e serviços do IFC, diz que a instituição avalia o “impacto de desenvolvimento” das empresas na hora de escolher em quais delas fará seus investimentos. Esse critério passa por geração de empregos – na Dafiti, 70% dos funcionários são mulheres e a média de idade é abaixo de 30 anos -, responsabilidade social na cadeia de fornecedores e sustentabilidade logística.
Como tem uma operação deficitária, a maior parte das empresas de varejo on-line no Brasil, inclusive a Dafiti, precisa de constantes investimentos para suprir suas necessidades de caixa. O rápido crescimento do setor, no entanto, atrai fontes de recursos como IFC. O e-bit projeta expansão de 25% no faturamento do comércio virtual no Brasil este ano, para R$ 28,5 bilhões, avanço em ritmo semelhante ao registrado no ano passado.
“Não estamos fazendo uma empresa para sobreviver no mercado por cinco anos”, diz Povel, ao lado dos alemães Malte Horeyseck e Malte Huffman, também sócios-fundadores da companhia.
Com 2.200 funcionários atualmente, a Dafiti nunca divulgou o seu faturamento anual. No mercado, as estimativas são pouco precisas, indo de R$ 500 milhões a R$ 900 milhões.
Com portfólio que inclui calçados, roupas e artigos para o lar, o Brasil representa mais de 50% das vendas da Dafiti hoje. O restante está dividido entre Argentina, México, Chile e Colômbia, países que abrigam, cada um, um centro de distribuição próprio da empresa.
No ano passado, a Dafiti investiu R$ 25 milhões em logística e tecnologia da informação, incluindo um novo centro de distribuição no Brasil em substituição ao antigo. Está em análise a possibilidade de mais uma unidade logística no país, mas a prioridade para este ano é a área de tecnologia, diz Povel, sem citar valores.
Além do investimento na Dafiti, o IFC vai aportar cerca de R$ 33 milhões na varejista on-line Lamoda, da Rússia, que também opera no Cazaquistão.
Os principais projetos do IFC no Brasil hoje estão nos setores financeiros – a instituição comprou 8% da SulAmérica em maio -, de infraestrutura, manufatura, serviços e agronegócios.
O país tem recebido cerca de US$ 2 bilhões ao ano do IFC em financiamentos e compra de participações de empresas “nos últimos anos”, segundo a instituição.
No ano fiscal 2013 (de julho de 2012 a junho de 2013), o IFC investiu cerca de US$ 25 bilhões no mundo, dos quais US$ 600 milhões no setor de varejo. O portfólio total da instituição é de US$ 50 bilhões e inclui projetos com quase 2 mil empresas em 126 países.
Fonte: Valor Econômico