Século 21. A era da informação avança com fatores globalizadores que facilitam o acesso a todos os segmentos de atuação. Para a indústria confeccionista nacional isso não é diferente. A abertura das portas de importação facilitou a entrada de novas tecnologias e métodos de produção e insumos. Desde então o Brasil passa por uma mudança no perfil do porte das indústrias.
Ávidos por seu próprio negócio, empreendedores brasileiros emergiram mudando o tamanho das indústrias, que até então eram em sua maioria de grande porte, para empresas de micro e pequeno porte. Apesar do crescimento no número de indústrias, entre 2008 e 2012 essa mudança ainda é notória. Em relatório de 2013 do Instituto de Estudos e Marketing Industrial, essa mudança é demonstrada pela grande participação de micros e pequenas empresas na indústria de confeccionados que, somadas, representam 96,83% das indústrias nacionais, enquanto empresas de grande porte não chegam a 1% de participação.
Essas mudanças apresentam aspectos positivos e negativos para a indústria nacional. Positivamente, o acesso a informações dissipadas por meio de veículos como internet e redes sociais, cursos de formação disponíveis em centros específicos como o Senai Francisco Matarazzo, localizado no Brás, grande polo confeccionista de São Paulo, e a possibilidade de começar uma nova empresa de forma organizada usando recursos e apoio de forma adequada, de organizações como o Sebrae, gera a chance de um começo promissor e pautado em estruturas competitivas para o enfrentamento das indústrias estrangeiras, maiores concorrentes da indústria confeccionista e nacional.
Negativamente, a informalidade é a grande vilã da progressão desse novo perfil de indústria. A ausência de programas de incentivo e de apoio às empresas de micro e pequeno porte e o volume de taxações para insumos e produtos acabados desmotivam as indústrias de todos os tamanhos a investir em inovação e formação do quadro funcional, gerando descrença e busca de outros segmentos mais atrativos no mercado de trabalho.
Como alternativas para essa nova indústria, e até para as ainda sobreviventes de grande porte, o fortalecimento dos pontos positivos e o combate dos pontos negativos já melhorariam muito o quadro atual. Se considerarmos a burocracia e a lentidão da máquina administrativa pública, uma boa ação seria a mudança de postura dessas indústrias e estaria na oferta de produtos que não sejam concorrentes diretos das indústrias estrangeiras, ou seja, não produzir commodities e investir em itens que agreguem mais valor por fatores de qualidade ou diferenciação, mudando a rota de colisão com produtos importados. A mobilização setorial com ações de compartilhamento de know-how também é muito praticada em países que buscam o fortalecimento por diferenciação, pois em conjunto o poder de exigência e ações seria maior.
Fábio Murcia Marques é professor de planejamento e gestão de produção da escola Senai Francisco Matarazzo de Vestuário, mestre em têxtil e moda pela USP e pós-graduado em administração de marketing pela Faap.
http://www.costuraperfeita.com.br/edicao/31/materia/caderno-senai.html
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Poxa, Super concordo com a Rejane... principalmente na parte de valorização!
Rejane Fitzpatrick disse:
Bom dia Fabio,
Se voltarmos no tempo podemos dizer que este processo começou na "era Collor".
No inicio a causa foi devido ao fato que para os grandes empresarios era mais interessante aplicar o dinheiro que investir em maquinario.
Concordo com a sua sugestao;QUALIDADE;DIFERENCIACAO, mas infelizmente esta gravado na nossa cultura que tudo que vem de fora é melhor.Batemos no peito orgulhosos para dizermos que somos brasileiros com muito orgulho, e na hora das compras estamos longe de escolher uma etiqueta "fabricado no Brasil".
Comecei minha carreira aos 13 anos, como arrematadeira. Hoje aos 49 anos, ja tive 3 empresas no Brasil, hoje vivo no exterior. Penso que um dos maiores problemas nosso é a falta da valorizaçao e investimento no que eu acredito seja o ponto principal, qualificaçao da mao de obra.Uma empresa pode ter maquinas, materia prima, mas ainda precisa de pessoas.
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