Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Com o caixa debilitado e sem acesso a linhas de crédito para capital de giro ou investimentos, as companhias começam a enxugar as estruturas, reduzir o quadro de funcionários e adiar pagamentos

 

A forte restrição dos bancos à concessão de crédito tem travado os negócios das empresas em vários setores da economia. Com o caixa debilitado pelo baixo desempenho econômico e sem acesso a linhas de crédito para capital de giro ou investimentos, as companhias começam a enxugar as estruturas, reduzir o quadro de funcionários e adiar pagamentos.

Nos três primeiros meses do ano, a concessão de crédito para empresas no País caiu 14% em relação ao quarto trimestre de 2014, de R$ 429,5 bilhões para R$ 407,3 bilhões, conforme relatório do Banco Central (BC). No mesmo período, entretanto, a demanda por empréstimos continuou em alta: subiu 9,7%, segundo a Serasa Experian. "Se esse indicador está crescendo e a concessão caindo é sinal que os bancos estão mais seletivos na liberação de crédito", explica o economista da empresa, Luiz Rabi.

 

Além do recuo no volume concedido, as taxas de juros aumentaram, os prazos de pagamento dos empréstimos diminuíram e a inadimplência cresceu. Pelos dados da Serasa, o atraso nos pagamentos de despesas financeiras e não financeiras avançou 12% no primeiro trimestre, demonstrando a dificuldade das companhias diante da queda da atividade, custos mais elevados (energia elétrica e combustíveis, por exemplo) e escassez (e encarecimento) de crédito.

 

"Hoje, o principal problema das empresas é a falta de crédito. Se nada for feito, poderá haver um colapso que vai travar ainda mais a economia. Isso precisa ser olhado com urgência pelo governo", afirma o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz. Ele acredita que a Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos da Petrobrás, tem ajudado a secar o mercado de crédito, já que alguns bancos terão prejuízos com operações feitas com empresas envolvidas no escândalo.

 

"Mas mesmo quem está fora dessa confusão está sendo punido. Os bancos públicos, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), não podem fechar as portas para o setor produtivo", reclama o executivo. No BNDES, fonte mais barata de financiamento para as empresas, o crédito com recursos direcionados (voltado para determinado segmento ou atividade) despencou 44,6% de janeiro a março comparado ao último trimestre de 2014, segundo o relatório do Banco Central.

 

A linha voltada para o capital de giro das empresas teve o maior baque na liberação: queda de 79,1% no período. O financiamento a investimentos caiu 43,6% e os empréstimos para o setor agroindustrial, 35,7%. Procurado, o banco de fomento não atendeu ao pedido de entrevista.

 

'Nessas horas, os bancos viram as costas para a gente', diz empresário

 

Há pouco mais de um ano, o empresário Valdir Santos, presidente da transportadora ASA Express, sofria com os problemas decorrentes da forte demanda no setor rodoviário. Parte da frota de 1.200 caminhões ficava parada por falta de motoristas e pela demora na entrega de pneus.
 

Hoje os problemas são inversos. Com a queda de 30% na demanda e aumento no custo fixo, ele já cortou 20% do quadro de funcionários. "E nessas horas os bancos viram as costas para a gente", afirma ele, destacando a dificuldade que tem sido conseguir crédito na praça.

 

Como o prazo de pagamento dos clientes é de 30 dias, era comum a empresa usar as faturas para antecipar a receita. "Não estão mais liberando essas operações. Tentei com um banco e não consegui. Tive de ir para outra instituição que me ofereceu um empréstimo com exigência de garantias e com custo maior", conta o empresário.

 

Segundo ele, algumas empresas do setor não têm conseguido aguentar a pressão e estão fechando as portas. O problema é o descompasso entre receitas e despesas. O combustível aumentou e, com a nova lei dos motoristas, os custos de pessoal também avançaram.

 

Junta-se a isso o fato de a infraestrutura precária das estradas ter elevado o custo de manutenção dos caminhões - só de pneus são 1,5 milhão de unidades que precisam ser trocadas regularmente. "Estamos trabalhando no vermelho. No momento não podemos nem pensar em renovação da frota que já está com dez anos de uso. O ideal seria trocar a cada oito anos."

 

Construção

 

A situação é ainda pior na Villanova Engenharia. Além da falta de crédito, a empresa também sofre com os atrasos de pagamentos do poder público. "Sempre tivemos crédito. Mas agora a resposta dos bancos é que precisam de garantias reais", afirma o presidente da empresa, José Eduardo da Costa Freitas. Nesse caso, a dificuldade na obtenção de crédito também é decorrente da Operação Lava Jato. Os bancos se fecharam para qualquer empresa do setor de construção.

 

Segundo Freitas, a construtora já teve de cortar quase 40% do quadro de funcionários por causa dos problemas de caixa. Além disso, o ritmo das obras que a empresa está tocando - como a urbanização de favelas na capital paulista - foi reduzido para compatibilizar as receitas com as despesas. Consequentemente, o cronograma da obra terá de ser alterado, o que significa aumento de custo para a empresa. "A Prefeitura resiste ao repasse desses custos. Não sei como vou fechar esse contrato. A expectativa é que teremos um ano perdido."

FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/416532_CRISE+FAZ+O+CREDITO+SECA...

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A falta de crédito aliada a alta de custos está sufocando as empresas. Daqui a pouco vamos ter um estrangulamento da capacidade produtiva. O resultado será reduzir o nível de atividade e de emprego", afirma o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Segundo ele, a situação está tão complicada que já há inadimplência até em contratos com o Bndes - a fonte mais competitiva do mercado.

FONTE: http://www.contabeis.com.br/noticias/23506/crise-faz-o-credito-seca...

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