Temores acerca do estado da economia chinesa sacudiram os mercados financeiros no final do mês de agosto, resultando em quedas subsequentes nos preços das ações.
A indústria do
vestuário, no entanto, vem buscando reduzir o potencial impacto da decisão do Banco Central da
China de desvalorizar o yuan, que atingiu, recentemente, o seu valor mais baixo face ao dólar americano em quase três anos.
Contribuindo para a crise, surge o quarto corte de taxas de juro desde novembro e os resultados frágeis da manufatura chinesa.
Dados divulgados recentemente demonstram que a atividade produtiva chinesa desacelerou, fixando-se no seu valor mais baixo em agosto, num momento em que a produção e novas encomendas são negociadas a taxas de juro elevadas.
O Índice
Caixin China de Gestores de Compras (ou
PMI na sigla internacional) caiu para 47,1 pontos em agosto, em comparação com 47,8 em julho, sendo que o um resultado positivo deveria ser superior a 50.
Os componentes individuais deste índice demonstram que a produção, as novas encomendas e as novas encomendas de exportação diminuíram a uma taxa mais rápida face ao mês anterior. Os preços de entrada e saída também baixaram a um ritmo mais acelerado, porém a queda da procura conduziu a um aumento dos estoques de produtos acabados.
Em todo este cenário, os exportadores chineses devem sair ilesos, já que muitas empresas do país adquirem bens de exportação na China em dólares norte-americanos um benefício que ainda não se fez notar, já que tal desvalorização não foi tão significativa.
Para as empresas
americanas têxteis e de vestuário, a desvalorização da moeda chinesa representa um misto de riscos e oportunidades, pois se por um lado as exportações de vestuário chinesas deverão ficar mais baratas, por outro, as importações de produtos provenientes dos EUA, como o algodão e o fio, ficarão mais caras, tornando a aquisição dos mesmos desinteressante para os fabricantes chineses.
Já as empresas têxteis e de vestuário da
União Europeia, deverão ser intensamente afetadas pela desvalorização, já que o aumento das exportações da UE vinham sendo alimentadas pela desvalorização do euro em 2015, e sob tal cenário, poderão tornar-se mais amenas, ou mesmo poderão se estabilizar, de acordo com especialistas da indústria.
De acordo com
Roberta Adinolfi, gestora de economia e de estatística da
Euratex, em 2014 a China foi responsável por quase um terço das importações têxteis do país e 39% das importações de vestuário em 2014”.
As exportações poderão aumentar ainda mais, levando a China a conquistar quota de mercado adicional em outros mercados asiáticos, como Índia, Bangladesh e Vietnam, o que representaria uma profundidade maior do déficit comercial da União Européia face à China.