Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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No edição dos 20 anos da SPFW, marcas de peso não participam

Por trás de um vestido, pode haver várias histórias. O estilista Alexandre Herchcovitch, que abriu a temporada de moda no domingo, 18, em um desfile no saguão da Prefeitura Municipal, conta que sua nova coleção é sobre amor e perda, perversão, sexo e poder. O fato de ter escolhido basicamente cores clássicas e básicas como o preto e o off white também diz muito sobre o momento. Em tempos de crise econômica, o consumidor, claro, fica mais seletivo e prefere investir em peças à prova de tendências, consideradas de longa duração. Com as vendas fracas no comércio de moda puxando para baixo os números do varejo de maneira geral, o desafio do setor e da elite da moda nacional hoje é não se deixar abater - coisa que, naturalmente, não está sendo fácil.

Na temporada de inverno 2016, que comemora 20 anos da SPFW, marcas de peso desistiram de participar. Estão fora do evento TNG, Cavalera, 2nd Floor, Isabela Capeto, Paula Raia, Acquastudio e Sacada. "Estava me preparando desde o começo do ano para esse desfile. Viajei pela Ásia e Europa em busca de matérias-primas. Mas, em função do aumento do dólar, tive de cancelar tudo porque ficaria inviável financeiramente", diz Alberto Hiar, dono da Cavalera. "Isso tirou minha criatividade. É muito difícil fazer um desfile em um país com essa desgovernança e sem nenhuma política estabelecida, que ofereça condição de planejar uma coleção."

Em compensação, a semana terá duas novas marcas, Ratier e Coven. Além de contar com um desfile especial da estilista Lethicia Bronstein, que assina uma coleção para a Riachuelo. "A moda tem como princípio mudar e se renovar o tempo todo. Só nas últimas edições entraram 10 novas marcas. É natural que em um momento como esse, algumas decidam não se apresentar", diz Paulo Borges, diretor criativo da SPFW. "Enxerguei o convite da SPFW como uma oportunidade. Por isso resolvi investir", diz o estilista Renato Ratier, que estreia na sexta-feira, 23, último dia do evento.

Além do entra-e-sai das grifes, a novidade do evento é a volta ao Prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera - as última edições foram em pavilhões armados no Parque Cândido Portinari. Alguns estilistas, no entanto, preferiram buscar lugares alternativos, fora da Bienal, para suas apresentações. Patricia Vieira, famosa por sua moda em couro, desfila na Centro Universitário Belas Artes, por exemplo. Galerias de arte e estúdios fotográficos também servirão de locação para as passarelas. "Nós já fizemos desfiles no Minhocão, na Avenida Paulista, no Rio Tietê. Levamos a moda até a cidade e ajudamos a construir uma cultura de moda no País", lembra Borges.

O ponto de partida para a coleção de Gloria Coelho foram os nórdicos e as antigas tribos inglesas. "Nosso ícone de estilo da temporada é o Jon Snow", diz Gloria, fã da série "Games of Thrones", que usou bastante couro, lã e pelo de carneiro. "Na prática, minha ideia é oferecer peças para as diferentes fases da mulher, com blazers chiques para as mais velhas, e shortinhos de alfaiataria para as meninas que vão dançar à noite."

A Riachuelo costuma fazer todo o ano três coleções em parceria com estilistas convidados. Nessa edição, será a vez de Lethicia Bronstein. Conhecida por seus vestidos românticos e femininos de festa, a designer preparou uma linha de tubinhos, saias rodadas e modelos em A, com renda, estampas florais e oncinhas. "São 78 modelos, que estarão à venda no dia seguinte ao desfile", diz Marcella Kanner, gerente de marketing da marca.

O universo artístico de Renato Ratier é bastante particular. Dono de casas noturnas como a D-edge, Ratier abriu uma marca de moda homônima no ano passado e agora estreia na semana de desfiles com roupas femininas e masculinas. Criado em Mato Grosso do Sul, ele mistura a estética minimalista e meio dark com elementos folk. "Apresentaremos um tricô de couro bem diferente", antecipa ele.

A modelo Carol Trentini será a estrela da passarela da Ellus. Garota propaganda da marca há dois anos, a top desfilará com exclusividade a linha esportiva da grife, grande aposta da Ellus para a estação. "O jeans forrado por moletom é o tecido-chave da coleção", diz Adriana Bozon, diretora da marca. "Traremos ainda mochilas, tênis e peças confortáveis, feitas sob medida para a vida urbana."

Alexandre Herchcovitch e a São Paulo Fashion Week começaram juntos, há cerca de vinte anos. De lá para cá, o estilista se consagrou por sua moda urbana e provocativa. Dessa vez, a coleção foca no universo boudoir, com sedas e rendas. "Além de ser um megamix de tudo o que já fiz na vida em moda, com as inspirações do início de carreira e a antiga obsessão pelo corpo", diz ele.

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   "A moda tem como princípio mudar e se renovar o tempo todo. Só nas últimas edições entraram 10 novas marcas.

"Estava me preparando desde o começo do ano para esse desfile. Viajei pela Ásia e Europa em busca de matérias-primas. Mas, em função do aumento do dólar, tive de cancelar tudo porque ficaria inviável financeiramente", diz Alberto Hiar, dono da Cavalera. porque nao diz que é porque nao tem dinheiro para pagar a fortuna que a luminosidade cobra para uma marca desfilar, se fosse criativo e inovador nao precisava de tecidos de fora do pais, o problema e que a receita de fazer desfile e estourar de vender nao funciona mais, tem que inovar, tem que ousar, tem que ter design e isto esta marca nunca teve sempre foi fast fashion feijao com arroz, mas se tem o governo para levar a culpa entao esta tudo certo.

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