Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Crise? Estilistas negam dificuldades e se mostram otimistas em relação ao setor

Na temporada que celebra 20 anos de SPFW, o cenário de crise econômica parece ter ficado do portão para fora da Bienal do Ibirapuera. Em entrevistas à Marie Claire, estilistas afirmam não atravessar fase difícil e falam sobre a importâncias das marcas se reinventarem

Carol Trentini abre o desfile da Ellus e se destaca como a top mais renomada da edição (Foto: Agência Fotosite)

Apesar da ausência de tops renomadas - Carol Trentini foi o nome mais forte da temporada - e das salas de desfiles reduzidas, nas passarelas e nos bastidores da 40ª edição do São Paulo Fashion Week o cenário é de negação da crise econômica. As coleções, inclusive, chegam a surpreender positivamente consultores de moda que acompanham a semana de moda paulistana há 20 anos.

“Esta edição está, sem dúvida, melhor do que a última”, afirmou Costanza Pascolato, figura sempre presente na primeira fila dos desfiles e reconhecida como uma autoridade de moda no Brasil. “A passada estava muito dispersa. Desta vez, cada uma das marcas tentou estabelecer sua própria identidade. Vejo que elas estão se restruturando.”

À frente de uma das maiores empresas brasileiras do ramo têxtil, a Tecelagem Santaconstancia, fundada em 1948, ela reitera que todo momento de crise é uma oportunidade de “transformação e seleção”. “Quem sobreviver vai precisar se adaptar às novas realidades. É preciso acompanhar o lifestyle contemporâneo e vestir as pessoas para isso.”

O discurso nos bastidores faz coro ao de Costanza. Ao ser questionada sobre uma possível mudança de consumo, a estilista Patricia Bonaldi, cujos vestidos de festa carregam etiquetas quase sempre na casa dos quatro dígitos, afirmou sem rodeios: “Eu ainda não senti a crise”. Mas está preparada para uma possível virada. “Se eu sentir, vai ser natural. A gente está em um período político e econômico diferente. Porém, acho que é o momento de ser criativo e competitivo para passar bem por ele”, justificou.

Adriana Bozon, diretora criativa da Ellus, que comemora 43 anos de existência, contou minutos antes de apresentar uma linha completamente nova dentro do portfólio da marca, a Ellus Sport Deluxe, que atravessa um bom momento. “Estamos crescendo no acumulado do ano. No varejo, já alcançamos 8% de crescimento”, contou. “Vejo isso como resultado de duas coisas, de um lado administrativo muito bem executado e de uma reinvenção constante, trazendo a história da moda atual para o nosso negócio. Já passamos por diversas crises no Brasil, inclusive a do Fernando Collor, e acho que todas elas foram oportunidades que tivemos para nos fortalecer. É a hora de quem é sólido se destacar.”

Já Ronaldo Fraga, que desfilou uma coleção que fala do amor como um ato de resistência, enxerga esse cenário oportuno para uma união de forças do setor. “Assim como o Brasil reinventou o cinema, precisamos nos unir para fortalecer a moda.” E isso, segundo ele, só vai acontecer por meio de articulações políticas e da valorização da indústria nacional.

Patricia Bonaldi, Ronaldo Fraga e Adriana Bozon (Foto: Agência Fotosite)

Matéria-prima
Entusiastas do trabalho manual, tanto Ronaldo Fraga quanto Patricia Bonaldi, enxergam o artesanato como um recurso valioso na hora de reinventar a moda nacional e torná-la mais competitiva. “Nós temos que melhorar o nosso produto”, assinala o estilista mineiro, que criou 100% da coleção com matéria-prima nacional.

“Usei a seda pura, do Vale da Seda, que fica no Paraná. Precisamos fortalecer nossa indústria, não só pela questão econômica, como também pela cultural e afetiva. Nossa história passa por ela”, conta o estilista. O Brasil é o único produtor de fio de seda em escala comercial no Ocidente. No ranking mundial, o país fica na quarta posição, atrás apenas da China, Índia e Uzbequistão.

“Em períodos de crise, acho que, quanto mais única for a peça, mais as pessoas topam pagar por ela, por se tratar de algo precioso”, acrescenta a conterrânea Patricia. “O que você faz manualmente, ninguém reproduz. Isso dá valor ao produto e força para que ele sobreviva.”

Alta do dólar
Apesar de o dólar nas alturas causar certa decepção no brasileiro que havia ganhado mais poder de compra lá fora, a alta cotação da moeda estrangeira é vista pelos designer locais com uma espécie de oportunidade. “Caiu o índice de brasileiros consumindo lá fora. Então, esse mercado está vindo para cá”, conta esperançosa Adriana Bozon. “Nossos preços ficaram mais atrativos."

Segundo dados do Banco Central, em julho, mês de férias, houve queda de 30,39% nos gastos dos brasileiros em viagem ao exterior. Além disso, 39% desistiu de viajar por conta da alta do dólar. “Isso, sem dúvida, ajuda o produto nacional, porque ficamos mais competitivos internamente”, afirma Patricia Bonaldi.

Adriana assegura ainda que, com a queda nas viagens e no consumo de bens mais caros, como automóvel e imóvel, “as pessoas têm olhado mais para o vestuário comosinônimo de status”.

http://revistamarieclaire.globo.com/Moda/noticia/2015/10/crise-esti...

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seria comico se nao fosse tragico

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