A aposta da indústria da tecnologia é a de que o grafeno vai revolucionar a eletrônica criando aparelhos flexíveis, inquebráveis, impermeáveis e ultra finos. Helena Alves, cientista daUniversidade de Aveiro (UA) em Portugal, juntamente com uma equipa internacional, descobriu uma nova técnica para incorporar eletrodos de grafeno transparentes e flexíveis em materiais têxteis.
A técnica inovadora permite à indústria têxtil, a partir de agora, produzir roupas inteligentes que poderão incorporar em seu tecido: celular, leitor mp3, GPS, sensores de monitorização médica, dispositivos de segurança camuflados, entre outros dispositivos que poderão funcionar com a energia do calor e do movimento corporal do usuário. A moda nunca mais será a mesma!
Helena Alves, da Universidade de Aveiro (UA), descobriu uma nova técnica para incorporar elétrodos de grafeno transparentes e flexíveis em materiais têxteis.A imaginação é mesmo o limite para as potencialidades da descoberta publicada no final da última semana na revista Scientific Reports do grupo Nature.
A técnica inovadora, no âmbito da investigação internacional liderada pelo Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (Ciceco) – Instituto de Materiais da UA, consiste numa eletrônica transparente, onde são incorporados eletrodos de grafeno, uma nova forma de carbono, descoberta em 2004, com a espessura de um só átomo, quase transparente, denso, resistente, condutor da eletricidade e do calor e tão elástico que pode ser esticado até 20% do seu tamanho original.
A cientista explica que ainda levará alguns anos até se iniciar a confecção das roupas, estando esse processo neste momento em estudos. Um das primeiras peças idealizadas é uma camisa que “muda de cor durante o dia, de manhã é vermelha e à tarde pode ser azul”, adianta a cientista, argumentando que não será preciso comprar várias camisas de cores diferentes, pois será possível ter “20 camisas diferentes numa só”, graças aos componentes eletrônicos.
Até agora, a eletrônica transparente incorporada na roupa era impossível devido à fragilidades dos materiais têxteis e pelo fato de não suportarem as temperaturas elevadas ou os processos agressivos a que estavam sujeitos. Mas além disso, “os tecidos são fibrosos, o que torna difícil a adesão de outros materiais”, diz a cientista. No entanto, esse problema foi contornado pela equipa liderada por Helena Alves, que usou grafeno em monocamada, suspenso numa solução aquosa e transferido para as fibras, permitindo aos investigadores tratar o material a uma temperatura ambiente.
Graças à transparência e flexibilidade do grafeno, o toque, a maleabilidade e a cor dos tecidos permanecem inalterados, não sendo possível a sua distinção de uma peça de roupa normal. Além de Helena Alves, do Ciceco, estiveram envolvidos na investigação cientistas da Universidade de Exeter (Inglaterra), do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores para os Microssistemas e as Nanotecnologias (Lisboa), da Universidade de Lisboa e do Centro Belga de Investigação Têxtil.
É com a ajuda do grafeno que a empresa Tamicare pretende se tornar a líder mundial na fabricação de tecidos inteligentes feitos em larga escala através de impressão 3D com suatecnologia Cosiflex, o que vai revolucionar completamente a tecelagem tradicional.