Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Nos últimos meses, as dificuldades de alguns dos mais conceituados nomes da moda feminina de preço médio tomaram conta das notícias do retalho. As lojas baluartes dos centros comerciais norte-americanos, como a Gap, J. Crew e Urban Outfitters, divulgaram recentemente vendas dececionantes, tal como os grandes armazéns Nordstrom e Macy’s.

Há, depois, vários fatores que acentuam estas dificuldades, como o tempo excecionalmente quente, que retraiu a venda de casacos, botas e luvas, ou mesmo os problemas internos – a Gap, a Banana Republic e a J. Crew têm apresentado design e estilos desatualizados, analisa o The Washington Post. No entanto, alguns especialistas do sector têm apontado outro possível culpado pelas fracas vendas de vestuário feminino.

Ao relatar as vendas trimestrais dececionantes na Urban Outfitters – a empresa que inclui a cadeia com o mesmo nome, bem como a Anthropologie e a Free People –, o CEO Richard Hayne afirmou que «a atual falta de entusiasmo dos clientes para as categorias de vestuário e acessórios é, em primeiro lugar, resultado da falta de novidade». Maria Mendelsberg, analista de retalho na Cambiar Investors, sublinha também a escassez de novos estilos como um dos fatores que terá pesado nas vendas da retalhista na última quadra natalícia. Numa nota relativa a janeiro, o analista de retalho Brian Tunick, da RBC Capital Markets, escrevia que as vendas de 2016 poderiam ser pressionadas devido a «uma falta de chamada do consumidor à ação, até que se tenha um próximo ciclo de moda».

Essencialmente, está a levantar-se a questão: Estarão as mulheres a sofrer de tédio de moda? Para refletir sobre isso, um retrocesso a 2007 pode ajudar – este foi o ano em que os skinny jeans chegaram aos armários de muitas mulheres e suplantaram o estilo bootcut que tinha sido uma pedra angular nos seus guarda-roupas desde os anos 1990. Depois disso, basta pensar em todas as outras mudanças de moda que aconteceram devido ao boom daquele modelo: as botas de cano alto onde estes entravam na perfeição, ou os tops soltos, que davam algum equilíbrio à silhueta justa ao corpo dos jeans.

Foi uma mudança estética de grande escala, um momento em que, de repente, muito do guarda-roupa roupa feminino pediu uma atualização. E, embora novas tendências tenham florescido desde então, – o athleisure, as saias midi, os crop tops, etc. –, o coordenado ancorado nos skinny jeans tem sido uma constante há algum tempo.

«No geral, as partes inferiores do vestuário levam cerca de 10 anos a evoluírem totalmente», considera Sidney Morgan-Petro, editora de retalho no portal de tendências WGSN. «É realmente algo que pode definir uma década». De acordo com esta análise, o desfecho do capítulo dos skinny jeans está muito próximo, se não estiver já a acontecer. E, esse período, pode apresentar-se como uma fase complicada para os retalhistas de vestuário.

«Se olharmos para os guarda-roupas e virmos que as pessoas ainda estão a usar o mesmo tipo de artigos, não há realmente nenhuma pressão para irem comprar as mesmas coisas», argumentou Mendelsberg. Deste modo, os retalhistas estão a empurrar cuidadosamente os consumidores para algo novo.

O WGSN estudou as peças “new-in” nos inventários online do comércio para este outono e inverno e a análise constatou que os skinny jeans diminuíram 6,3% dentro deste conjunto em apenas um ano. Enquanto isso, os flare jeans aumentaram a sua quota em igual número.

O WGSN analisou ​​separadamente que estilos e silhuetas apareceram nas passerelles de apresentação das propostas para a primavera-verão 2016. O estudo revelou que o estilo wide-leg cresceu 93% (ver Tempo de relaxar) em comparação com as passerelles da estação quente do ano anterior, enquanto as flare (boca de sino) saltaram 78%. Os skinny jeans tiveram uma ligeira queda de 3%.

Morgan-Petro, com base na sua investigação em geral, acredita que as calças de estilo culotte são a próxima grande tendência neste segmento. Em parte, a editora do WGSN observa que o estilo cropped (ver Prenúncios de libertação) funciona melhor com algumas das principais tendências de sapatos atuais, incluindo as ankle boots e os sapatos de atacadores estilo ghillie que estão em todos os espaços, da Bergdorf Goodman à American Eagle Outfitters.

Ainda assim, nem todos estão convencidos de que as mulheres estão a experimentar uma fadiga de moda. Katie Smith, analista de retalho e moda na Edit, tem um quadro diferente. A Edit estudou o número de novos artigos nos inventários dos retalhistas online sendo que a análise descobriu que, nos últimos três meses, cerca de 40% do stock de moda feminino norte-americano era novo.

A Bloomingdale’s, por exemplo, tinha 47% mais novidade na sua oferta nos últimos três meses do que durante o mesmo período no ano passado. Isso significa que as mulheres estão a ver muitas peças de vestuário novas. «Esteticamente, não sinto uma fadiga nos dados ou nas comunicações da retalhista», assegura Katie Smith. A analista de retalho e moda aponta ainda que, embora os skinny jeans tenham permanecido firmes durante algum tempo, já experimentaram algumas iterações diferentes: primeiro com lavagens escuras, depois em versões de cores brilhantes e, mais recentemente, com estilos desgastados e rasgados.

Com as coleções para a estação quente a chegarem às lojas este mês, espera-se que seja já possível ter uma ideia mais clara de como as cadeias de moda vão encaminhar a ala feminina para o adeus aos skinny jeans – e se esta vai responder favoravelmente a essas propostas.


FONTETHE WASHINGTON POST
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 Ainda assim, nem todos estão convencidos de que as mulheres estão a experimentar uma fadiga de moda.

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