Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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“Quase falimos. Precisei ouvir 85 ‘nãos’ para finalmente ouvir um ‘sim’ de um investidor”

Pedro Romi, CEO do Retroca, na nova sede da empresa em São Paulo.
Pedro Romi, CEO do Retroca, na nova sede da empresa em São Paulo.

Que empreender é difícil – ainda mais no Brasil – todo mundo sabe. Mas, qual o limite da persistência? Aos 28 anos de idade, o administrador de empresas Pedro Romi tem uma resposta na ponta da língua: “Não existe limite”. Ao lado dos amigos Caio Sagae, 27, Andre Teves, 30, e Andréia Cha,27, ele fundou o Retroca: uma plataforma online na qual usuários podem vender e comprar roupas infantis novas ou seminovas.

Apesar do sucesso atual e da ascensão da startup (no ano passado, o faturamento foi superior a 1 milhão de reais), há não muito tempo, a trupe enfrentou alguns problemas financeiros e quase desistiu do projeto.

“A gente conseguiu um investimento logo no começo do negócio. Só que esperamos o dinheiro acabar para buscar mais. Passamos alguns meses bem desesperadores tentando encontrar uma saída e, diversas vezes, pensamos que a empresa iria acabar. Até que, finalmente, demos a volta por cima”, diz Pedro. O susto passou. Os aprendizados ficaram:

“Não temos vergonha de admitir que erramos, pois aprendemos muito. Hoje, confiamos mais no nosso potencial e estamos ainda mais unidos”

Por falar em união… Pedro nasceu em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, e aprendeu cedo o significado disso. Filho de um engenheiro mecânico e de uma artística plástica, passou a infância brincando com os dois irmãos (um mais velho e outro mais novo) e quatro primos que moravam na casa ao lado.

“Eram sete moleques, praticamente da mesma idade, que não se desgrudavam um minuto. Até hoje somos muito unidos”, conta. No quesito relacionamento amoroso, a história também se repete. “Eu e a minha mulher, com quem sou casado oficialmente desde 2014, estamos juntos há quase 15 anos. Sem a ajuda dela, com certeza, eu não estaria aqui agora”, diz.

Os sócios do Retroca: Caio Sagae, Andre Teves, Andréia Cha e Pedro Romi.

Os sócios do Retroca: Caio Sagae, Andre Teves, Andréia Cha e Pedro Romi.

A vontade de empreender, no entanto, veio de outras gerações. O bisavô e o avô de Pedro foram os fundadores das Indústrias Romi – uma companhia quase centenária que, ao longo de sua trajetória, desenvolveu projetos inovadores e historicamente importantes. Entre eles, o Romi-Isetta, o primeiro carro de passeio fabricado no Brasil.

A partir de 1972, a empresa deixou de ser um negócio familiar e se transformou numa multinacional de capital aberto. Entre os produtos atualmente comercializados destacam-se máquinas e ferramentas para os setores automobilístico, agrícola e também de plástico. Para muitos, assumir um legado como esse poderia ser um presente. Mas, Pedro pensava diferente. “Durante um bom tempo, meu pai foi responsável pela gestão dos negócios da família. De certa forma, sempre fui influenciado a seguir os passos dele. Porém, assim como meus irmãos, decidi criar o meu próprio caminho”, diz.

Depois de se formar no ensino médio, em 2004, ele se mudou para São Paulo e começou a estudar Administração de Empresas na FGV. O primeiro emprego foi em um banco de investimentos do grupo Bradesco. Antes de começar a empreender, o co-fundador e CEO do Retroca ainda trabalhou no UBS, um banco internacional que havia acabado de chegar ao Brasil. “Fui o primeiro analista que eles contrataram aqui”. Após três anos lá, decidiu que era hora de mudar. Não apenas de emprego, mas também de área.

“Trabalhar em bancos de investimento é incrível, pois você amadurece e cresce profissionalmente muito rápido. Mas, em compensação, existem muitos processos que não permitem inovar”, ele conta. Um dos amigos que Pedro fizera no trabalho era Caio Sagae que, assim como ele, queria fazer “algo diferente”.

Parte da equipe do Retroca, que tem 15 funcionários e funciona em um galpão na Zona Oeste de São Paulo.

Pedro (lá no alto) e parte da equipe do Retroca, que tem 15 funcionários e funciona em um galpão na Zona Oeste de São Paulo.

Os dois passaram a estudar o mercado de empreendedorismo digital em busca de uma oportunidade. E ela apareceu. “Um dia, conhecemos uma startup americana que se chama thredUP. Naquela época, eles já faturavam milhões e milhões vendendo roupas seminovas nos Estados Unidos. Daí, chegamos a conclusão de que investir em algo parecido aqui no Brasil poderia ser uma boa”, conta Pedro.

Depois de algumas adaptações de conceito e uma remodelagem no negócio, o Retroca começou a nascer. Juntaram-se então ao time o programador Andre e a engenheira de produção Andréia, amigos de longa data de Caio.

Para iniciar as operações, o quarteto desembolsou algo próximo a 100 mil reais. O apartamento de Pedro – o mesmo que ele dividia com os dois irmãos em São Paulo – se transformou no escritório da empresa. Em março de 2013, Pedro e Caio saíram oficialmente do banco para se dedicar ao projeto. Três meses depois, no dia 18 de junho, a primeira versão do site estava no ar.

SIMPLES E LUCRATIVO

Pedro define seu negócio como “um e-commerce colaborativo de roupas novas e seminovas para crianças”. Na prática, o Retroca é como um brechó infantil, totalmente online, que compra roupas das regiões Sul e Sudeste do país e as revende para qualquer lugar no Brasil. A mecânica é simples:

1) Os interessados em vender entram em contato com o Retroca e recebem uma sacola customizada em casa ou um código postal.
2) Todas as roupas são colocadas na sacola e enviadas de volta à empresa.
3) Uma equipe avalia a qualidade dos produtos e, em caso de aprovação, o Retroca paga para ficar com a mercadoria.
4) As roupas são dobradas, etiquetadas, fotografadas e, por fim, colocadas à venda.

De grifes nacionais a internacionais, os descontos oferecidos no Retroca chegam a 70% do valor de uma nova. “Uma peça que custa R$ 100 numa loja, por exemplo, nós compramos por R$ 10 e vendemos no site por R$ 30”, diz. No catálogo online não faltam peças da Carter’s, Baby Gap e H&M (marcas entre as preferidas de mães que viajam aos EUA para aproveitar os preços de lá).

OS ERROS, A CRISE E A VOLTA POR CIMA

Em abril de 2014, já com alguns clientes na plataforma, veio o primeiro investimento-anjo. “Eu e o Caio nunca deixamos de falar com o nosso ex-chefe do banco. Ele sempre acompanhou de perto a evolução da empresa e, um dia, decidiu investir R$ 200 mil”, conta. Nos 12 meses seguintes, o faturamento aumentou sete vezes. Mas, não foi o suficiente. Com uma despesa mensal maior do que a receita, o dinheiro em caixa começou a acabar.

Pedro e seus sócios foram atrás de um novo investidor. Só que, dessas vez, não foi fácil encontrá-lo. Eles listaram quase 90 possíveis investidores e marcaram reunião com todos. Começaram a colecionar recusas:

“Depois de tantas negativas, a nossa vontade era desistir de tudo. Mas a gente sabia que bastava um único ‘sim’. No fim, tivemos que ouvir 85 ‘nãos’ antes de ouvir o ‘sim’ que precisávamos”

Agora, os tempos são outros. Instalada em um galpão com mais de 400 metros quadrados no bairro de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, a startup já conta com cerca de 15 funcionários e cresce a cada mês. Pedro prefere não revelar a quantia exata do segundo investimento. Apenas diz: “algo em torno de 1 milhão de reais”.

Em 2015, a empresa comercializou mais de 30 mil peças de roupas e, com isso, chegou a um faturamento superior a 1 milhão de reais. Para este ano, a expectativa vai bem além. “Queremos faturar 5 milhões de reais”, conta Pedro. O segredo para chegar lá? “Paciência. Muita paciência. A verdade é que sempre existirão um milhão de obstáculos pela frente.”

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Respostas a este tópico

Parabéns aos empreededores. Sucesso.

   Em 2015, a empresa comercializou mais de 30 mil peças de roupas e, com isso, chegou a um faturamento superior a 1 milhão de reais.

   Nos 12 meses seguintes, o faturamento aumentou sete vezes. Mas, não foi o suficiente. Com uma despesa mensal maior do que a receita, o dinheiro em caixa começou a acabar.

Bonito, muito bonito, ver o jovem "FAZER ACONTECER".
Sucessos mil.

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