Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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BR mais produtivo: Governo lança política industrial de baixo custo

Sem a mesma pompa do Plano Brasil Maior, lançado em 2011 numa cerimônia com dezenas de empresários no Palácio do Planalto, o governo apresenta nesta quarta-feira (06/04) um novo programa de política industrial. Desta vez a aposta é em uma iniciativa horizontal, de baixo custo, resposta imediata, intervenções cirúrgicas no chão de fábrica e resultados facilmente mensuráveis, segundo definição do ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto.

Austeridade - O Brasil Mais Produtivo, que será lançado de forma mais austera e nas próprias dependências do ministério, tem orçamento previsto de R$ 50 milhões. A ideia é fazer uma intervenção rápida, com 90 dias de prazo, nos processos produtivos de três mil empresas de pequeno e médio porte (até 200 empregados) em quatro setores: moveleiro, metal­mecânico, alimentos e bebidas, vestuário e calçados.

Consultoria - Cada indústria vai receber uma consultoria sob medida, específica, para reorganizar seus espaços físicos e eliminar problemas identificados nas linhas de produção. Essa consultoria terá 120 horas de duração, por empresa, e uma meta clara: pelo menos 20% de aumento de produtividade, no prazo de seis meses, contados a partir do término de todas as intervenções.

Bolsa-produtividade- "É uma espécie de bolsa­produtividade", definiu o ministro, em entrevista ao Valor. Ele explica que não há a ambição de carimbar o Brasil Mais Produtivo como uma nova geração de política industrial, mas de atacar um problema concreto sem ficar à espera de soluções para questões estruturais, como o déficit de infraestrutura e as deficiências de qualificação dos trabalhadores.

Limitado - "Eu reconheço o programa como limitado, mas ele representa uma forma objetiva de atuar sem ficarmos numa posição de apenas chorar pelo desequilíbrio macroeconômico", afirmou Monteiro. "Não dá para fazer, no ambiente que ainda vivemos e em um processo de estabilização incompleto, planos que tenham macrometas associadas, por exemplo, a novos pedidos de financiamentos ou a coeficientes de exportação."

Referência - Não deixa de ser uma referência ­ que o ministro evita fazer diretamente ­ ao controverso Brasil Maior. O plano era uma metralhadora giratória de iniciativas aplaudidas em um primeiro momento, com renúncia tributária estimada na casa de dezenas de bilhões de reais, incluindo medidas que iam da desoneração da folha de pagamento à criação do Reintegra (regime de devolução parcial dos impostos pagos pelos exportadores ao longo da cadeia produtiva).

Efeitos - Não houve os efeitos esperados. Quase tudo foi revertido diante do quadro de forte deterioração fiscal. Monteiro não critica aquele programa, mas admite: "Houve certa confusão entre o que é política industrial e o que é política anticíclica". Além disso, segundo ele, a macroeconomia acabou jogando contra.

Experiência bem-sucedida- Com formato simples, o programa que será anunciado nesta quarta tem uma experiência bem­sucedida do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) como ponto de partida. Em um projeto­piloto, 18 empresas receberam consultoria para otimizar seus processos e obtiveram ganho médio de 42% nos indicadores de produtividade. Muitas intervenções são relativamente básicas: em uma indústria metal­mecânica, por exemplo, os funcionários andavam 300 metros e demoravam mais de uma hora para montar cada equipamento.

Mudança - Bastou uma mudança nas estações de trabalho e reorganizar as peças para diminuir a distância percorrida para oito metros e reduzir em quase dois terços o tempo total para finalização do produto. Diante dos bons resultados atingidos, a decisão do governo foi dar escala ao projeto.

Recursos - O orçamento do Brasil Mais Produtivo é de apenas R$ 50 milhões. Metade do dinheiro virá do Senai. A outra metade provém do Ministério do Desenvolvimento, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da Agência de Promoção de Exportações (Apex). O custo de cada intervenção alcança R$ 18 mil ­ as empresas vão bancar R$ 3 mil do total. Aproximadamente 400 consultores serão mobilizados.

Foco - "É uma metodologia focada no chão de fábrica", explica o secretário do Desenvolvimento da Produção, Carlos Gadelha, um dos principais responsáveis pela elaboração do programa. Os indicadores vão medir, entre outros, o tempo parado na produção e o tempo de troca de máquinas. Também serão mensurados o índice de "retrabalho" ­ produtos com falhas que precisam ser reprocessados ­ e, finalmente, o retorno financeiro das empresas.

Efeito disseminador- Gadelha ressalta a expectativa de que haja um "efeito disseminador de boas práticas" com o programa. Como as 3 mil empresas serão selecionadas em 70 arranjos produtivos locais, espalhados por todos os Estados, espera­se que fábricas "vizinhas" se espelhem nas ações adotadas por quem conseguiu resultados animadores. Esses polos regionais têm 32 mil indústrias.

Sem privilégios- Uma das preocupações do governo é deixar claro que o novo programa não privilegia ninguém. Parece uma contradição quando se observa que quatro ramos da indústria serão inicialmente contemplados, mas o secretário faz questão de explicar: esse tipo de intervenção não teria impactos tão visíveis em áreas como biotecnologia ou a farmacêutica. Não se trata de eleger quem vai ou não receber consultoria, mas onde ela pode efetivamente funcionar. "As cadeias produtivas que foram priorizadas emergem pela aderência às ações, não por uma escolha aleatória de setores."

Recompensa - Na tentativa de criar um sistema de recompensa às empresas, quem atingir as metas estipuladas deverá ganhar preferência na liberação de financiamentos do BNDES, em linhas voltadas para pequenas e médias indústrias. (Valor Econômico)

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