Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Uma das promessas feitas pela impressão 3D na moda é a de que, um dia, a tecnologia vai permitir que os consumidores entrem numa loja, deixem as suas medidas a um colaborador e saiam com uma peça de vestuário única feita na hora. Mas ainda não se cumpriu.

Ainda não se chegou lá, mas o cenário começa a parecer possível para a tricotagem 3D, realidade próxima da impressão 3D que usa fio para produzir uma peça completa, tridimensional. Em vez do rígido produto de plástico criado por uma impressora 3D – bom para calçado, não tão bom para vestuário – esta tecnologia produz camisolas, casacos e qualquer outra peça de malha.

Algumas empresas já estão a usá-la. A coleção de outono da linha Uniqlo U irá incluir malhas impressas em 3D, e a marca está a trabalhar num novo sistema de produção baseado na tecnologia. Algumas marcas disruptivas, incluindo a Adidas, estão a experimentar a tricotagem 3D por medida nas lojas, sugerindo um papel ainda mais relevante da tecnologia na produção de moda e no retalho nos próximos anos.

Ainda assim, o esforço mais significativo até à data, considera a Quartz, é o da marca Ministry of Supply, com sede em Boston, que instalou permanentemente a tecnologia na sua loja na cidade de Newbury. Aman Advani, cofundador da marca de rápido crescimento, que vende roupas de performance para o ambiente de escritório, considera que «este não é um produto de nicho». «Este é o primeiro passo de um caminho mais longo para um método de produção sustentável e forte que está aqui para ficar», completa. A empresa acredita, por isso, que a produção dentro do espaço de retalho será o futuro do sector.

Pelo menos em teoria, os benefícios são claros: a impressão 3D permite que os consumidores personalizem os itens de acordo com as suas especificações, atendendo à crescente procura de produtos personalizados. Permite que as lojas tenham menos stocks, uma vez que uma peça só é criada quando há um cliente pronto a comprá-la, o que significa menor risco de descontos e stock parado. Além disso, a tecnologia transforma o retalho numa experiência, fazendo com que os consumidores queiram visitar as lojas físicas e construir uma conexão pessoal com estes espaços, em vez de fazerem compras online.

A Ministry of Supply está a começar com apenas um item, um blazer, (embora a malha e o peso o aproximem mais de um cardigan) com planos para expandir a oferta mais tarde. «O fitting é espetacular», defende Advani.

Os clientes são capazes de personalizar a cor e os botões, embora ainda tenham de escolher dentro da gama de tamanhos da Ministry of Supply. Demora cerca de 90 minutos a tricotar e, de seguida, o blazer é lavado e seco. A peça custa 345 dólares (aproximadamente 316 euros), um pouco mais do que os 285 dólares do item não personalizado online.

Advani argumenta que a tecnologia 3D geralmente faz um produto superior. Uma peça seamless tricotada em 3D é desenhada e produzida numa única peça e em três dimensões, adaptada a um determinado tipo de corpo. A máquina é capaz de criar detalhes, tais como cotovelos e ombros articulados que facilitam o movimento. A tecnologia também produz menos resíduos do que a confeção tradicional.

É discutível quão melhor é uma peça tricotada em 3D do que uma feita com construção wholegarment ou fully fashion, na qual as costuras são tricotadas, em vez de costuradas, em conjunto. Mas o que a Ministry of Supply pode claramente oferecer é um produto personalizado que é feito no local. Essa promessa é atrativa o suficiente para que a Adidas também esteja a explorar a tricotagem 3D. Atualmente, a marca desportiva alemã oferece o serviço numa loja pop-up em Berlim, como parte de um impulso estratégico para uma produção mais ágil e personalizada. A Adidas leva a personalização ainda mais longe: os clientes podem entrar, fazer uma digitalização em 3D e ter uma camisola de lã merino feita de acordo com as suas especificações de tamanho e cor, lavada, seca e pronta dentro de quatro horas. As camisolas custam 200 euros.

A marca Eileen Fisher também analisou as possibilidades da tecnologia, juntando-se recentemente à Intel para demonstrar a tecnologia numa feira em Nova Iorque.

Muitas das máquinas em utilização, incluindo as da Ministry of Supply, são feitas pelos especialistas japoneses Shima Seiki. Esta é também a empresa com a qual a Uniqlo estabeleceu parceria para uma joint venture visando a criação de um novo sistema de produção de malhas centrado nas impressoras 3D.

Algumas das máquinas podem custar 180.000 dólares, um investimento significativo, especialmente para marcas mais pequenas.

Por isso, ainda pode demorar algum tempo até que cada consumidor seja capaz de imprimir as suas roupas em casa, como previu o futurista Ray Kurzweill, mas ter uma camisola de malha personalizada numa visita a uma loja já está ao alcance de muitos.


FONTEQUARTZ
https://www.portugaltextil.com/querida-imprimi-a-roupa/
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Por isso, ainda pode demorar algum tempo até que cada consumidor seja capaz de imprimir as suas roupas em casa, como previu o futurista Ray Kurzweill.

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