Superintendente do Sebrae, Zeca Melo, teme declínio das facções
“A gente está na perspectiva da vinda de outras empresas âncoras, como a C&A, a Farm. Mas quem vai vir para o Rio Grande do Norte contratar uma pequena indústria local com uma ameaça desse porte? Esses caras vão para outro lugar, provavelmente vão atravessar a divisa e se instalar no estado da Paraíba, que fica vizinho e, com eles, lá se vão nossos empregos”, disse o Zeca Melo.
Nos últimos anos, o Rio Grande do Norte tem apresentado um declínio visível na área da indústria de transformação, em especial na indústria têxtil. Em seis anos, foram perdidos cerca de oito empregos por dia na área, somando um total de mais de 15 mil pessoas desempregadas no setor. Para Zeca Melo, caso a tese do Ministério Público prevaleça, o resultado será o fechamento de mais vagas no Estado.
“A verdade é que veremos o fechamento de mais uma centena de empresas no Estado, se essa tese do Ministério Público prevalecer. E não porque elas estavam em descumprimento com as leis trabalhistas, mas sim porque vão faltar clientes. O Sebrae vê com muitíssima preocupação o desfecho dessa ação, porque ela pode sepultar definitivamente a atividade econômica industrial que começa a ganhar força no Rio Grande do Norte”, afirmou Zeca Melo.
Sobre a transferência das empresas de confecção para os Estados vizinhos, o procurador Paulo Joares afirmou não acreditar “que empresas se desloquem daqui para outros estados para evitar cumprir a legislação”. Ele reafirmou que em momento algum o MPT pediu pelo fechamento das facções e que “o principal objetivo do Ministério Público é que os trabalhadores sejam reconhecidos como empregados da Riachuelo ou que a Guararapes seja considerada responsável solidária por todos os direitos trabalhistas desses empregados”.