Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Mercado de camisetas continua em alta, mas é preciso ouvir o cliente para ter sucesso

Conheça histórias de empreendedores com longa trajetória no setor e oportunidades de negócios.

Aldo Lima, da Nonsense, um dos pioneiros do segmento de camisetas com temas pop: clientes fidelizados (Foto: Sebrae-SP)

Em 2003, quando o empresário Aldo Lima resolveu vender camisetas estampadas com temas que faziam referências à cultura pop e ao cinema alternativo, ele se recorda de haver apenas um concorrente nesse mesmo segmento de mercado em São Paulo.

Sua marca, a Nonsense, começou a crescer com o boca a boca, ganhou clientes fiéis e viveu uma grande expansão, chegando a cinco lojas próprias, oito franquias e 35 funcionários, incluindo o pessoal que trabalhava na fábrica.

O sucesso da marca foi “total”, segundo Lima, até 2013, quando a empresa começou a dar alguns sinais preocupantes.

Entre 2016 e 2017, a crise econômica falou mais alto e todas as lojas e franquias fecharam – só restou a venda online. “Todas as franquias passaram pelo mesmo problema que eu: as contas não fechavam. A crise foi muito real para mim”, conta o empresário.

A solução foi mudar a fábrica para Guarulhos, cortar 90% dos custos e assumir outras funções na empresa. Aos poucos, com o orçamento enxuto, o negócio começou a se reerguer e Lima já pôde abrir, em março, um espaço para showroom e vendas na rua Augusta. “Hoje, meus diferenciais são a malha de primeira linha, o preço, o bom atendimento e os clientes fidelizados”, diz.

O mercado de camisetas estampadas que se valem do humor, de personagens “geek”, da música e de filmes é uma área em alta para quem quer ter um negócio próprio. Geralmente, o perfil do empresário do segmento é de designers ou publicitários que desenhavam estampas e resolveram investir na venda para o público em geral.

Mas, como mostra a história da Nonsense, mesmo quem tem experiência no segmento sofre os efeitos da queda no poder de compra e do aumento da concorrência. “As grandes redes passaram a investir em moda, melhoraram a qualidade e têm preços mais baixos. Isso deixou o mercado inviável para muita gente”, observa Lima.

Tendência
De acordo com o consultor do Sebrae-SP Bruno Zamith de Souza, as camisetarias ainda são uma tendência, embora não haja nenhuma pesquisa mostrando qual o tamanho desse mercado – mesmo assim, ele acredita que ainda há espaço para novas marcas, desde que o empresário tenha clareza sobre qual é o seu público. “Se o empreendedor quiser fazer tudo o que já está sendo feito, não vai encontrar mercado. Então eu não acho que o setor esteja saturado, mas sim que há alguns nichos que ainda não foram bem testados”, diz.

Para o consultor, as camisetas com estampas criativas seguem uma linha de marcas de varejo que trazem uma “mensagem” para o seu consumidor. “Os clientes buscam uma marca que tenha um significado real, que tenha alma e que seja capaz de transmitir um estilo de vida”, afirma Souza. Isso inclui não só os momentos e ícones do pop, como também imagens que estejam relacionadas a algum tipo de movimento artístico ou cultural, como o dos grafiteiros.

As camisetas com estampas são uma peça relativamente nova no vestuário dos homens (e das mulheres).

Até as décadas de 1950 e 1960, a camiseta era parte do “underwear”, ou seja, da roupa íntima, e geralmente não eram usadas em público – estavam escondidas sob o terno e a camisa. Hoje, a peça é um “curinga” nos guarda-roupas masculinos e femininos, e é importante para compor o estilo de quem a usa, inclusive no ambiente de trabalho.

Sendo assim, a qualidade do produto é um item fundamental. “É fácil comprar tecido, mas o difícil e manter a qualidade. Hoje, em três dias você tem uma coleção pronta, só que o empresário precisa entender o que o cliente quer, se é um tecido melhor, uma modelagem mais ajustada”, explica o consultor.

Clientes fiéis
Além das estampas interessantes e da qualidade do tecido, uma camisetaria não consegue sobreviver se não aparecer para o seu público. Por isso, escolher onde vender é quase tão importante quanto o que vender.

O empresário Henrique West começou com a sua marca, a Siamese, em 2010. Ele trabalhava com design e fazia as camisetas como um hobby, mas percebeu que poderia transformar a atividade em um negócio.

Por dois anos, teve um  ponto físico para vender sua produção, mas atualmente mantém o comércio apenas pela internet.

Desse modo, ele consegue deixar a operação mais enxuta e pode se dedicar à relação com o consumidor. “Optamos por fechar a loja para podermos crescer”, afirma o empreendedor.

Hoje, além do e-commerce, West mantém um “T-shirt truck”, um veículo adaptado para expor as camisetas em eventos. “O truck funciona mais para divulgação do que em termos de faturamento. Nos eventos conseguimos ter um feedback sobre os produtos que é mais difícil de ter na internet”, explica.

No entanto, se por um lado a internet facilita para os empreendedores venderem suas camisetas para virtualmente qualquer lugar do Brasil, por outro os lojistas dependem muito das companhias que dominam a rede: Facebook e Google.

Isso significa que uma diminuição no alcance das lojas na internet pode levar a uma queda nas vendas. “Nossa vantagem é que uma parcela grande dos nossos clientes volta a comprar com a gente. Investimos muito em atendimento e em pós-venda”, afirma.

Para Souza, do Sebrae-SP, ainda que a internet e a possibilidade de vender os produtos em um marketplace facilitem a vida de quem está no mercado de camisetas, em geral a loja precisa ter um showroom para o consumidor poder conhecer de perto o material. “Mesmo que seja um parceiro para expor, o empresário precisa validar esse produto com o público antes de vender online”, diz.

Encontre os nichos
Para vender um item tão pessoal quanto uma camiseta, é fundamental para o empreendedor saber qual o perfil do público que ele pretende atingir. “Muitos empresários esquecem de ouvir o que o cliente quer. A camiseta é um ‘curinga’ no guarda-roupas, então é preciso saber como o cliente vai usar, se é para trabalhar, se é para o verão, como escolher a cor do tecido”, diz consultor do Sebrae-SP Bruno Zamith de Souza.

Para ele, alguns nichos de mercado ainda foram pouco explorados pelos empreendedores – mais além da linha cultura pop/geek.

Um exemplo que o consultor dá é o setor de games. Segundo ele, há poucas opções de estampas voltadas para esse público.

O mesmo vale para os apaixonados por pets e que querem transmitir seu amor pelos bichos. Trazer valores para a marca também pode ser um caminho certo para atingir alguns nichos, como os consumidores que buscam roupas sustentáveis. “Há um espaço para  os produtos orgânicos e também as camisetas feitas de materiais recicláveis”, aponta.

http://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Moda/noticia/2018/01/m...

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 611

Responder esta

Respostas a este tópico

  Até as décadas de 1950 e 1960, a camiseta era parte do “underwear”, ou seja, da roupa íntima, e geralmente não eram usadas em público – estavam escondidas sob o terno e a camisa.

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço