Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Um império formado a partir de um lucro inicial de 10 Reais - Têxtil

O investimento para ter um retorno baixo inicialmente foi a aposta certeira para transformar a Silk na maior estamparia do Nordeste.

Luizinho espera que sua marca, que já atende Marisa e Riachuelo, conquiste novos clientes, de preferência grandes magazines nacionais. Foto: Peu Ricardo/DP (Foto: Peu Ricardo/DP)
Luizinho espera que sua marca, que já atende Marisa e Riachuelo, conquiste novos clientes, de preferência grandes magazines nacionais. Foto: Peu Ricardo/DP
Luiz de França Silva, 42 anos, teve uma vida de apostas. Com 12 anos ele já trabalhava lavando carro e juntou dinheiro para comprar um caminhão, aos 18. Primeira aposta. Trabalhando muito, ganhando R$ 50 por semana, através de um amigo caminhoneiro, ele entrou no negócio de estamparia. A priori, como funcionário. Trabalhava 12 horas por dia.  Segunda aposta. Com seu perfeccionismo, passou a ser requisitado pelos clientes. Um deles fez uma proposta: dobrar o número de camisas para duas mil quando na estamparia em que Luiz trabalhava a capacidade era de mil, então ele sugeriu que Luiz abrisse sua própria empresa com a encomenda inicial de mil camisas. Essa aposta era alta. Luiz foi para casa, fez as contas e viu que o lucro seria de apenas R$ 10 por semana. Ainda assim, ele resolveu “comer a bronca”. Hoje, Luiz de França Silva, mais conhecido como “Luizinho”, cria de Santa Cruz do Capibaribe, Agreste de Pernambuco, é dono da maior estamparia do Nordeste e uma das maiores do Brasil.
A Silk, que completou 17 anos em 2018, destaca-se tanto pela qualidade dos serviços prestados que foi escolhida este ano por grandes magazines nacionais como Marisa e Riachuelo para estampar parte de suas peças. A Riachuelo, inclusive, antes mesmo da primeira remessa de encomendas entregue, marcada para este mês, já dobrou os pedidos, passando de 10 mil para 20 mil e “forçando” Luizinho a ampliar seu quadro de funcionários e reduzir a quase zero a ociosidade da fábrica.

A planta, que tem quase 1,5 mil metros quadrados e 27 funcionários, tem muito espaço para crescer. Além de um novo terreno que está sendo incorporado, o pátio industrial tem nove máquinas de estamparia do tipo carrossel automáticas, cada uma com um custo médio de R$ 320 mil e capacidade de 3,5 mil peças por dia cada, ou seja, a Silk, hoje tem a capacidade instalada para estampar 40 mil peças por dia ou 1,2 milhão de peças por mês na modalidade transfer. Atualmente, contudo, a produção é de 300 mil peças mensais.
Com a formação até a 8ª série, Luizinho relembra que a escalada não foi simples.

“Acredito que o que nos ajudou no sucesso foi honestidade. Meu maior zelo na vida é pelo meu nome. Um segundo ponto foi fazer parcerias com as pessoas certas. Arnaldo Xavier, dono da Rota do Mar, por exemplo, me ensinou muito porque ele sempre foi extremamente exigente e ligado nas tendências mundiais”, detalha Luizinho. Sua primeira funcionária foi sua mulher, que segurava um ventilador para secar as peças da primeira estamparia.
Hoje, ela continua no negócio, ajudando na administração junto com a filha e o filho, responsável pela área de sublimação da marca, uma técnica diferente da transferência “Criamos essa área porque nela não é preciso telas, o desenho é impresso em um papel com tinta especial e o papel é prensado sobre o tecido. Ela traz mais detalhes e é uma técnica mais moderna. Se ajusta mais para peças de tecido completas”, explica o gestor.

Completando um ano, outra área da Silk que está tendo êxito é a área de eventos, iniciada em 2017. Esse setor trata da estampa de banners e bandeiras temáticas e já tem clientes em São Paulo, Brasília e até na Argentina, principalmente no segmento de eventos corporativos. “Já estamos fazendo 20 eventos por mês”, ressalta Luizinho. Agora, a empresa está focada na contratação de novos funcionários para atender as demandas da Riachuelo e conquistar novos clientes, de preferência grandes magazines nacionais. “A gente quer continuar crescendo, mas com qualidade”, resume o gestor.

Qualidade através de uma produção sustentável

A qualidade da Silk pode ser mensurada pelo seu cuidado com uma produção sustentável. Em uma terra onde água é um bem raro, a empresa consegue reutilizar 90% de toda a água utilizada na produção. Para controlar a qualidade, todos os meses, uma amostra é levada para um laboratório, que certifica o tratamento. Justamente por causa disso, a marca possui licença ambiental fornecida pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a certificação da Associação Brasileira de Varejo Têxtil (ABVTEX), o que habilita a empresa a trabalhar com magazines nacionais e internacionais. Agora, o foco de Luiz de França Silva é implantar uma pequena estação de energia solar na fábrica com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), através da linha FNE Sol.

“Atualmente, gastamos cerca de R$ 11 mil por mês em energia elétrica. É uma das maiores contas fixas da empresa. Por ano, chega a R$ 120 mil. Para montarmos uma quantidade de placas suficientes para abastecer nossa produção, precisarei de R$ 490 mil, ou seja, em cinco anos, eu pago esse crédito e, depois disso, terei uma economia anual de R$ 120 mil por ano. No mínimo”, detalha Luizinho, empolgado. O crédito em questão já foi aprovado pelo Bando do Nordeste, que dispõe de cerca R$ 30 bilhões em recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), sendo R$ 14,8 bilhões para a infraestrutura, com foco em implantação de placas solares ou captação eólica, apenas para 2018. Para Pernambuco, a expectativa do banco é aplicar R$ 12 milhões em operações pelo FNE. 

As condições para acesso ao crédito do FNE Sol incluem prazo de pagamento de até 12 anos, com até um ano de carência, financiamento de até 100% do investimento, bônus de adimplência de 15% e taxas diferenciadas de outras linhas de créditos. “Vale muito a pena porque as placas são um investimento que vai durar até 30 anos e se paga em cinco anos. São 25 anos de economia, além de ajudar ao meio ambiente”, finaliza.
Por:  Thatiana Pimentel
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Respostas a este tópico

  “Acredito que o que nos ajudou no sucesso foi honestidade. Meu maior zelo na vida é pelo meu nome. Um segundo ponto foi fazer parcerias com as pessoas certas.

Luiz de França, meu amigo a mais de vinte anos, sinônimo de bravura e competência.
Acreditou que poderíamos tratar o efluente e reusar água de qualidade inferior para limpeza das telas e aí está o resultado, 90% de eficiência!
Os interessados me contatem:
everton@fabricolor.com

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