A história têxtil de Americana tem início em 1866, com a chegada do norte-americano, o coronel confederado William Hutchinson Norris em terras ainda denominadas de Santa Bárbara. Norris se instalou próximo ao Ribeirão Quilombo e deu início ao cultivo de algodão. O solo fértil e sua habilidade na lavoura, tornou sua plantação referência na área em pouco tempo, atraindo outros americanos empenhados em cultivar o “ouro branco”.
O ano de 1875 foi duplamente importante para a pequena vila que se formava. A inauguração da Estação Ferroviária da Companhia Paulista ajudaria a escoar a produção de algodão e melancia para todo o Estado de São Paulo e reforçaria a autonomia da Villa dos Americanos de Santa Bárbara. O segundo marco aconteceu a três quilômetros dali, com a inauguração da primeira Fábrica de Tecidos Carioba, fundada pelos irmãos Antônio e Augusto Souza Queiroz e o americano William Pultney Ralston. Em 1884, a fábrica foi adquirida pelos ingleses Jorge e Clement Wilmot – também proprietários da fazenda de Salto Grande – e fechada em 1896 devido as dívidas contraídas pelos irmãos, após a abolição da escravatura.
A fábrica permaneceu fechada por seis anos até ser adquirida em leilão, no ano de 1901, por comendador Franz Müller. A família Müller se mudou para Villa Americana no ano seguinte, dando um novo começo para a tecelagem e novo rumo econômico para a pequena vila. Novos métodos de trabalho e tecnologia foram implantados, a vila operária expandida para abrigar seus colaboradores, a maioria imigrantes italianos.
Em 1904, sob o comando de Rawlison Müller & Cia, a fábrica de tecidos se tornou a segunda mais importante do país. O bairro Carioba foi o primeiro, no Brasil, a receber asfalto e saneamento básico – antes mesmo da Villa Americana. Em 1907, a roda d´água deu lugar a uma usina hidrelétrica que se fez responsável pelo abastecimento de energia tanto da fábrica como de cidades vizinhas. Carioba era composta por quatro grandes empresas de tecido e seguiu próspera nas mãos do filho Hermann Müller até a década de 40, quando a família se viu obrigada a vender as instalações a J.J. Abdalla devido à perseguição aos alemães em solo brasileiro, durante a 2ª Guerra Mundial. Carioba encerrou suas atividades em 1976.
Em 1921, Cícero Jones e Hans Schweizer trouxeram para Americana os primeiros teares para fabricação da seda. Eram 12 teares importados diretamente da Suíça e instalados em barracão na Rua 30 de Julho. Jones e Schweizer foram os pioneiros do setor têxtil na área central de Villa Americana e os primeiros a investir na seda, contribuindo para diversificação da indústria. Após a morte de Jones, a fábrica ficou dois anos parada até ser adquirida pelos irmãos Giuseppe e Guido Bertoldo.
Em meados da década de 1930, a indústria têxtil começou a se multiplicar. Com a perspectiva de aumentar a renda familiar, muitos trabalhadores têxteis se aventuravam a comprar até dois teares e fabricar em casa (a maioria localizada na região central da Villa Americana). A produção das indústrias de fação – como é conhecida a atividade – era absorvida por Carioba.
Foto: ReproduçãoA atividade deu um salto quantitativo a partir da década de 1940 motivada pelo baixo custo da produção do tecido, com a inserção, em larga escala, dos fios artificiais (viscose e nailon) produzidos pela Fibra S.A., principal produtora e exportadora desses fios na América Latina. Villa Americana ficou conhecida como maior centro produtor de tecidos da Americana Latina nesse período.
Em 1941 foi criada a Citra (Cooperativa Industrial de Tecidos de Rayon de Americana), a primeira experiência cooperativista do setor. Para facilitar o escoamento da produção, um grupo de empresários fundou a Distral (Distribuidora de Tecidos de Rayon de Americana Ltda.), três anos depois.
A prosperidade do setor têxtil em Americana atraiu outras grandes empresas para seu território, tal como a Polyenka S.A. Indústrias Química e Têxtil, em 1972. A empresa inovou o parque industrial com a introdução dos fios sintéticos (poliéster). Anos depois, chegaria a Fábrica de Tecidos Tatuapé, do Grupo Santista, outra grande do setor que ainda se mantém nos dias de hoje. Americana concentrava toda a cadeia têxtil em seu território, dispensando a compra de insumos fora do município.
Americana era, sem dúvida, a cidade de maior importância no setor têxtil, mas era preciso divulgar. A ideia foi criar um evento capaz de prospectar o parque industrial do município a nível nacional. Em 1961 aconteceu a 1ª Fidam (Feira Industrial de Americana), a primeira feira do gênero realizada no interior do Estado de São Paulo.
O sucesso foi tanto que o evento se tornou uma entidade de promoção da indústria e produtos locais. O espaço foi berço de outros grandes eventos sociais como a Festa do Peão e o Kartódromo, além de ser a sede da Expodeps, em parceria com a Acia (Associação Comercial e Industrial de Americana) e abrigar as edições da Exposição Nacional de Orquídeas. Em 2012 foi inaugurada a Incubadora de Empresas de Americana, entidade administrada pela Fidam e voltada à gestão de pequenas empresas e startups de tecnologia e inovação de Americana.
Em 2017 foi criado o Centro Cultural e Científico da Moda, um local voltado à pesquisa de novas tendências do setor têxtil e eventos específicos para empresários, em parceria com o Grupo Arena Boureaux. “O Centro de Moda é um ponto de informações para a indústria têxtil que busca inovação, diversidade e agregar valor ao produto têxtil. Para o empresário, a incubadora dá suporte, estrutura e consultoria em gestão. Para a cidade, traz diversificação para a economia, é uma facilitadora de negócios e tecnologia”, diz o atual presidente da Fidam, Edson Botasso.
A falta dos fios de viscose no mercado somada a comunicação ineficaz junto às entidades patronais da Capital Paulista, motivaram a criação do Sinditec (Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara D’Oeste e Sumaré), em 1989. “Havia a necessidade de tratarmos assuntos mais locais e resolvê-los de maneira mais rápida para não prejudicar as atividades da cidade”, explicou o atual presidente do Sinditec, Dilézio Ciamarro. E foi entre as reuniões da entidade que surgiu o desejo de fazer uma manifestação para chamar a atenção dos governos para a crise que se abateu sobre o setor têxtil na década de 1990.
Consultoria: Livros “As Nossas Riquezas”, Vol. VII; “Descobrindo Americana – Um grande Salto”; “Preservando a Nossa História”; “Americana – Edição Histórica”
Agradecimentos: Edson Botasso_Fidam
Fotos: João Carlos Nascimento e Marcelo Rocha_O LIBERAL; “As Nossas Riquezas”, Vol. VII; “Descobrindo Americana – Um grande Salto”; “Preservando a Nossa História”; “Americana – Edição Histórica”
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iNICIO LINDO!!!!
FIM VERGONHOSO.
Americana foi a gloria da industria textil em S.Paulo.
Teve um fim triste pela total falta de apoio das "autoridades " federais as quais resolveram apoiar outro país em detrimento da nossa industria e causar o desemprego que temos hoje em nosso setor textil.
O "governo " Brasileiro não soube dosar a liberdade de permitir a importação de texteis de forma escalonada , de acordo com as inumeras manifestações e avisos dos sindicatos patronais e dos trabalhadores da industria textil e liberou totalmente as importações e não coibiu nem fiscalizou as enormes maracutaias praticadas por empresarios texteis e comerciantes desonestos, como por exemplo aqueles que importavam meias e tecidos de todo tipo por preços muito abaixo do custo das industrias texteis do Brasil, inviabilizando a nossa industria textil .
A falta dos fios de viscose no mercado somada a comunicação ineficaz junto às entidades patronais da Capital Paulista, motivaram a criação do Sinditec (Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara D’Oeste e Sumaré), em 1989. “Havia a necessidade de tratarmos assuntos mais locais e resolvê-los de maneira mais rápida para não prejudicar as atividades da cidade”.
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