Se a ciência da saúde está trabalhando a todo vapor para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus, a indústria têxtil já conseguiu aprimorar tecidos contra o coronavírus.
São tecidos com acabamento antiviral. Roupas com estas bases serão capazes de auxiliar no bloqueio de diversos vírus, como o coronavírus, ajudando na prevenção da covid-19.
A notícia foi recebida com entusiasmo no mercado. Especialmente após a empresa catarinense Dalila Têxtil confirmar que acabou de criar um tipo de malha com estas propriedades. E que inclusive já passou por testes laboratoriais e normativas científicas reconhecidas internacionalmente, como a AATCC 100 (antibacteriana) e ISO18184 (antiviral).
Enfim, a novidade será apresentada durante a Febratex 2021, que acontecerá de 02 a 05 de fevereiro do ano que vem na cidade de Blumenau (SC).
O tecido certamente promete ser eficaz contra os vírus envelopados, por exemplo, o coronavírus, Herpesvírus e Influenza. E, ainda, contra os vírus não envelopados, como é o caso do Adenovírus Humanos, Norovírus e Enterovírus. Já foi testado em máscaras faciais, tecidos de confecção e outros artigos têxteis.
“Essa tecnologia promove a ruptura da membrana e inibe o crescimento e a persistência do vírus na malha. Apresenta um mecanismo de ação que bloqueia a ligação do vírus nas células hospedeiras, impedindo que o microorganismo libere seu material genético no interior, reduzindo a capacidade infecciosa nas células”, afirma André Klein, diretor da Dalila Têxtil. Outra boa notícia é que essa característica do tecido dura até 20 lavagens em temperatura ambiente.
Roupa antiviral: o que é e como funciona
A tecnologia por trás do acabamento antiviral utiliza partículas de prata para atrair o vírus com carga oposta. Enquanto faz com que o mesmo se ligue aos grupos de enxofre presentes na superfície que envolve o vírus. De acordo com a Dalila Têxtil, essa reação impede a ligação do vírus à célula hospedeira, bloqueando sua replicação.
Essa formulação de nanopartículas de prata estabilizadas por uma superfície protetora aniônica que foi projetada para inibir o crescimento e a permanência de bactérias e vírus em superfícies, desta forma quando a prata é reduzida a uma escala nanométrica, aumenta exponencialmente seu poder germinicida.
O resultado da nanotecnologia é a rápida desativação de vírus (15 minutos ou menos). Além de auxiliar na inibição e replicação de bactérias, as quais podem ser consideradas possíveis células hospedeiras para o vírus, que é um parasita intracelular obrigatório.
O íon de prata é um antimicrobiano de amplo espectro, afinal atua frente às bactérias causadoras de mau odor e eventuais doenças de pele. O produto utilizado é não citotóxico, ou seja, não apresenta toxinas nocivas às células. Além disso, a formulação do produto é baseada em química verde, com estabilizante natural de origem brasileira.
Outra empresa do segmento têxtil também anunciou o desenvolvimento de um fio de poliamida funcional contra a ação de vírus e bactérias. E que também é eficaz na proteção contra os vírus envelopados, como o novo coronavírus. A Rhodia, empresa do Grupo Solvay, criou a Amni® Virus-Bac OFF, que bloqueia a contaminação cruzada entre os artigos têxteis e o usuário. Evitando, assim, que a roupa seja um veículo de transmissão destes agentes patológicos.
O fio têxtil pode ser usado na construção de malhas, tecidos, em diversas aplicações, tais como roupas casuais, esportivas, uniformes escolares, roupas profissionais, meias, calçados e acessórios, máscaras de uso social e até vestimentas e enxovais hospitalares. A grande vantagem do efeito permanente – o que significa que a ação antiviral e antibacteriana permanecerá durante toda a vida útil do produto, mesmo após inúmeras lavagens.
Uma T-shirt Antiviral, que é a primeira camiseta antiviral e antimicrobiana do Brasil, houve redução de até 99.9% contra as cepas testadas. Os teste foram realizados conforme a norma ISO 18184 (Textiles: Determination of antiviral activity of textile products). Cepa é um conjunto de vírus que origina outro tipo de vírus. Por exemplo, a gripe é a cepa da H1N1, ou seja, é o vírus que originou a H1N1.
Para os testes da T-shirt Antiviral foram utilizados Adenovírus e Herpesvírus (HSV), e eles foram realizados na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
Esses vírus foram escolhidos pois cada um representa um tipo de cada categoria de vírus, com ou sem envelope, e também porque são os mais resistentes da categoria.
A T-shirt Antiviral, que é a primeira do Brasil, houve redução de até 99.9% contra os vírus testados.
No caso do Amni® Virus-Bac OFF, o agente antiviral presente na matriz do fio tem afinidade eletrônica com regiões de proteínas da estrutura externa do vírus. Isso impede a hospedagem em células humanas, bloqueando a contaminação.
Além disso, o agente antiviral atua no rompimento do envelope lipídico (gordura) dos vírus envelopados. Quando este rompimento acontece, o material genético do vírus é exposto e o vírus inativado, impedindo assim a sua replicação. Em outras palavras: o vírus perde a sua capacidade de atuação (contaminação).
“É uma enorme satisfação e um orgulho para todos nós da equipe Rhodia contribuir com a sociedade neste momento tão difícil. Desenvolvemos no Brasil em tempo recorde um produto eficaz no combate a propagação de vírus”, afirma Renato Boaventura, vice-presidente global de Poliamida e Fibras da Rhodia, Grupo Solvay. “ É uma proteção adicional que nos ajuda a ter mais tranquilidade em transitar neste momento de reabertura das cidades, ao evitar que a nossa roupa e sapatos sejam um veículo de transmissão de vírus e bactérias”, completa.
Certamente na ponta, para o consumidor final, a oferta de produtos tecnológicos com essas propriedades capazes de inibir o novo coronavírus ainda é pequena. Uma das poucas marcas que apresenta produtos com estas características é a Insider Store, com foco em marca masculina
No site (e blog) da marca, é possível encontrar informações de peças como a máscara antiviral que contém formulação única de nanopartículas de prata estabilizadas por uma superfície protetora aniônica. Essa propriedade foi projetada para inibir o crescimento e a permanência de bactérias e vírus em superfícies.
E um lançamento, a camiseta T-Shirt antiviral, que tem as mesmas características contra vírus e bactérias, além de tecnologia termodinâmica e conceito sustentável – demanda 4X menos água que uma camiseta de algodão para ser produzida.
https://www.fashionbubbles.com/noticias/tecidos-que-protegem-contra...
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É excepcional incentivarmos a indústria brasileira, os novos produtos e as novas tecnologias. No entanto, apenas pessoas que desconhecem este tema se empolgam com essa “novidade”. Como conheço o assunto, e sou um profissional da área têxtil, sinto-me na obrigação de discorrer um pouco sobre esse tema neste espaço.
As nanopartículas de prata não representam nenhuma novidade. Elas já são conhecidas há mais de 120 anos:
Em 1889 M.C. Lea relatou a síntese de nanopartículas de prata entre 7 e 9 nm na edição de junho de 1889 do periódico científico American Journal of Science Série 3, Vol. 37, páginas 476-491.
Há também um medicamento de nome "Collargol", fabricado comercialmente desde 1897 à base de nanopartículas de prata com tamanho de partículas de 10 nm.
Moudry também patenteou preparações com nanopartículas de prata com diâmetro de 2 a 20 nm em 1953.
Os íons prata são partículas inorgânicas, migrantes, lixiviantes e não seletivas que destroem o DNA e/ou RNA das bactérias. Entretanto, elas podem romper as barreiras naturais do corpo humano, e destruir diversas células importantes do sangue, fígado, rins, pulmões, testículos, cérebro, estômago, e inclusive destroem as bactérias boas que protegem nosso organismo. Uma coisa é termos algumas nanopartículas de prata num pequeno curativo. Outra completamente diferente é termos bilhões de nanopartículas de prata em nossas roupas, nos colocando numa situação de grande risco.
Por isso, os antimicrobianos baseados nas nanopartículas de íons prata representam um grande perigo para os seres vivos e para o meio ambiente. Não podemos aprovar o uso de um produto que não temos certeza de que é 100% seguro. Não podemos aprovar o uso de um produto que não atenda integralmente aos requisitos GHS. Quantos estudos científicos são necessários para nos convencermos de que os efeitos toxicológicos de um determinado produto precisam ser melhor estudados antes da sua comercialização? Precisamos de 10, 50 ou 100 estudos científicos? Eu mesmo estou postando nas minhas redes sociais mais de 300 publicações científicas comprovando o que estou descrevendo. Inclusive, quem apoia as nanopartículas de prata não pode, repito, não pode de maneira alguma falar em sustentabilidade, pois está contribuindo para grandes problemas ambientais!
Olá Gabriel Nunes, bom saber do seu contentamento por uma discussão rica sobre o assunto, apesar desta discussão rica aqui nesse Blog, por enquanto ser apenas entre mim e você. Quando você postou em seu comentário a referência de institutos internacionais renomados que estudam o tema já ficou muito claro para todos aqui que seu produto não é nenhuma novidade, ou melhor, é uma novidade de 120 anos, como venho afirmando, e que seu produto é lixiviante. Aqui cai por terra tudo que você vem falando como sendo portador de uma grande “novidade”.
Permite-me antes me apresentar: sou uma pessoa ambientalista desde que me entendo por gente, e tenho isso como uma missão de vida. Sempre defendo que os interesses comerciais não podem estar acima da saúde e do meio ambiente. Tenho uma história de vida dedicada voluntariamente a causas ambientais, e grande parte dela fazendo e implantando projetos em defesa de bacias hidrográficas, justamente uma área onde seu produto apresenta uma de suas faces mais cruéis e malignas. Meu foco não é contra nenhuma empresa específica, muito menos a sua empresa! Meu foco é contra as nanopartículas de prata, e você infelizmente está no meio desse caminho. Sou parceiro OEKO-TEX, sou parceiro ZDHC e sou parceiro Instituto Hohenstein, e meu campo de discussão maior e mais técnico nesse tema são justamente contra esses meus parceiros, afinal de contas, nanopartículas de prata não é doce de coco, não é chocolate e não é chantilly. Nanopartículas de prata são substâncias extremamente perigosas!
Se a NASA publicasse um artigo dizendo que a Terra é quadrada, eu prontamente, mesmo sem ser um astronauta, diria que isso não é verdade, e que a Terra é redonda. Portanto, para mim é tão claro como a luz do sol que se alguém disser que as nanopartículas de prata não fazem mal à saúde humana ou ao meio ambiente está se referindo a uma Terra quadrada!
Vejo muitas pessoas confundirem nanopartículas de prata para aplicação têxtil com produtos da área médica. Por exemplo, já usaram como comparativos o benefício de uma gota de uma solução a 1% de nitrato de prata aplicada nos olhos de um recém-nascido, uma vez na vida, com eventuais benefícios que uma nanopartícula de prata pode fazer. Se um médico algum dia pingasse uma gota de nanopartícula de prata nos olhos de um recém-nascido ele deveria ser preso na hora. Aliás, uma nanopartícula de prata tem que ser registrada como pesticida! Como exemplo, a Justiça Americana proibiu durante muitos anos que houvesse registros pela EPA (Environmental Protection Agency) de pesticidas iguais ao seu por causa da sua toxidade, e só agora, depois de muitos anos, parece que um fabricante de um PESTICIDA igual ao seu conseguiu conseguirá através de um recurso na justiça o seu registro. Aproveito para dizer que nenhuma toxidade pode ser negligenciável, como você sugere.
Um capítulo importante nessa nossa discussão rica, são as Fichas de Segurança das nanopartículas de prata, pois elas representam um documento assinado e timbrado de uma Confissão de Culpa sobre os danos causados à saúde humana e ao meio ambiente. Com o sistema de emissão de Fichas de Segurança padronizadas mundialmente pelo GHS, apesar das Fichas de Segurança das nanopartículas de prata não conseguirem atender integralmente a todos requisitos de informações do GHS, elas devem conter as seguintes informações (vou citar apenas algumas):
- Perigoso para o ambiente aquático
- Pode causar efeitos nefastos a longo prazo no ambiente aquático
- Perigoso para o meio ambiente
- Muito tóxico para os organismos aquáticos
- Muito tóxico para os organismos aquáticos com efeitos duradouros
- Causa irritação ocular grave
- Pode causar irritação respiratória
- Causa irritação na pele
- Tem potencial para induzir citotoxidade em células de uma variedade de órgãos
- Pode gerar efeitos genotóxicos
- A absorção de compostos de prata por ingestão ou inalação ou absorção pela pele pode causar argiria.
Sou pai e avô, e entendo que nenhum pai gosta que falem que seu filho é feio. Por isso não alimento a expectativa de que você receba bem as minhas convicções e meus argumentos. Mas é necessário todos saberem que há soluções antimicrobiais sustentáveis completamente diferentes do seu pesticida, e para isso, basta qualquer empresa entrar em contato com a Sanitized, com a Archroma, com a Microban, com a Tanatex, ou com muitas outras empresas.
Nós queremos e exigimos soluções sustentáveis! Soluções sustentáveis são produtos ecológicos onde possamos acompanhar e rastrear toda a sua cadeia de produção. A cadeia de produção da prata é uma coisa maldita! Hoje, 70% da produção de prata vem de resíduos de mineração do ouro, do zinco, do cobre e do chumbo. Para o beneficiamento desses resíduos são jogados no meio ambiente dezenas de toneladas de mercúrio, provocando um dano ambiental incalculável. Você não se preocupa com isso? Não põe a mão na consciência?
É importante refletirmos que o mundo ainda está se adaptando à Nanotecnologia, ainda está pesquisando, ainda analisando os procedimentos legais e políticas governamentais, ainda está tentando responder cientificamente ao tema, e é extremamente prematuro lançarmos afoitamente produtos que podem nos trazer consequências extremante graves.
Nós temos um planeta desprotegido e ameaçado de destruição justamente por darmos tanta liberdade a produtos e pesticidas como o seu! Nós criamos as cidades, desenvolvemos as cidades para que sejam modernas, e quando abrimos os olhos nós temos uma cidade moderna com hospitais lotados de enfermos! Nós temos uma cidade sem árvores! Nós temos uma cidade sem pássaros! Nós temos uma cidade sem rios! Nós temos uma cidade sem peixes!
Vejo que você está fazendo uma grande mobilização de divulgação, e seus apelos de marketing conseguiu atingir até esse blog aqui. Não vou ocupar meu tempo rebatendo o que você fala por aí. Entretanto, sou um profissional têxtil, e onde houver um ouvido na indústria têxtil para escutar você, esse mesmo ouvido também estará ouvindo os meus argumentos. E como você mesmo falou, as pessoas que lerem ou ouvirem é que tirem suas próprias conclusões.
Abraço, e num próximo post vou falar sobre os artigos que você postou. Li os quatro! São muito “interessantes”.
Olá a todos!
Como prometido, vamos falar das publicações técnicas que o Gabriel Nunes compartilhou aqui. Segundo ele, são publicações de institutos internacionais muito bem renomados que abordam o caráter positivo do seu pesticida.
Não podemos perder de vista que ele escreveu aqui que a “tecnologia de ponta” do seu pesticida contribui com a saúde e o bem-estar da sociedade.
A minha resposta é direcionada para o nosso colega do Cetiqt Romildo, a quem tanto prezo, e que por não conhecer o tema caiu no “conto das maravilhas dessa novidade”, passando não só a compartilhar essas publicações, mas também defendê-las.
Nosso querido colega do Cetiqt Romildo não tem nenhuma obrigação de conhecer a química, os riscos ambientais, e os riscos para a saúde humana desse pesticida. Entretanto, a partir de agora, para tirar suas próprias conclusões, sei que ele está entendendo perfeitamente tudo o que estamos conversando aqui.
Vamos então falar de uma das publicações compartilhada pelo Gabriel Nunes, que é: Potential Environmental Impacts and Antimicrobial Efficacy of Silve... (Estados Unidos, 2016)
Pois bem, abri esta publicação para ler, e olhei os seus autores. Estava lá escrito Robert B. Reed e demais colegas. De imediato fui buscar outras publicações desse grupo de autores, e vi que Robert B. Reed e seus colegas possuem é na verdade vários estudos e publicações onde expressam grande preocupação com a saúde humana e com o meio ambiente quando expostos às nanopartículas de prata. Vejam abaixo o que esses autores dizem sobre as nanopartículas de prata, e que contradiz completamente o que o Gabriel Nunes tem falado, portanto, nem não preciso nem acrescentar nada sobre essa "referência positiva":
Nanopartículas em alimentos e bebidas podem interferir nas células digestivas e serem liberadas no ambiente, segundo um novo estudo.
Resumo:
As nanopartículas estão se tornando onipresentes em embalagens de alimentos, produtos para cuidados pessoais e até mesmo sendo adicionadas diretamente aos alimentos. Mas os efeitos à saúde e ao meio ambiente desses minúsculos aditivos permaneceram amplamente desconhecidos. Um novo estudo sugere agora que nanopartículas em alimentos e bebidas podem interferir nas células digestivas e levar à liberação de substâncias potencialmente perigosas para o meio ambiente. O relatório sobre bebidas de suplementos alimentares contendo nanopartículas foi publicado na revista ACS Sustainable Chemistry & Engineering.
Nanopartículas de suplementos alimentares provavelmente atingirão o meio ambiente, dizem cientistas
Washington DC Postado em 18 de junho de 2014
Robert Reed e colegas observam que os fabricantes de alimentos e bebidas usam nanopartículas nos seus produtos por vários motivos. Na embalagem, eles podem fornecer força, controlar a quantidade de ar que entra e sai e manter os micróbios indesejados afastados. Como aditivos para alimentos e bebidas, eles podem impedir a acumulação, fornecer nutrientes e impedir o crescimento bacteriano. Porém, à medida que as nanopartículas aumentam em uso, aumentam as preocupações com seus efeitos à saúde e ao meio ambiente. Os consumidores podem absorver alguns desses materiais através da pele, inalar e ingeri-los. O que não é digerido é passado na urina e nas fezes para o sistema de esgoto. Alguns estudos iniciais sobre nanopartículas sugerem que eles podem ser prejudiciais, mas a equipe de Reed queria dar uma olhada mais de perto.
Eles testaram os efeitos de oito bebidas comerciais que continham partículas de tamanho nanométrico ou semelhantes a metais nas células intestinais humanas em laboratório. As bebidas mudaram a organização normal e diminuíram o número de microvilos, projeções em forma de dedo nas células que ajudam a digerir os alimentos. Nos seres humanos, se esse efeito ocorre quando as bebidas passam pelo trato gastrointestinal, esses materiais podem levar a má digestão ou diarréia, dizem eles. A análise dos pesquisadores dos resíduos de esgoto contendo essas partículas sugere que muitas das nanopartículas desses produtos provavelmente estão voltando para as águas superficiais, onde poderiam causar problemas de saúde para a vida aquática.
Robert B. Reed, Ph.D.
Escola de Engenharia Sustentável e Ambiente Construído
Universidade Estadual do Arizona
Tempe, AZ 85287-5306
Telefone: 480-727-2912
rob.reed@asu.edu
Logo postarei comentários sobre os outros artigos. Abraço! Ruy Basílio
Para concluirmos a maratona de comentários sobre os artigos compartilhados pelo Gabriel Nunes, vamos a eles:
Antimicrobial Active Clothes Display No Adverse Effects on the Ecol... (Alemanha, 2011);
A Real-Life Based Evaluation of the Effectiveness of Antibacterial ... (Alemanha, 2018);
Esses 2 artigos são da mesma pessoa. No primeiro artigo de 2011 o autor tenta verificar se os acabamentos com nanopartículas de prata provocam problemas dermatológicos, e o próprio artigo descreve todos os problemas dermatológicos que as nanopartículas de prata provocam. No segundo artigo de 2018 o autor vai numa linha completamente contrária, pois ele tenta verificar se os acabamentos antimicrobianos curam dermatite. Este segundo artigo está prejudicado porque não é um estudo específico sobre as nanopartículas de prata, mas cabe aqui esclarecermos mais uma grande confusão que se faz, pois: ACABAMENTOS COM ANTIMICROBIANOS PROTEGEM O TECIDO NÃO A PELE.
Discorrendo um pouco mais sobre o artigo de 2011 nele nós encontramos as seguintes redações:
“4. DISCUSSÃO: Embora o uso de roupas para proteger a pele não seja uma prática nova, há investigações limitadas sobre as respostas fisiológicas da pele em relação à roupa. Já foi demonstrado que parâmetros como o transporte de água e vapor de água através de roupas influenciam o microclima e subsequentemente a flora da pele [19], mas, até onde sabemos, existem poucos dados disponíveis sobre as propriedades da microflora, quando a pele entra em contato com tecidos antibacterianos [20]. Portanto, são necessários estudos para entender os efeitos químicos e biológicos dos têxteis antimicrobianos na saúde da pele.”
“4.1 ATIVIDADE ANTIBACTERIANA, LIBERAÇÃO E RISCOS DA PRATA: Outro fator de risco da prata é o seu potencial alergênico. A alergia à prata é discutida como uma CONTRA-INDICAÇÃO para o uso de prata em roupas antibacterianas, embora a incidência dessa alergia rara ainda não seja conhecida [10]. Portanto, apesar de raramente alergias à prata, os dispositivos médicos contendo prata são avaliados como seguros no uso em pacientes.”
“4.2 EFEITOS SOBRE O MICROBIOMA: Por outro lado, sabe-se que o uso constante e excessivo de antimicrobianos causa dermatite de contato irritante e alérgica [14]. Além disso, podem ocorrer alterações na flora bacteriana: elas geralmente estão associadas a danos à pele, infecções, banhos frequentes ou uso de produtos para cuidados com a pele; portanto, as mãos dos profissionais de saúde são frequentemente afetadas [31].”
“4.3 TECIDOS EM DERMATOTERAPIA: Hartmann [35] mostrou que antimicrobianos líquidos podem ter um impacto a curto prazo no ecossistema da flora da pele, uma visão que é apoiada por nossos resultados obtidos com o desodorizante antibacteriano de prata. Esses impactos são de importância clínica, quando membros da flora normal da pele estão envolvidos na patogênese da doença, por exemplo, Propionibacterium acnesem acne vulgar, espécies de Corynebacterium em eritrasma, S. aureus em dermatite atópica e outras.”
“5. CONCLUSÕES: No total, em nossos experimentos, não fomos capazes de observar efeitos adversos significativos da roupa antibacteriana na microflora fisiológica da pele humana ou na barreira cutânea de pessoas saudáveis. Vale ressaltar que o assunto da avaliação foi uma pele saudável que já está em boas condições no início do estudo.”
Agora vamos para o outro artigo de 2018 que é do mesmo autor do anterior:
Esse artigo não se enquadra no objeto do nosso debate porque é um estudo que não analisa especificamente as nanopartículas de prata (por favor, não podemos misturar os assuntos). Este artigo pesquisou 5 tipos diferentes de produtos antimicrobianos, entre eles o Aegis 5772, que é um SilanoQuat, com registro na EPA (Environmental Protection Agency), fabricado pela Microban, e distribuído mundialmente pela Tanatex. Este produto tem uma filiação, certidão de nascimento e um CPF muito diferente das nanopartículas de prata, já que é uma opção sustentável, com acabamento permanente, não lixiviante, não migrante, e que age exclusivamente no exterior da célula, ou seja: é a opção sustentável contra as nanopartículas de prata. Mesmo estando este artigo prejudicado por não ser o objeto do nosso debate, ele apresenta a seguinte conclusão:
“5. CONCLUSÃO: Nesta pesquisa, a eficácia antibacteriana de cinco roupas funcionais convencionais para o tratamento da Dermatite atópica foi comparada. Em uma configuração da vida real simulando condições práticas de desgaste de um microambiente de pele seca, as roupas de Dermatite atópica não conseguiram modificar a colonização da pele com S. aureus. Embora a eficácia possa ser desencadeada ao molhar as roupas, isso é contraindicado para os pacientes com Dermatite atópica no seu dia a dia. Ao usar testes de suspensão normativa, as amostras mostraram algumas atividades antibacterianas. As roupas absorveram o creme hidratante dependente do tipo de fibra respectivo e os restos de creme ainda permaneceram nas fibras após a lavagem. São necessários mais estudos para entender melhor as interações dos tecidos funcionais com o microbioma da pele de indivíduos saudáveis e afetados.”
Para concluirmos, passamos então ao último artigo a ser comentado:
Fate and transformation of silver nanoparticles in urban wastewater systems (Suíça, 2013);
Este artigo fala sobre a tentativa de diminuição dos impactos das nanopartículas de prata nas estações de tratamento e de esgotos com o intuito do lançamento de menos nanopartículas de prata nos ambientes aquáticos e terrestres.
Cabe aqui também fazermos uma analogia para esclarecer o seguinte: se queimarmos uma folha de papel, essa folha de papel deixará de existir e se resumirá a cinzas. No caso da prata jamais será possível fazermos a sua eliminação: uma vez prata, eternamente prata. Ou seja: nunca conseguiremos nos livrar da prata que trouxermos para o nosso ambiente:
Se dividirmos as nanopartículas de prata usada nos acabamentos antimicrobianos em 3 fatias de pizza, nós teremos o seguinte:
Uma primeira fatia é aplicada no tecido e coloca em grande risco a saúde humana, sendo que cotidianamente será lançada nos esgotos domésticos nos processos lavações diárias que fazemos nas nossas roupas;
A segunda fatia ficará retida nos lodos das estações de tratamentos de efluentes e com a remoção desse lodo para destinação final ele contaminará de forma muito cruel eternamente os nossos solos;
A terceira fatia são as nanopartículas de prata que as estações de tratamento de efluentes não conseguem reter, e estas vão direto para os ambientes aquáticos causando danos tão terríveis que o Homem ainda não foi capaz de avaliar completamente.
Como tenho dito, este é um assunto que ainda está em discussão, inclusive nas escalas dos sindicatos, onde ainda estão analisando os impactos na questão dos trabalhadores do ponto de vista do seu contato direto, da sua segurança e saúde, e das legislações trabalhistas.
Aqui encerro esta minha maratona de explanações sobre essas nanopartículas de prata. Agora eu pergunto: quem leu? Quem vai ler? É justamente pela falta de leituras que um monte de sacanagens acontece todos os dias. De minha parte, se apenas o nosso colega do Cetiqt Romildo me leu já me dou por satisfeito. Na verdade, para manter uma certa diplomacia, eu não deveria dizer o que penso num português bem claro sobre as nanopartículas de prata. Só que eu não tenho muita diplomacia para sacanagens. Em latim eu diria que quero que as nanopartículas de prata FUTUE TE IPSUM, que no português claro que dizer “vá se danar”, e no popular “vá se f....”! Abraço a todos!
Grande Rui Basilio bom dia
Muito bom ler estes discussões principalmente de pessoas de grande conhecimento, é um tema atual e precisamos ter muita atenção e entender bem antes da utilização destas soluções.
De uma forma mais simplista , basta uma pequena pesquisa no Google para ter conhecimento sobre os nanos de prata, abaixo um bem interessante
Estamos pesquisando para nossa empresa soluções de aplicação que atenda o mercado mas que seja sustentável.
Obrigado pela grande contribuição
https://oswaldocruz.br/revista_academica/content/pdf/Edicao_16_BENE...
Grande Geraldo! Você está coberto de razão quando diz que é muito simples comprovar que as nanopartículas de prata fazem mal à saúde humana e ao meio ambiente. Realmente, basta um Google!
Parabéns pela preocupação de ter uma tecnologia sustentável para esse processo de antimicrobianos na sua empresa! Sua empresa terá uma vantagem competitiva muito grande contra um concorrente que use as nanopartículas de prata!
Isto pode se encaixar dentro de uma Estratégia Disruptiva que sua empresa possa vir a adotar contra o seu concorrente que use produto que faz mal à saúde humana e ao meio ambiente, e vai reduzi-lo a pó (dá uma olhada nisso no Google, vale a pena).
Seu concorrente terá jogado por terra todo esforço financeiro, material e humano empregados na introdução das nanopartículas de prata. Seu concorrente perderá os clientes que compram tecidos com prata para você que tem uma tecnologia sustentável. Os tecidos sem prata também migrarão para você porque os clientes do seu concorrente vão ficar P da vida por terem comprado uma ideia que agride à saúde humana e ao meio ambiente, perdendo credibilidade, e ficando com a imagem arranhada no mercado.
Outra coisa que também vale a pena dar uma olhada no Google é sobre a Curva de Difusão de Produtos Novos, que sempre começa com uma atitude de compra pelos consumidores mais esclarecidos e bem informados, passa por diversas faixas e níveis de consumidores, até por último ter uma atitude de compra por parte dos consumidores mais desinformados.
No caso das nanopartículas de prata os que são mais empolgados com o produto e estão com alguma atitude de compra são justamente aqueles que menos procuram adquirir conhecimento completo sobre o assunto, contrariando inteiramente a ciência do marketing. Abração Geraldo!
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