Mesmo com a taxa de desemprego em 11% no último trimestre de 2019, cinco em cada dez indústrias brasileiras enfrentam problemas com a falta de trabalhadores qualificados. Em 2013, quando a taxa de desemprego era de 7%, o número de empresas que tinha dificuldades para encontrar mão de obra qualificada era de 66%, mesmo percentual registrado em 2011, quando o País estava próximo do pleno emprego. As informações estão na Sondagem Especial – Falta de Trabalhador Qualificado, da (CNI).
Conforme a Confederação, a falta de trabalhadores qualificados deve se agravar à medida que aumentar o ritmo de expansão da economia e se tornará um dos principais obstáculos ao crescimento da produtividade e da competitividade do País. A solução do problema, considera a CNI, depende de ações no curto e no médio prazo. “De imediato, é necessário um esforço de qualificação e de requalificação da força de trabalho. No longo prazo, é preciso intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, priorizando a educação profissional”, diz a pesquisa, feita com 1.946 indústrias de todo o território nacional.
Na indústria de transformação, o setor de biocombustíveis é o que mais enfrenta dificuldades com a falta de mão de obra qualificada. Nesse segmento 70% das empresas dizem que têm problemas com a qualificação dos trabalhadores. Em seguida, vêm o setor de móveis, em que 64% dos empresários reclamam da falta de profissionais qualificados e, em terceiro lugar, empatados, aparecem a indústria do vestuário e de produtos de borracha. Em cada um desses setores, 62% dos industriais relatam a mesma dificuldade. Na indústria têxtil e de máquinas e equipamentos, o número é de 60%.
O problema atinge todas as áreas das empresas. Mas é maior na área de produção. Entre as empresas que relatam a falta de trabalhador qualificado, 96% afirmam que têm dificuldades para contratar operadores. Ainda na área de produção, 90% das empresas dizem que enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores de nível técnico. Também há falta de profissionais qualificados para as áreas de vendas e marketing (82%), administrativa (81%), engenharia (77%), gerencial (75%) e pesquisa e desenvolvimento (74%).
Na avaliação dos industriais, a falta de trabalhador qualificado prejudica 97% das empresas que enfrentam o problema. “Os maiores impactos recaem sobre a produtividade da empresa e qualidade do produto. Ou seja, o problema afeta diretamente a competitividade da indústria brasileira”, alerta a pesquisa.
Entre os objetivos das empresas que são mais atingidos pela falta de profissionais qualificados, aparece, em primeiro lugar, com 72% das respostas, a busca por eficiência ou redução de desperdícios. Em segundo lugar, com 60% das menções, os empresários citam a manutenção ou o aumento da qualidade dos produtos. Em terceiro lugar, com 27% das assinalações, aparece a expansão da produção e, em quarto, com 25% das respostas, a aquisição ou a absorção de novas tecnologias. De acordo com a pesquisa, o prejuízo da falta de mão de obra qualificada sobre o objetivo de adquirir e absorver novas tecnologias é maior nas grandes indústrias. Nesse segmento, o problema teve 31% das assinalações. Entre as pequenas indústrias, o número de respostas foi de 13%.
EMPRESAS INVESTEM EM TREINAMENTOS
A pesquisa mostra ainda que as empresas procuram capacitar os trabalhadores. Mais de nove em cada dez empresas que relatam a falta de mão de obra qualificada têm políticas e ações para lidar com o problema. Entre as ações, se destacam, em primeiro lugar, a qualificação na própria empresa, com 85% das respostas. Em seguida, com 42% das menções, aparece a capacitação fora da empresa (cursos externos) e, em terceiro lugar, com 28% das citações, o fortalecimento da política de retenção do trabalhador.
Embora concordem que as empresas precisam investir em qualificação dos trabalhadores, 88% dos empresários dizem que enfrentam dificuldades para fazer investimentos em formação da mão de obra. Para esse grupo, o principal obstáculo, com 53% das citações, é a má qualidade da educação básica.
No estudo, a CNI destaca que a quarta revolução industrial está promovendo mudanças significativas nas competências dos trabalhadores. “Diante deste desafio, a educação básica precisa dar ênfase nas áreas de STEAN (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática) e fomentar a interdisciplinaridade, a resolução de problemas e o desenvolvimento de habilidades para a tomada de decisões”, recomenda a CNI.
“O Brasil paga caro por ter focado em um ensino médio generalista voltado para o ingresso nos cursos superiores. Cerca de 2 a cada 10 estudantes que concluem o ensino médio alcançam a educação superior. O restante dos estudantes, incluindo aqueles que abandonaram o ensino médio por falta de perspectivas, entra no mercado de trabalho sem preparo, sem uma profissão”, observa a CNI. O estudo lembra que, no Brasil, apenas 9,7% das matrículas do ensino médio são em cursos de educação profissional. Na Alemanha, na Dinamarca, na França e em Portugal esse percentual é superior a 40% e alcança cerca de 70% na Áustria e na Finlândia.
O levantamento foi feito de 1º a 11 de outubro de 2019, com 1.946 indústrias de transformação e extrativas de todo o país. Dessas, 794 são pequenas, 687 são médias e 465 são de grande porte.
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Nos últimos 15 anos, o Brasil priorizou a criação de cursos superiores e esqueceu que as escolas técnicas é que suprem o mercado de trabalho, tanto na área administrativa quanto industrial.
Estamos formando milhares de advogados, sociólogos, filósofos, etc. que nada acrescentam ao crescimento do país e pouquíssimos engenheiros. Temos mais advogados que USA e Japão juntos. Só para exemplificar, a China forma um milhão de engenheiros anualmente. Sem contar que temos 500 mil formandos já devendo ao FIES e estagiando no SERASA.
Assim, fica dificil.
Concordo plenamente com você.
Joao Burim disse:
Nos últimos 15 anos, o Brasil priorizou a criação de cursos superiores e esqueceu que as escolas técnicas é que suprem o mercado de trabalho, tanto na área administrativa quanto industrial.
Estamos formando milhares de advogados, sociólogos, filósofos, etc. que nada acrescentam ao crescimento do país e pouquíssimos engenheiros. Temos mais advogados que USA e Japão juntos. Só para exemplificar, a China forma um milhão de engenheiros anualmente. Sem contar que temos 500 mil formandos já devendo ao FIES e estagiando no SERASA.
Assim, fica dificil.
Estão tentando capacitar como?
Com o senai?
Com o Sebrai?
Com o Senac?
Acho que não vão capacitar ninguem.
Curso superiores nem se fala, a industria precisa de produção mas o que falta é gente que saiba fazer o produto, não teóricos.
Ta faltando é gente com experiencia em campo , capacidade se solução , e isso não aprende em curso algum.
Saem da faculdade fazendo mulage e deparam com um corte em grandes proporções e falta de conhecimento operacional, alem da falta de empenho de equipe que não tem salários , planos de crescimento, e perspectiva profissional.
Ou seja saem sem se quer entender de fato a produção.
EMPRESAS INVESTEM EM TREINAMENTOS
A pesquisa mostra ainda que as empresas procuram capacitar os trabalhadores. Mais de nove em cada dez empresas que relatam a falta de mão de obra qualificada têm políticas e ações para lidar com o problema.
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