Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A China avança sobre a economia da Europa — comprando, comprando…

De vinícolas Bordeaux a fábricas na Alemanha, do porto de Pireu, na Grécia, a empresas energéticas em Portugal, a China expande sua influência e seu poder na Europa

A China não está mesmo para brincadeiras em matéria de ambição econômica – e, em decorrência, política.

Montada em seus quase 3,5 trilhões de dólares em reservas, com meio trilhão de dólares em investimentos geridos por seu fundo soberano, o China Investment Corporation – do qual 60% dos recursos estão aplicados em empresas e produtos financeiros dos Estados Unidos –, com acordos comerciais bilaterais se espalhando pela Ásia e a América Latina, com milhões de hectares de terras cultiváveis adquiridos na África (tema de futuro post), tendo aportado recentemente 43 bilhões de dólares ao FMI e emprestando ao continente mais dinheiro do que o Banco Mundial, o gigante chinês agora parece querer devorar a Europa.

Instalações da gigante espanhola Enagás em Huelva: a China quer controlar (Foto: EFE)

A mostra mais recente do interesse chinês está ocorrendo na Epanha. Dois ativos tidos como “inegociáveis” até antes de o país mergulhar na crise econômica em que se encontra são, agora, cobiçados pela China: o controle da Rede Eléctrica de España (REE) e da Enegás, as duas empresas controladas pelo governo responsáveis pelo transporte de energia na quinta maior economia da Europa.

O ministro da Indústria espanhol, José Manuel Soria, resiste, mas não se sabe até quando. Sua posição é por ora compartilhada por Ramón Aguirre, o presidente da Sociedad Estatal de Participaciones Industriales (Sepi), espécie de holding encarregada de manter o controle acionário do governo sobre uma série de empresas públicas.

A hidrelétrica de Alto Lindoso, em Portugal: capital chinês controla a ex-estatal de energia do combalido país (Foto: engenium.net)

O Estado espanhol, com 20% do capital mas maioria das ações com direito a voto, detém o controle da REE, e sua participação tem valor em bolsa de 1 bilhão de euros (2,5 bilhões de reais).

O grupo estatal chinês State Grid, porém, por tratar-se de adquirir o controle, teria disposição de colocar muito mais dinheiro sobre a mesa, sobretudo depois de haver comprado ao igualmente combalido Portugal, por 600 milhões de euros (1,5 bilhão de reais), o direito de mandar na ex-estatal Redes Energéticas Nacionais (REN).

Os chineses consideram que dispor dessa infraestrutura em toda a Península Ibérica é mais rentável e estrategicamente mais favorável, e já possuem, também, parte do capital da Energias de Portugal (empresa geradora).

Até 2020, até 1 trilhão de dólares de investimentos chineses

A mesma State Grid chinesa deseja controlar a Enagás, um colosso empresarial que conta com 10 mil quilômetros de gasodutos ligando centenas de diferentes cidades da Espanha, três fábricas de regasificação (que transformam o gás liquefeito), dois grandes depósitos subterrâneos e, entre outros interesses, detém até um terminal de embarque e desembarque de gás no México.

Por peculiaridades da legislação espanhola, o governo detém o mando acionário tendo apenas 5% do capital, que vale algo como 200 milhões de euros (500 milhões de reais).

A investida chinesa na Europa une a vastidão de seus recursos com a desesperada necessidade de liquidez dos países europeus. Para os chineses, à diversificação de seus investimentos no exterior se soma, também, o acesso a tecnologias de que precisam.

Segundo cálculos dos jornalistas espanhois Heriberto Araújo e Juan Pablo Cardenal, autores do livro La Silenciosa Conquista China (“A silenciosa conquista chinesa”, Editora Crítica, Barcelona, 2011, 400 páginas), os investimentos da China na Europa chegaram a 36,7 bilhões de dólares (algo como 77 bilhões de reais) em 2010 e subiram no ano passado para 52,1 bilhões (109,4 bilhões de reais). “Estas cifras poderiam ser rapidamente superadas se se contam os mais de 30 bilhões de dólares que Pequim injetou em seu fundo soberano exclusivamente para aquisições no Velho Continente”, escreveram eles em recente artigo. E devem alcançar, pasmem!, 1 trilhão de dólares em 2020.

O porto de Pireu, anexo a Atenas, o mais importante da Grécia: chineses já têm a concessão (Foto: picturepush.com)

A diversificação é grande – seus interesses vão do setor vinícola francês (vinho Bordeaux, para ser mais exato) à gestão do porto de Pireu, o mais importante da Grécia, cuja concessão obtiveram por 35 anos, passando por empresas alemãs que dispõem de tecnologia avançada.

Foi o caso da compra, pela chinesa Sany (como todas as grandes companhias, controlada de alguma forma pelo Estado), da sua concorrente alemã Putzmeister, o que a transformará em líder mundial na fabricação de máquinas de mistura e bombeamento de concreto.

Comprando a Putzsmeister alemã (na foto, uma das fábricas), os chineses levaram sua principal concorrente mundial na fabricação de máquinas de mistura e bombeamento de concreto (Foto: pmsolid.com)

O avanço chinês não se dá, porém, sem preocupação. Vastos setores europeus, embora bendigam a vinda de investimentos, preocupam-se com a influência que a China pretende obviamente obter sobre a Europa com seu poderio econômico – sendo, como é, uma ditadura que não respeita os direitos humanos, adota práticas comerciais predatórias e, por meio de empresas que recebem financiamentos e subsídios estatais de todo tipo, tendem a concorrer deslealmente com empresas europeias no futuro.

Nesse sentido, dirigentes políticos, analistas e outros meios já lamentam que a Europa venha se calando em relação ao aumento da repressão chinesa aos dissidentes, diferentemente do que ocorre com os Estados Unidos, que dependem cada vez mais da China no comércio e na colocação de seus títulos públicos, mas não deixaram, por exemplo, de conceder asilo ao advogado e militante dos direitos humanos Chen Guangcheng

fonte:http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/vasto-mundo/a-china-ava...

Exibições: 188

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Comentário de Cris em 31 julho 2012 às 13:54

CHINA AVANÇA COM TRABALHO ESCRAVO E AI??? ERRADO!

Comentário de STYLE LINE PRIVATE LABEL em 31 julho 2012 às 8:28

É o final do fim.

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço