Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fonte:|revistapegn.globo.com|

Empresas nacionais produzem luminárias inteligentes abastecidas por luz solar, usinas acionadas pelo fluxo das águas dos rios, células de
energia A hidrogênio e ganham espaço no uso de fontes não convencionais



Marcelo Min
“Células a hidrogênio são quatro vezes mais eficientes que um motor a combustão”
Ângelo Ebessui, da Eletrocell, produtora de gerador que converte energia química em elétrica

“Tecnologia limpa é a maior oportunidade do século 21. É a mãe
de todos os mercados.” Quem diz isso é o investidor americano John
Doerr, que, após ser um dos primeiros a colocar dinheiro em empresas
como Google e Amazon, foi considerado pela revista Forbes um Midas. O
mercado mundial de energia renovável, gerada a partir de fontes naturais
como o vento, o sol e a água, deverá movimentar em 2020 cerca de US$ 3
trilhões, de acordo com Stephan Matzenger, sócio da consultoria Mckinsey
& Co. O Brasil poderá obter US$ 20 bilhões com exportações de bens e
serviços para a indústria de energia a partir da biomassa (material
orgânico).

As oportunidades para quem deseja investir nesse universo, avaliam os especialistas, se multiplicam.
Turbinas eólicas, coletores solares térmicos e painéis fotovoltaicos
deixam os laboratórios de pesquisa para ganhar o mercado, com índices de
crescimento de 30% ao ano, no caso da energia eólica, gerada pelo
vento, e de 50%, no campo da energia solar, segundo estudo feito pelo
Greenpeace. O cenário é ainda mais atraente quando se pensa na geração
de energia renovável com baixo impacto no meio ambiente, a exemplo do
biodiesel. Só no primeiro semestre de 2010 foram investidos ao redor do
mundo US$ 162 bilhões em pesquisas e negócios ligados à área.

Criada há oito anos, a Eletrovento, com sede em Catanduva (SP),
desenvolve projetos de pequeno porte para geração de energia eólica com
tecnologia 100% nacional. Seus aerogeradores integram o projeto Luz para
Todos, voltado a domicílios distantes, sem acesso à energia elétrica. A
pequena capacidade produtiva, de 20 equipamentos por mês, precisa dar
conta de desafios de grandes proporções, como a geração de energia
eólica para a comunidade de pescadores da ilha Montão de Trigo, no
litoral norte de São Paulo, e a colocação em operação de um aerogerador
de 7 mil watts, capaz de iluminar pequenos conjuntos de casas e até
granjas. “A energia renovável está na boca do povo, mas o custo ainda é
impeditivo”, afirma Geraldo Ourivio, 63 anos, sócio da Eletrovento.
“Embora o preço do kW/h tenha caído de R$ 350 para R$ 150 nos últimos
anos, ainda é quatro vezes superior ao da energia elétrica
convencional”. Com seis funcionários e um faturamento estimado de R$ 1
milhão para 2010, a empresa espera crescer na esteira dos projetos de
pequeno porte.

Marcelo Min
“Nos anos 90 não se falava em energia renovável no país. Hoje o cliente nos procura”
Ronald Thomé, sócio da Energia Pura, importadora de equipamentos para energia eólica e solar

Com a experiência de quem apostou em energia limpa ainda na
década de 90, Ronald Thomé, 42 anos, sócio da Energia Pura, importadora
de equipamentos para geração de energia solar e eólica com sede em
Paraty (RJ), afirma que a demanda cresce dia a dia. “Quando abri a
importadora, não havia um mercado de energia a partir de fontes
renováveis no Brasil. Investi porque eu sabia que seria uma questão de
tempo”, diz. Quase duas décadas depois, já realizou mais de 2 mil vendas
e o faturamento deve chegar a R$ 1,2 milhão neste ano. Ao contrário dos
anos 90, Thomé observa que hoje é o cliente quem procura um projeto de
energia solar ou eólica, com garantia de 25 anos e vida útil de quatro
décadas. “Muita gente já está disposta a contribuir com a preservação do
planeta”, afirma.

Há bem pouco tempo a energia solar era aproveitada apenas para aquecimento. Hoje o uso do calor do
sol para gerar energia elétrica é realidade no país. Em julho foi
inaugurado o primeiro trevo em rodovia, no km 784 da BR 040, que liga a
cidade do Rio de Janeiro a Juiz de Fora, iluminado por energia
fotovoltaica. “Comemorei muito, porque sinaliza a abertura de um mercado
imenso e inexplorado”, afirma Walen Cruz Júnior, 34 anos, sócio da
ZipLux, empresa carioca responsável pela criação das luminárias à base
de energia solar. O produto, finalista no mais importante prêmio de
design internacional, o If Product Design Awards 2008, traz como
diferenciais a condução da luz da base da luminária para o topo por meio
de fibra ótica, com redução do consumo de energia; o direcionamento do
foco de luz, a partir de leds colocados na extremidade do cabo; e o
controle do acendimento e da luminosidade de acordo com o fluxo de
pedestres, com a utilização de um driver inteligente.

Cada totem custa cerca de R$ 2 mil, com autonomia de energia de 48
horas e alta intensidade de luz. A meta é instalar 150 luminárias até o
fim do ano, o que ajudará a ZipLux a faturar o R$ 1,5 milhão projetado
para 2010. “A barreira de entrada foi grande, mas a tendência é decolar.
Já fechamos contrato com uma empresa de Dubai e agora estamos em
negociação na Espanha”, afirma Cruz.

Marcelo Min
“Nos próximos quatro anos, a empresa pode faturar mais de R$ 10 milhões anuais”
Juan M. Perez, da Bioware, fabricante de bio-óleo a partir de resíduos vegetais e da lenha ecológica

Segundo o professor Paulo Seleguin Júnior, responsável pela
comissão de pesquisa da Escola de Engenharia da USP de São Carlos (SP), o
país começa a colher os frutos de estudos iniciados na área de energia
renovável há quatro décadas. “Essa é uma área que exige muito
conhecimento e investimento em inovação”, ressalta. “Daqui a cinco ou
dez anos teremos acesso aos produtos derivados das pesquisas de produção
de energia a partir das algas, das ondas do mar e de novas fontes
geradoras de biodiesel, hoje em estágios avançados nos laboratórios de
universidades e incubadoras de empresas.”

O protótipo de um sistema de turbinas que gera energia elétrica a partir
do fluxo natural das águas de um rio rendeu aos empresários Frank de
Luca, Johann Hoffaman e Wilson Pierazoli Filho, sócios da Care Electric,
destaque no Fórum Econômico Mundial. A empresa, instalada na incubadora
do Cietec, em São Paulo, está em busca de investidores para dar início à
implantação das miniusinas e foi considerada uma das start-ups mais
inovadoras do mundo.

DE ONDE VEM NOSSA ENERGIA
Conheça a matriz brasileira (em mil megawatts gerados)
Revista PEGN

Também nascida no Cietec, a Eletrocell fatura hoje com estudos
iniciados na década de 90. A empresa desenvolveu um gerador que converte
energia química em energia elétrica, produzindo apenas água como
resíduo. A célula de combustível concebida por Ângelo Ebessui, 59 anos, e
seus sócios, integra o primeiro ônibus movido a hidrogênio a circular
no Rio de Janeiro. “Começamos a estudar a célula combustível como
pesquisa acadêmica e só dez anos depois, no início dos anos 2000, é que
virou um projeto comercial”, lembra Gerhard Ett, 43 anos, sócio da
Eletrocell. Hoje, são 70 geradores instalados, a maioria de pequena
potência, entre eles, os de 5kW, próprios para estações radiobase de
celular. “As células têm eficiência energética quatro vezes maior que um
motor a combustão, não geram ruídos, poluentes ou cheiro”, afirma
Ebessui. “É tudo o que o mercado quer. Nossa maior dificuldade ainda é a
produção em escala, já que o preço da célula é alto, varia de US$ 4 mil
a US$ 6 mil o kW, dependendo da potência.”

Esse é, sem dúvida, o grande desafio das pequenas e médias empresas
brasileiras que começam a ganhar espaço nesse mercado. A solução
encontrada pela Bioware, criada em 2002, na incubadora da Unicamp, em
Campinas, foi firmar parcerias com grandes empresas que mostraram
interesse na adoção do bio-óleo criado a partir de biomassa, entre elas a
Petrobras, que tem investido no negócio. “Transformamos resíduos
vegetais, como bagaço de cana, casca de arroz e palha de milho por meio
de degradação química, sem oxigênio, em bio-óleo, um produto similar ao
petróleo cru, passível de substituir parcialmente o uso do petróleo
refinado”, afirma Juan Miguel Perez, 39 anos, sócio da Bioware. O
equipamento, com capacidade para processar 30 kg/hora de biomassa, custa
R$ 350 mil. A Bioware produz, também, a chamada lenha ecológica,
resultante do aproveitamento de resíduos agrícolas, florestais e
agroindustriais. “Depois de compactada, a biomassa é fracionada em
vários tamanhos de briquetes, semelhantes a um pedaço de carvão ou a uma
tora de madeira, conforme a necessidade do cliente”, diz Perez.
“Dominamos uma tecnologia única e temos a convicção de que nos próximos
quatro anos a empresa possa aumentar em dez vezes o seu tamanho,
ultrapassando a casa dos R$ 10 milhões de faturamento anual”, afirma.

Para Luiz Carlos Porto, dono da Silva Porto Consultoria, o
segredo para alcançar o sucesso nesse universo não passa apenas pelo
desenvolvimento de produtos de alta tecnologia, mas abrange tudo aquilo
que levar o país a ganhos de eficiência energética. “Quem somar
competências e trabalhar em nichos, porque esse é um mercado de
especialidades, tem tudo para dar certo”, declara.

RENOVAÇÃO GANHA O MUNDO
Veículos a energia renovável ganham espaço no Japão, na China, na Europa e nos EUA
Reprodução e AFP
O SOL MOVIMENTA A BIKE
A cidade de Tóquio inaugurou três
estacionamentos públicos com painéis solares que carregam as bicicletas e
alimentam a iluminação do local. A bicicleta elétrica faz 30 km com
três horas de carga
Reprodução e AFP
CARRO ELÉTRICO DOS SONHOS
A montadora chinesa BYD (Build Your
Dreams; construa os seus sonhos, em português) pretende produzir até
2025 cerca de 8 milhões de carros elétricos e se tornar uma das líderes
do setor. Só em 2010 serão 10 mil unidades
Reprodução e AFP
AERONAVE MOVIDA A HIDROGÊNIO
Antares, assim foi batizada a primeira
aeronave tripulada, criada na Alemanha, a voar usando apenas a energia
das células de combustível a hidrogênio. Por ora, o hidrogênio deverá
ser adotado nos sistemas internos de aviões comerciais, a exemplo do que
já acontece com alguns ônibus espaciais
Reprodução e AFP
TUBOS CAPTAM ENERGIA SOLAR
Em lugar de espelhos, tubos
fotovoltaicos: essa é a aposta da americana Solyndra para gerar energia
solar. Segundo a empresa, o modelo cilíndrico, que lembra uma lâmpada
fluorescente, é capaz de captar até 50% mais luz do que as placas
convencionais e tem custo de instalação mais baixo

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