Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O Brasil pedirá indenização à Europa e aos Estados Unidos pela crise global que eles geraram e pelos prejuízos que nos causaram

 

Nosso problema é a crise global? Não. Nossa crise não tem nada de global, por isso brincamos com o subtítulo acima. O nosso problema está no coração do Brasil, ou seja, em nosso governo.

O Brasil está habituado a ser periodicamente inundado por alguma crise econômica. No passado, a crise era recebida como uma onda: enfrentávamos, superávamos e tínhamos a certeza de que ela um dia voltaria. Desde a década de 1960, tem sido assim.

Naquela época, nossa economia era precária. Produzia-se apenas para o consumo e a custos altíssimos. Vivíamos um longo período de industrialização e precisávamos importar maquinários a preços “europeus ou norte-americanos”, e as nossas minguadas exportações resumiam-se quase que unicamente ao café. Com os militares no poder, abriram-se temporariamente as porteiras das florestas nacionais e, com isso, começaram a nascer os megaempreendedores do agronegócio e a soja passou a ser um dos produtos mais exportados. E as coisas continuaram a evoluir.

Com a centralização mundial da indústria quase totalmente nas mãos dos chineses, surgiu a grande oportunidade para o Brasil exportar o que mais tem: minério de ferro, em surpreendente quantidade, que gerou uma avalanche de divisas aos nossos cofres. Pronto. Aconteceu o milagre econômico do Brasil! Dólares à vontade para pagar dívidas antigas (e dar esmolas internacionais aos companheiros de nosso ex-presidente) e produtos chineses a preço de... banana? Não. Inferiores aos das nossas bananas. Ou seja: valorizaram-se as bananas e, com elas, os “nossos bananas”, que passaram a ser vistos como autores do milagre econômico. Só que tem um ditado que diz: “Quem não sabe ganhar não sabe gastar”.

E deu no que deu. No lugar de aproveitar o dinheiro para incrementar a competitividade de nossa força produtiva com investimentos em infraestrutura, não! Esbanjou-se no desperdício e na distribuição política dos resultados. Usou-se a energia financeira com fartos e desnecessários financiamentos a empresas gigantes; distribuíram-se “generosidades” à vontade com fins eleitoreiros; fez-se do governo um inesgotável cabide de empregos e um gigante oásis de marajás.

Hoje, diante do fim do fluxo do dinheiro dos outros, fica exposta a incapacidade administrativa de nossos políticos. E, em vez de se perguntar “onde foi que erramos?”, procura-se um bode expiatório para atribuir aos outros a culpa pela atual crise econômica.

É verdade que a necessidade de minério na China diminuiu, mas as compras feitas por eles no Brasil diminuíram muito mais, porque perdemos o mercado para outros países. E perdemos por quê? Apenas pelo custo de nossa logística. Porque nós, até agora, temos pago impostos não para o governo fazer estradas, ferrovias, portos, saúde etc., mas para os políticos acomodarem os apadrinhados no governo; pagamos para alimentar a corrupção e uma gigantesca classe de privilegiados.

A sociedade contribuinte faz a parte dela: produz em abundância, consome em abundância, mas nosso escravizador tira 40% da nossa produção. Dá para imaginar se, desses 40%, metade fosse deixada com o contribuinte? Quanta riqueza e empregos esses 20% produziriam? Pagar até 20% de impostos sobre nosso PIB significaria apenas ser igual à maioria dos países sérios, mas com uma vantagem: eles não têm nem a metade de nossas riquezas naturais.

Com o desmando na economia pública, a invasão política da máquina administrativa, tanta corrupção e mordomias no governo, nunca haverá impostos que sejam suficientes para nossos governantes. Eles, que chegaram ao poder pela demagogia, pregando uma gestão socialista, e hoje se sustentam com a compra de apoio da classe menos esclarecida e mais pobre, este governo, apesar de se autointitular e se fazer socialista, não o é e nunca será.

Este governo, por seus meios, é o tipicamente populista e, por sua essência, para mim, é um regime “sacialista” (do verbo saciar). O socialismo, pelo que entendo, passou longe da América Latina e baseia-se num idealismo rígido, utópico, irreal sim, mas voltado somente à sociedade. É um governo dirigido por um partido e não por uma pessoa, e com normas éticas internas muito severas, pelas quais, a exemplo da China, um ministro de governo é preso e condenado por qualquer valor desviado na gestão pública. O socialismo de Cuba, Venezuela e Bolívia não passa de “sacialismo”, puros golpes de políticos que se mascaram de socialistas para alcançar o poder a qualquer preço. Uma vez lá e com a chave do cofre na mão, é muito fácil sustentar sua permanência.

Para o “sacialismo”, criar riquezas não é com ele. Ele só sabe dividi-las. Aliás, esta é a única coisa em que ”sacialismo” e socialismo se assemelham: a única operação matemática que eles conhecem é a divisão. Mas, mesmo que a operação seja a mesma, o modo de os “sacialistas” dividirem é diferente. Os socialistas costumam imputar menos impostos e dividi-los por igual; já os “sacialistas” imputam mais e, primeiro, fazem a divisão em grandes proporções para a numerosa elite do partido; depois, uma pequena parte (uns 2%) para a sociedade cativa, aquela que mais acorre aos chamados de manifestações de rua, aquela parte da sociedade que nada possui, por isso nada tem para vender a não ser o voto, e o vende a quem dá mais.

Aqui se tira cada vez mais do setor produtivo, mas preservam-se os valores democráticos. Mesmo porque, por seu tamanho e dificuldades geográficas, não existiria regime totalitário capaz de dominar este gigante país.

Conclusão: nossa crise, além de não vir de fora, infelizmente não é passageira como as crises habituais de nosso passado; ela é grande e profunda e será cada vez pior porque é cancerosa, afeta todos os pilares institucionais.

Cura? Câncer não se cura, só se extirpa. Precisamos de uma nova Constituição, que permita uma faxina radical no governo e em todos os setores do serviço público. Precisamos acabar de vez com os famosos “direitos adquiridos” de nossos marajás. Tornar o serviço público civil flutuante e renovável periodicamente, para dar acesso ao cidadão que se dispõe a trabalhar mais por menos dinheiro. Precisamos punir com rigor o crime, e punir com pena de morte quem mata. Será que essas mudanças interessariam a nossos atuais políticos? Não, porque estamos falando de câncer!

 

* Reprodução liberada*

 

Cav. Giuseppe Tropi Somma é empresário, membro da Abramaco e presidente do Grupo Cavemac.

giuseppe@cavemac.com.br

Foto: Divulgação

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