Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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PARIS - Ele nasceu quando o coração do século passado explodia em seu primeiro enfarte: revolução russa, outubro de 1917. Alemão de Berlim, Stephane Hessel tinha 20 anos quando combateu o nazismo, asilou-se na França, naturalizou-se, entrou na Resistência e foi para Londres lutar ao lado do general De Gaulle. Preso pela Gestapo em 1944, foi deportado para os campos de concentração de Buchenwald e Dora, na Alemanha, onde ficou dois anos e fugiu em 1945. A partir daí é um cidadão do mundo a serviço do mundo. Na ONU, participou da comissão de redação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da qual fez parte o brasileiro Austregésilo de Athayde.

Embaixador da França nas lutas pela paz, mundo afora, atua, mobiliza, escreve livros (Dance com o Século; Cidadão Sem Fronteiras). Em outubro do ano passado, surpreendeu o mundo com um poderoso manifesto de poucas dezenas de páginas, traduzido em todos os países e que logo chegou a milhões de exemplares (Indignez-vous!), agora seguido por outro (Engagez-vous!). Tornaram-se bandeiras de luta da juventude árabe sublevada e até em Wall Street.

Hessel

O que Hessel previu, pregou, ensinou, do alto de seus 94 anos de sabedoria, está nos jornais, revistas e televisões da Europa:

1. "Acho que o escândalo maior é econômico. É o das desigualdades sociais, da justaposição de extrema riqueza e da extrema pobreza em um planeta interconectado. Resistir não é simplesmente refletir ou descrer. É preciso empreender uma ação."

2. "É preciso jugular a especulação financeira através de um controle estreito dos bancos, da supervisão vigilante das agências de classificação. Criar uma taxa sobre as transações imediatas. Proibição de flutuações de preços. Uma lei antitruste proibindo monopólios e oligopólios. E uma ação internacional para supressão dos paraísos fiscais."



Jean Daniel

1. Jean Daniel, principal editorialista da Nouvel Observateur:

"Como a crise vai lançar nas ruas os 'indignados do mundo', jamais foi tão importante ajudá-los a escolher sua causa."

2. Daniel Cohn Bendit, principal líder de maio de 1968:

"Quando um homem que combateu o nazismo e sobreviveu às torturas e aos campos de concentração, vem denunciar 'a tirania dos mercados financeiros mundiais', é preciso ouvi-lo como um profeta em seu país. A lição de Hessel: indignar-se, reencontrar uma dignidade perdida. A indignação só tem valor com mobilização."



3. Le Nouvel Observateur:

"Os protestos ganham os EUA. As manifestações espontâneas contra os excessos do sistema financeiro chamaram a atenção de Nova York. Ocuparam o Zuccotti Park."



Chesnais

François Chesnais, guru da economia, professor emérito da Universidade de Paris, editor da revista Carré Rouge, a Eleonora Lucena:

"A crise representa o beco sem saída, o impasse absoluto do regime guiado pela dívida. Ficou impossível o pagamento da dívida soberana... Nunca os lucros financeiros foram tão altos em comparação com a atividade produtiva.... Não haverá fim para a crise enquanto os bancos e os investidores estrangeiros estiverem no comando... O poder das agências de classificação de risco espelha o quanto os governos foram colocados nas mãos das finanças... A crescente percepção da corrupção político-financeira atiça a indignação e faz os jovens mais pobres usarem os únicos métodos que têm à disposição... É possível que nos próximos meses ocorra da França uma reação popular contra os cortes de Orçamento."

Brasil

1. O que dizem os jornais e revistas daqui não é diferente do que escreveu o lúcido Ricardo Melo (Folha):

"Diante da ditadura dos grandes bancos e de sua contabilidade macabra, persiste uma certeza: salvo um milagre, a solução da crise pela superação de um sistema avesso à distribuição dos recursos produzidos. Sem mexer nisso, tudo será paliativo, enganoso, como aliás tem sido".



2. E Rosiska Darcy de Oliveira (O Globo):

"Os saques são o rebatimento no submundo da sociedade, da escroqueria financeira que, por cima, inventa derivativos e saqueia a economia mundial e as economias de cada um, vangloriando-se de seu estilo agressivo. Quando os bancos colapsam e as falências se dão em castelos de cartas, a conta final vai para os Estados - logo, para nós todos. A crise de fato é esse sistema desgovernado e impune, que já arruinou meia dúzia de países e ameaça destroçar outros". Os colegas do jornalismo econômico sabem bem de tudo isso. Mas não dizem nada porque marcham no exército paraguaio dos bancos. Deviam assistir comigo aqui ao seminário "O Estado submetido à tirania dos mercados: a batalha está perdida?"

Fonte:|http://www.dci.com.br/A-tirania--394576.html

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