Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O alarde sobre a perda de espaço da indústria de transformação no PIB brasileiro existe exatamente porque ninguém gosta de incorrer em perdas.

A indústria de transformação está perdendo participação, mas não tanto quanto a estatística sugere. Sabe-se que os preços da indústria têm caído em relação aos demais, especialmente ao setor de serviços – onde a escassez de oferta produz forte subida de preços. Assim, se deflacionássemos os valores originais pelos índices setoriais de preço, a queda de participação física seria menor.

Não se trata, portanto, de dizer que a indústria acabou, mas que o Brasil, a exemplo de outros países, está passando por uma transformação estrutural em favor dos demais setores. Esse é o ponto. O paradigma em vigor no passado já mudou ou está em processo de mudança. É de se esperar que, diante da perda, os representantes da indústria tendam a mostrar indignação, especialmente contra o tsunami cambial – um inimigo externo recente -, e que o governo se sinta premido a implementar medidas de alívio.

A indústria made in Brazil perde espaço basicamente por quatro motivos. Primeiro, porque poupamos pouco (especialmente no setor público), ou seja, mesmo arrecadando muito, adotamos um modelo de forte expansão dos gastos correntes. Por isso, o setor público investe pouco, criando gargalos e altos custos na infraestrutura de transportes. Há o fato de que o governo desaprendeu a planejar e gerir inversões, e também um viés ideológico anti-investimento privado de qualidade na infraestrutura. O Custo Brasil é gigantesco, tanto por isso, como porque há burocracia excessiva, corrupção e outras mazelas. Com margens apertadas, a indústria sofre mais.

Em segundo, porque os preços das nossas commodities de exportação dispararam, beneficiando diretamente um setor que não é a indústria. Em breve, com o pré-sal, seremos campeões também em petróleo de alta profundidade, e exportadores dessa commodity tecnologicamente sofisticada.

Em terceiro, porque a China, esbanjando poupança, vem implementando há trinta anos – ou mais – um modelo econômico baseado na inundação de produtos industrializados baratos no mundo ocidental. E, por último, porque o Brasil se tornou mais atrativo aos capitais externos por seus méritos (controle da dívida pública e estabilidade política), por seus deméritos (uma das maiores taxas de juros reais do mundo), e pelo demérito dos outros (crise mundial).

Vê-se que, enquanto a indústria perde, outros setores ganham. Basta lembrar o sucesso do pré-sal. Agora, não se trata mais do petróleo de águas rasas, mas do óleo extraído de águas profundas com sofisticada tecnologia made in Brazil.

Além do mais, a indústria brasileira padece do pecado de ter sido montada especialmente para atender ao mercado interno, na ideia de que o sistema original de proteção duraria para sempre. Só que o mundo resolveu reduzir as barreiras, e o Brasil não teve escolha: integrou-se mais aos mercados mundiais, desvendando uma pletora de “carroças”.

Tudo isso empurra o Brasil para a apreciação real da taxa de câmbio, o que vem ocorrendo há muito, e só não se dá em maior intensidade porque o Banco Central compra todos os dólares que consegue, ainda que essa compra seja financiada internamente a juros estratosféricos.

Sem preparo para enfrentar essa avalanche de mudanças, a indústria trava uma guerra inglória contra as forças naturais dos mercados e o modelo de crescimento dos gastos correntes. Nesse sentido, o governo vive uma difícil contradição. Quer ajudar a indústria, para o que lança medidas pontuais, mas gostaria de poder viabilizar maior crescimento global do PIB, o que exige maior volume de poupança de fora, a fim de complementar a reduzida geração de poupança interna que o seu modelo ocasiona.

O conflito está em que não há como trazer essa poupança sem ter um déficit de igual valor na conta corrente do Balanço de Pagamentos, o que requer maior apreciação cambial, maiores importações e, no fim, maiores déficits externos.

Não é por outro motivo que, nos governos Lula (até 2008), a taxa de investimento aumentou cerca de cinco pontos de porcentagem do PIB, enquanto o déficit externo (poupança externa) aumentava na mesma magnitude. Com o país impedido de importar serviços, e sendo campeão de competitividade em commodities, a indústria acaba sendo o primo pobre que precisa não crescer para tudo o mais funcionar. Estamos – ou não – num admirável mundo novo?

Com tantos desafios, é fundamental criar condições para a indústria se tornar mais competitiva de forma sustentável. Sem uma estratégia semelhante à que colocou a Embraer no brilhante patamar em que está, e dada a oferta mundial excedente de produtos industrializados do momento, é de se tentar outros caminhos. Nesse contexto, o principal andaime que dará sustentação à indústria é a concentração de investimentos em infraestrutura, especialmente de transportes, onde a carência é maior. Assim, estaremos pavimentando de forma mais sólida o caminho para o novo mundo que se ergue.

Fonte:http://www.imil.org.br

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Comentário de adalberto oliveira martins filho em 14 abril 2012 às 3:44

JONATAN....a importação é licita!!!! nao vamos questionar o sexo dos anjos,ok??? mas é devido as importaçoes que se deixa de :

a) investir no Brasi9l...veja o caso da antiga RHODIA que foi adiquirida pelo grupo MG....entre outros exemplos!!!alias até o nosso ex vice Jose de Alencar ""fez investimentos"" no oriente...e com $$$ do BNDS ...isto pelo fato de ser licito suas operaçoes ....( independente de delubio soares x coteminas  x mensalão...) 

b) deixam de investir, pelo fato do governo "" permitir que se importe sem controle "" operaçao perfeitamente legal!!!

c) inicialmente qdo Collor abriu os mercados, simplesmente tinha como objetivo a melhoria de qualidade de produtos  em todos os segmentos.  crescemos, evoluimos, investimos....e daí ??? somente se esqueceram que tem que ter limites!!!! equilibrio!!! com isto, os empresarios de todos os setores, optaram apenas em importar e produzir na Asia!!!!  sem nunca ter questionado até que ponto haveria equilibrio.....

c) com falta de investimentos em tecnologia como consequencia, é obvio que tb se perde a mao de obra....e NAO MAIS SE RECUPERA!!!!

d) a desindustrialização é a consequencia desta zona!!! este é o grande problema!!!!!

e) tem inumeros materias primas que somente existe no Brasil!!!! e nós simplesmente exportamos  para depois importa-la ja manufaturada ( em todos os segmentos!!!) esta é a BURRICE !!!!! geramos mao de obra fora do brasil!!!! ao inves de manufatura-la e vende-la com valor agregado. Veja o Japão....praticamente nao existe materia prima, mas depois sa 2[ gueera, simplesmente passou a importar materia prima ( ao inves de produtos )  manusea-las e transforma-las em produtos, com valor agregado, e gerando emprego em toda a cadeia produtiva!!!! foi assim que japaão saiu da miseria e se tornou a 1ª economia do mundo!!! e isto já se falava nos anos 68/70 !!!! ou seja o japãp apenas criou industrias para manufaturar!!!! ( hoke ja tem inumerias instaladas na china, coreia , vietna e até africa do sul !!!!)

f) a Suiça nao produz cacau, mas é a 1ª em fabricação de chocolates!!!

g) a alemanha nao planta 1 pé de café sequer...mas é o fabricante mais famoso de gosto apurado , do mundo!!!!

e assim sucessivamente!!!  estes fazem a diferença!!! e fazer a diferença nao depende apenas de um governo corrupto e vadio, sem comprometimento social!!! onde se dá o peixe e nao a vara para pescar!!!

da mesma forma depende em FAZER A DIFERENÇA, NÓS !!!! e qdo digo nós, estou falando, eu, vc , nossos amigos, familiares ...etc..etc... Veja Singapura...joque uma bituca de cigarro na rua, ou joque um pedaço de papel ou um chiclete.....vc paga uma multa e se nao tiver $$$ vc vai trabalhar para o governo para pagar a sujeira que vc fez!!!  a 1[ vez que fui a Blumenau, o semafaro estava aberto para veiculos e eu simplesmente passei!!! caramba....fui xingado!!! pois o pedestre qdo bota o pe na faixa, simplesmente todos param!!! mesmo que o sinal nao esteja aberto para o pedestre!!! fiquei estes dias em Santos...na regiao da alfandega...e pude observar que apos pintarem as faixas nocas, o pedestre passa a ter preferencia!!! me parece que vamos ficar ""civilizados"" pelo menos no transito ainda que leve  mais de 20 anos...uma geração!!!!

portanto vamos encontar uma serie de disparidades, valores e conceitos  em cada região do mundo......da mesma forma temos economias diferentes!!!! este é o X da questão!!! caramba...nao insista mais em materias primas, pois nao há isonomia de economia!!!  e vc é presidente de uma entidade que nao traz materia prima e sim produtos ja manufaturados, ou seja : matando a cadeia produtiva!!!Alias em seu site da ABITEX  traz seus ""parceiros"" que simplesmente optaram em lucro imediato, com baixo investimento, baixo risco, mao de obra basica, etc...etc....veja e faça o calculo de quantos empregos estão gerando fora do Brasil!!!!!( com anuencia desta merda de governo!!!!) .

na realidade a cada dia o empresario é estimulado a importar tudo!!!! e é claro que deixa de produzir no Brasil!!! deixa de manter a função social de toda a empresa: gerar empregos, gerar PIB, gerar impostos...etc..etc...lembrando que mesmo com cx 2 os valores de impostos em toda a cadeia produtiva supera em muito os valores de impostos cobrados qdo se importa!!!!


há de definir apenas:


a) queremos um pais industrializado???por quais motivos???

b) o que faremos com 120.000.000 de trabalhadores que estarão disponiveis  em 2020 ???( vao trabalhar na china ???) 

c) se nao temos ISONOMIA de economia, NAO podemos nos meter a entar nesta globalização!!! ganhamos apenas de paises que tem moeda mais forte!!! entretanto a China superou a todos!!! com koeda desvalorIZADA E CUSTO MAIS BAIXO!!!


RESTA AGORA LIMITAR AS IMPORTAÇOES ...DETERMINAR COTAS DECRESCENTES!!!SOMENTE ASSIM VOLTAREMOS A CRESCER, GERAR RIQUESAS, GERAR PIB ...GERAR CONFORTO SOCIAL!!!!ESTABILIZAR O PAIS!!!


mas infelizmente temos um governo e um povinho,  que mata qualquer um...como temos tb pessoas como vc  que defende a importação ( apesar de agora vc estar mudando o discurso...mas tudo bem....vale!!)  e ainda teimam em falar em materia prima !!!! caramba ja lhe passei o que é materia prima para qualquer segmento!!! e de seus parceiros em seu site """"NAO EXISTE UM SEQUER """ que traz materia prima!!!!! somente produtos em diversos estagios de processo!!!!


lembre-se que Suape vai sair mas com equipamento de 2ª mao!!!! que caca!!!!

Comentário de Antonio Silverio Paculdino Ferre em 11 abril 2012 às 9:28

Já que a industria não é mais o componente básico do PIB, a diminuição dos impostos industriais, causam menor dano à arrecadação. Precisamos exigir! O simples tira daqui e põe ali, não resolve. Tem que ser redução mesmo.

Comentário de Jonatan Schmidt em 10 abril 2012 às 13:43

O texto expõe, com clareza, o cenário brasileiro. O Governo arrecada com muita eficiência e gasta com ineficiência inigualável. O Governo não planeja e, portanto, não sabe investir adequadamente. A indústria foi criada para atender às demandas internas. No começo, fabricava-se para suprir a Corte, depois os ricos e mais recentemente a classe C. Neste sentido, se a industria olhava para dentro, paar que se preocupar com inovação tecnologica? Mas as carroças ficaram visiveis e o Rei se viu nu. O dilema da indústria é que, além de se modernizar, ela precisa de matéria prima - e, para tanto, muitas das vezes precisa importar. Mas este dilema não existe apenas no Brasil. Mas aqui o importador foi identificado como sendo o vilão, como se não precisassemos importar. Não defendo a importação pura e simples, "sem eira nem beira". Defendo a importação necessária e adequada, inclusive porque a economia está globalizada e quem não importar não encontrará mercado para os seus produtos.      

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