Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Tudo já foi dito. Tudo que era possível entender para se poder dizer, até agora, já foi dito. Com menor ou maior verve e estilo, conforme o autor. E, no entanto, nada foi esclarecido: as causas, o porquê, as consequências continuam em busca de explicação: quais são? Quem as deslinda? No meio das manifestações, das passeatas, das turbulências e dos protestos, e para quem assistia a tudo pelas TVs, uma coisa, ao menos, parece fora de dúvida: os manifestantes não queriam saber da presença de nenhum político conhecido nem de nenhum partido político, “da base” ou “da oposição”. Os poucos que se arriscaram a tentar se imiscuir nas manifestações foram vaiados e expulsos, em alguns casos de forma truculenta. A “voz das ruas” não quer saber dos cochichos da politicalha.

Nossa presidente nos disse que é preciso ouvir “a voz das ruas”. Mas ela também não tem a menor ideia do que é que a “voz das ruas” está dizendo. Na juventude ela pegou em armas pensando que estava atendendo à “voz das ruas”. Enganou-se. As ruas não estavam pedindo para ninguém pegar em armas na ocasião. Deve estar equivocada de novo, se pensa que está ouvindo e entendendo direito o que as ruas estão dizendo.

Na verdade, o que se ouviu nas ruas até agora é pura algaravia. Altissonante, ensurdecedora, ameaçadora para muitos ouvidos, mas algaravia. Só o primeiro grito desencadeador é que foi claro: queremos passe livre (no transporte público). Depois, repórteres de todos os veículos se puseram em busca de um discurso inteligível, em vão.

É relativamente fácil adivinhar o que é as ruas não querem: não querem a soberba, a displicência, a negligência, o despudor, a corrupção e os desmandos que a classe política brasileira vem descaradamente praticando há anos, desde que conseguiu ocupar o lugar dos militares, que, aliás, com o torniquete na imprensa, nas escolas e na opinião pública em geral, abriram caminho para a impunidade e o descaramento civil dos políticos. A revolta parece dizer com clareza o que não quer.

Mas da revolta, ou das revoltas, não nascem necessariamente propostas de ação prática. Da revolta pode nascer uma revolução quando uma proposta viável precede à revolta e a conduz. Foi o caso das revoluções comunistas do século passado, da Rússia até Cuba. Ou, muito antes, na Revolução Francesa, que nos trouxe os governos “do povo, pelo povo e para o povo”, conforme nossas Constituições, em lugar dos governos “do rei, pelo rei e para o rei”, de até então. A revolta do povo alemão contra seus governos semimonárquicos e contra os sacrifícios que a derrota na 1.ª Guerra impôs só desaguou no regime nazista de Hitler porque havia um partido nazista preexistente e uma proposta nazista que o povo alemão, bem ou mal, aceitou como salvadora.

Arrisco opinar que esse acúmulo de frustrações levanta a voz das ruas

Portanto, a proposta precisa ter muita credibilidade, força mobilizadora e senso de oportunidade. Nesse caso, ela pode surfar na revolta, tomar conta do movimento e conduzi-lo. O que, por sua vez, exige uma organização, um partido formulador da proposta e promotor da organização.

Por enquanto, as ruas querem “mudar tudo isso que está aí”. A manchete da Folha de terça-feira sintetizava o querer revoltoso: Milhares vão às ruas ‘contra tudo’… Mas isso não é proposta. É protesto. E esse protesto o PT e Lula já tinham martelado na campanha eleitoral. Tanto não era proposta de verdade que foi esquecida no primeiro mês de governo petista.

O fato é que o povo purga frustrações acachapantes de esperanças políticas há mais de 60 anos. Desde o suicídio de Getúlio Vargas, seguido pouco depois pela estrondosa vitória e abjeta renúncia de Jânio Quadros, o que iria “varrer toda a bandalheira”. Veio o golpe militar para “acabar com o comunismo e a corrupção”. Aniquilou vários comunistas e promoveu a corrupção. Collor arrasou nas urnas combatendo “os marajás”, aos quais aderiu gostosamente antes de renunciar para não ser deposto.

Arrisco opinar que esse acúmulo de frustrações levanta a voz das ruas.

Fonte: O Estado de S. Paulo,

Autor: Marco Antonio Rocha

Exibições: 135

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Comentário de julio cesar de souza em 23 junho 2013 às 7:26

INFELIZMENTE, AMIGOS, OS CURRAIS ELEITORAIS AINDA SÃO MUITO FORTES 

SERTÃO A DENTRO DE NORTE A SUL, ENTÃO VEJAMOS, COMO PODE O COLLOR

SER UM SENADOR TÃO FORTE E PRESIDIR COMISSÕES PARLAMENTARES, COM

A COBERTURA DO PIOR PRESIDENTE QUE O PAÍS JÁ TEVE (O SARNEY) E UM

DOS PIORES HOMENS PÚBLICOS DA HISTÓRIA, APÓS TER SIDO EXPULSO DO

PAÍS(SÓ NÃO LEVOU UM "PÉ NA BUNDA" PORQUE FUGIU ANTES E AINDA SE

ACHA MACHÃO)????? CURRAL ELEITORAL DE ALAGOAS O TROUXE DE VOLTA!!

OS ALAGOANOS QUE TEM ELOISA HELENA PARA VOTAR E VOTAM EM COLLOR E CELHEIROS??? SÓ UM CURRAL ELEITORAL SABE A RESPOSTA. SÃO ESTAS COISAS

QUE TÊM QUE ACABAR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 

Comentário de julio cesar de souza em 23 junho 2013 às 7:11

Olá, Jaimisson! Estou no RN(Natal) estado do Rei da assembleia

legislativa e que hoje é vice governador e é forte candidato a

governador nas próximas eleições em 2014 pois deu a maior

rasteira na atual governadora, que também não vale nada!

Comentário de julio cesar de souza em 22 junho 2013 às 10:49

 NA VERDADE O QUE O POVO QUER É ENCONTRAR, EVIDENTEMENTE,

 OS VERDADEIROS RESPONSÁVEIS POR TODA ESTA "MISÉRIA" QUE

 VEMOS NOS ESCOMBROS DO DIA A DIA ENCOBERTOS PELO "BOLSA

 FAMÍLIA" QUE SOLTA MIGALHAS AOS POBRES MAS NÃO SOLUCIONA

 OS GARGALOS QUE NÃO DESENVOLVEM O PAÍS, COMO SEMPRE É

 PROMETIDO  NOS PALANQUES "ELEITOREIROS". MUITOS SABEM ONDE

 ESTÃO OS VERDADEIROS RESPONSÁVEIS POR TUDO ISSO, NO "CONGRES-

 SO NACIONAL. É LÁ E É DE LÁ QUE SAEM OS RESULTADOS NEGATIVOS 

 DA NOSSA ECONOMIA, EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA.

 OS "NEGOCIADORES(LÊ-SE MERCADORES)" DA NOSSA DESEDUCAÇÃO,

 DESSEGURANÇA, DESSAÚDE QUE BARGANHAM RECURSOS DO TESOURO

 NACIONAL PARA SEUS BOLSOS E PARA OS COFRES DO PARTIDOS POLÍTI-

 PARA A MANUTENÇÃO DE SEUS CARGOS "PÚBLICOS". SERÁ QUE MINTO?

 SERÁ QUE CALUNIO? É CLARO QUE NÃO, ESTA TUDO AÍ PARA TODOS

 VEREM, NAS TELINHAS, NAS PÁGINAS DOS JORNAIS E NOS NOTICIOSOS

 DAS RÁDIOS QUE PENETRAM SERTÃO A DENTRO: COMPRAS SUPER FATURA-

 DAS COM NOTAS FRIAS, OBRAS QUE COMEÇAM MAS NÃO ACABAM, OBRAS

 QUE PARA SEREM CONCLUÍDAS CUSTAM O DOBRO(NO MÍNIMO) DO ORÇA-

 MENTO INICIAL. E O QUE É PIOR, ESTIMULAM ESSAS PRÁTICAS NAS ASSEM-

 BLEIAS ESTADUAIS E NAS CÂMARAS MUNICIPAIS, VOU "DESENHAR":

 "NUM DETERMINADO ESTADO DO NORDESTE EXISTE UM POLÍTICO QUE "TEM",

  E TEM MESMO, UM GRANDE "CACIFE" ELEITORAL(TROCANDO EM MIÚDOS:

  MUITOS VOTOS) CAPAZ DE LEVAR QUALQUER UM QUE ELE INDIQUE A CARGOS

  GRAÚDOS NO PLANALTO CENTRAL, TANTO É QUE ELE ELEGEU SEU FILHO PA-

  RA DEPUTADO "FEDERAL" COM NÚMERO RECORDE DE VOTOS E ELE NÃO SAI

  DE SEU ESTADO "NEM QUE A VACA TUSSA". PORQUE SERÁ??? TODA HORA ELE

  ASSUME A PRESIDÊNCIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SEU ESTADO, ONDE

  ELE SENTE-SE REI."

  VEJO QUE A EMERGÊNCIA DAS EMERGÊNCIAS É LUTARMOS POR UMA PROFUN-

  DA REFORMA POLÍTICA QUE ACABE COM OS VOTOS SECRETOS NO CONGRESSO

  E NOS TRIBUNAIS FEDERAIS PARA VERMOS AS CARAS DOS DESCARADOS, QUE

  ACABE COM OS "FOROS PRIVILEGIADOS"(QUE IMPEDEM IREM PARA AS CADEIAS

  OS BANDIDOS QUE ATUAM DISFARÇADOS DE HOMENS PÚBLICOS), QUE FORCEM

  OS "CONGRESSISTAS" A AGILIZAREM AS PRIORIDADES PARA O DESENVOLVIMEN-

  TO IMPEDINDO-OS DE BARGANHAREM COM NOSSAS NECESSIDADES, ETC.........

  "VAMOS CONVOCAR UMA GRANDE MOBILIZAÇÃO, COM O MÁXIMO DE REPRESEN-

   TANTES DE TODOS OS ESTADOS, NACIONAL EM BRASÍLIA PARA FORÇARMOS

   ESTAS MUDANÇAS JÁ!!!" 

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço