Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Argentina dá as cartas - Exportacao de Têxteis - DIÁRIO CATARINENSE

Já há vários anos este jornal vem alertando em seus editoriais sobre os perigos a que a indústria brasileira e a catarinense em especial está sujeita por conta da política comercial externa da presente administração federal. Conduzida por um viés ideológico que em nada favorece a competitividade nacional num ambiente global caracterizado pelo pragmatismo, a política comercial brasileira tem-se caracterizado por sucessivos tiros no próprio pé, sem que se possa apreender com exatidão que benefícios o governo federal espera com ela alcançar, uma vez que até aqui vem amealhando fracassos e mais fracassos. O rol de equívocos, se elencado desde que o atual governo começou, consumiria muito mais que o espaço disponível nesta página. Limitamo-nos, por conseguinte, a comentar apenas os mais recentes, mas não menos nefastos ao empreendedorismo brasileiro. Agora mesmo, uma comitiva empresarial brasileira, da qual faz parte o catarinense Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau e conselheiro da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (Abit), encontra-se em Buenos Aires para discutir a crescente demora da Argentina em conceder licenças de importação a produtos brasileiros, subterfúgio encontrado pelo governo daquele país, e aceito sem contestações pelos governantes do Brasil, para reduzir as compras de nossos produtos, num evidente desrespeito às normas que regem o comércio internacional e afrontam o espírito de livre comércio do Mercosul, do qual as duas nações são signatárias.

A indústria têxtil brasileira, e também as de muitos outros países, já enfrentam sérias dificuldades impostas pela concorrência desleal praticada pela China, que não pode ser considerado um país que pratique o livre comércio, embora o governo brasileiro, que sonhava ingenuamente com o apoio de Pequim à sua pretensão de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, assim o tenha reconhecido de forma oficial. Um erro que não só prejudicou o desempenho das indústrias nacionais dentro do próprio Brasil, pelo ingresso maciço de produtos “made in China”, como ainda reduziu de forma drástica a participação brasileira nos principais mercados da América e do mundo. Frise-se que a China ignorou olimpicamente a reivindicação do governo brasileiro. Como se não bastasse, as indústrias brasileiras agora se veem obrigadas a aguardar por até seis meses para que seus produtos cruzem a fronteira. Para o setor têxtil, isso representa um prejuízo imenso, pois as confecções estão chegando à Argentina fora da estação e quase fora de moda. Um estrago e tanto, que pode ser mensurado em números: de janeiro a abril, Santa Catarina teve um recuo de 32% em suas exportações de têxteis, e o Brasil, uma retração de 48%. Nada menos de 131 produtos são submetidos a licenças não automáticas exigidas pela Argentina. Nada poderia estar mais distante dos ideais do Mercosul...

Brasília, enfim, deve reconhecer aquilo que até as pedras da rua já sabem – a atual política comercial externa prejudica as próprias empresas brasileiras, sacrificando mercados duramente conquistados, divisas importantes para o equilíbrio da balança comercial e milhares de empregos em território nacional. Em face da situação crítica a que o setor fabril exportador está exposto, é imperativo que o governo reavalie sua estratégia e passe a priorizar os interesses nacionais, abandonando de vez o ranço ideológico que tanto nos tem prejudicado.

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