Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O mundo continua tomando medidas para baixar o teto de carbono com a taxação das emissões dos gases de efeito estufa. A partir de 1 de Julho de 2012 as indústrias australianas terão de pagar 17,3 euros por cada tonelada de CO² emitida. “Hoje fizemos história”, disse a primeira-ministra australiana Julia Gillard, depois do parlamento aprovar a taxa de carbono que dividia o país há anos.
 
A taxa será aumentada em 2,5% ao ano até 2015, quando será substituída por um sistema de comércio de licenças de emissões na Ásia-Pacífico, com preços variáveis fixados pelo mercado, como o que existe na União Européia desde 2005, onde as empresas ainda transacionam entre si o direito de poluir.
 
Sintonizado com os movimentos globais, o estado do Rio organiza-se para quadruplicar a utilização de energias renováveis até 2030. O “Decreto do Clima” assinado em setembro passado pelo governador Sergio Cabral, determina que as grandes indústrias fluminenses terão que declarar as emissões de cada unidade, especificando a fonte de energia. As informações servirão de base para as compensações a serem exigidas no processo de renovação das licenças ambientais. Preparando-se para sediar a Cúpula da ONU para a Sustentabilidade - Rio+20, o estado atrai atenção de investidores que analisam tendências reveladas por esses eventos globais.
 
Na Bahia, empresas localizadas no Pólo de Camaçari, que movimenta 1/3 do PIB do estado, já fazem inventários de carbono e sabem que têm que estar preparadas para avanços nos marcos regulatórios internacionais e nas legislações nacionais. As que ainda tentam “esverdear-se” acabam caindo na crescente teia de regras e oportunidades e não conseguem desvincular-se. A economia verde começa a dar as cartas.
 
A Braskem, líder do Pólo, afirmando que "é preciso amadurecer para ser verde" já faz inventário de carbono e deu um passo ousado declarando sua visão de liderança mundial na química sustentável, adquirindo empresas nos EUA e na Alemanha. A Braskem Alemanha - país locomotiva da economia verde na Europa e no mundo - funcionará como o novo benchmark (referência) da empresa. O que acontecer na Braskem Alemanha influenciará a empresa no mundo e, consequentemente, o Cofic (Comitê de Fomento Industrial de Camaçari) - em fase de amadurecimento para ser verde - que, além da Braskem, reúne multinacionais como Ford, Dow, Millenium, Du Pont, Monsanto, Firestone e agora a chinesa JAC Motors, todas subordinadas mundialmente às novas ecoregras.
 
A JAC Motors, que prepara-se para entrar na Bahia, sabe que a China (país que hoje lidera as emissões mundiais) investirá US$ 313 bilhões na economia verde, promove o desenvolvimento de baixo carbono no Plano Quinquenal (2011-2015) e estabeleceu meta de 16% na redução da intensidade de energia até 2015. Além da performance, a imagem internacional da JAC, um valioso ativo da empresa, terá que estar ligada aos credos inovadores que norteiam o seu governo. Quantas toneladas de carbono serão emitidas por carro produzido?
 
Atenta a esses movimentos globais, o setor de Fibra Naturais da FAO (Organização da ONU para Alimentação e Agricultura) reuniu na Bahia especialistas de todo o mundo para discutir o futuro das fibras. A FAO já está atenta para o fato da fibra natural ser agente descarbonizante e que seus compósitos usados em veículos, por exemplo, pode representar redução de emissões para empresas. A região sisaleira da Bahia que produz 50% do sisal do mundo (e pode vir a ser um novo pólo de energias renováveis) está prestes a destravar, via inovação, ciência e tecnologia, o centenário ciclo vicioso que estacionou a ignorância entre o sisal e a pobreza.
 
Em um mundo com 7 bilhões de habitantes, que aumentou a emissão de gases de efeito estufa em 45% entre 1990 e 2010 (48 gigatoneladas de CO² emitidas só em 2010), 78 trilhões de dólares de PIB e conectado por websites e celulares, tanto o vento soprado pela batida da asa de uma borboleta na Austrália, quanto as decisões do seu parlamento, influenciam decisões em muitos lugares - inclusive aqui.
 
*Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.

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