Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Combustível a Partir do Ar – Será essa a Principal Questão?

“Cientistas transformaram ar em combustível” (segundo o jornal Independent em sua manchete do dia 20/10 citando especialistas britânicos).

Sendo que Daily Telegraph classificou a descoberta como ‘revolucionária’ e o tabloide Daily Mail, afirma que tal descoberta “promete resolver a crise energética global.”

Mas será que a questão principal se resume apenas na produção de combustíveis e na crise energética mundial?

O Processo

A pequena empresa britânica Air Fuel Synthesis anunciou ter desenvolvido uma tecnologia que possibilita a produção de um combustível a partir de ar e água. Mas especificamente a partir de hidrogênio extraído do vapor d’água por eletrólise e do gás carbônico extraído da atmosfera por lavagem alcalina.

O processo central é bem conhecido e se fundamenta num conceito amplamente estudado por centros de pesquisas em diversos países tais como o Centro de Tecnologia Industrial de Tokushima, no Japão, e o Centro de Estudos de Materiais Freiburg, na Alemanha.

Consiste basicamente na hidrogenação do gás carbônico e sua consequente transformação em formol e depois em metanol, o que pode ser equacionado de forma simplificada:

O metanol por sua vez poderia ser utilizado diretamente como combustível ou como ponto de partida para cadeias de produção capazes de gerar outros combustíveis ou matérias-primas que venham substituir aquelas obtidas do petróleo.

Tal processo teve o respaldo da sociedade de engenheiros Institution of Mechanical Engineers, de Londres, posto que ao mesmo tempo, que tende a “livrar” o ar do excesso de gás carbônico (um dos vilões do agravamento do efeito estufa) propõe um possível substituto do petróleo.

“Podemos mudar a economia de um país permitindo que ele produza seu próprio combustível”, explicou Peter Harrison, diretor da Air Fuel Synthesis ao Independent.

Mesmo com o uso de conceitos já amplamente conhecidos os resultados da Air Fuel Synthesis chamaram a atenção porque a empresa conseguiu criar um pequeno protótipo de “refinaria” no qual a produção é feita de forma constante, com o propósito de em dois anos, construir uma planta piloto capaz de produzir uma tonelada desse combustível por dia.

Segundo Harrison, a ideia principal é erguer, em até 15 anos uma refinaria em escala comercial – evidentemente existem muitos obstáculos técnicos e comerciais ainda a serem vencidos.

A Polêmica

Porém nem todos estão tão otimistas com a iniciativa. O engenheiro químico e especialista em energia limpa Paul Fennell, do Imperial College London, explica que, o gargalo de tal processo continua sendo a produção massiva de gás hidrogênio, que por eletrólise requer um consumo igualmente massivo de energia elétrica.

“Trata-se de um processo custoso e que não compensa esse gasto de energia”, opinou Fennell em entrevista à BBC Brasil.

Para ele, faria mais sentido, do ponto de vista de eficiência energética, utilizar a energia elétrica sem intermediários – ou seja – investir no desenvolvimento de formas alternativas de transporte usando a eletricidade diretamente.

“A ideia de desenvolver novas técnicas de produção de combustíveis líquidos pode parecer atraente à primeira vista, tendo em vista que não requer mudanças significativas nas estruturas e sistemas de transporte utilizados atualmente”, afirma Fennel. “Mas isso não significa que tal opção seja a mais eficiente ou a mais limpa – afinal, quando o novo combustível é queimado os poluentes voltam para a atmosfera”.

A reflexão

Polêmicas à parte é importante destacar que além da produção de combustíveis o petróleo também é uma fonte importante de matérias-primas para um sem número de aplicações; que vai desde fibras têxteis, por exemplo, até produtos farmacêuticos.

Um dia a sociedade como um todo irá perceber que o petróleo sempre foi um item precioso demais para ser queimado.

Sem dúvida é tranquilizador perceber que mais uma alternativa está em andamento para quando o petróleo acabar, ou, muito antes disso, quando seu preço atingir patamares proibitivos.

Em resumo, o mais importante a meu ver de todo o noticiado está nessas linhas:

- Em alguns anos será possível remover o excesso do gás carbônico da atmosfera e com isso obter continuamente matérias-primas essenciais que hoje obtemos de fontes não-renováveis e que estão na iminência de acabar.

E você meu caro leitor, o que pensa a respeito?

[Imagem e fonte: BBC]

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Comentário de Jorge U. Gregnani em 30 outubro 2012 às 12:59

Creio que a grande barreira, para novas fontes de energia, são extamente as miltinacionais pretroliferas.

Alguns anos li uma reportagem sobre uma pesquisa no Japão, que transforma garrafs PET em oleo diesel.

Como podemos perceber, tecnologia para novas fontes de energia nós possuimos, o que esta faltando é a boa vontade de transformação, pois vai contra as grandes empresas e estados que sobrevivem do petróleo.

Comentário de Antonio Silverio Paculdino Ferre em 30 outubro 2012 às 8:38

No final de 1966, formandos em engenharia pela UFMG, visitamos a Siemens em Nurenberg. Foi-nos mostrado um motor de pequeno barco acionado pela reação inversa da eletrolise. Ao quebar-se as moleculas de agua, conseguia-se corrente elétrica. Àquela época a Siemens investia um milhão de marcos em pesquisa e desenvolvimento....e tinha retorno!

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