Deputados, representantes do governo e da sociedade civil defenderam uma maior participação popular para garantir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 438/01, que determina a expropriação de terras onde houver trabalho análogo à escravidão. Na abertura oficial do portal e-Democracia nesta quinta-feira, eles estimularam a interação na comunidade virtual pela aprovação da PEC.
Segundo a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputada Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), muitas pessoas acham estranho ainda se discutir trabalho escravo no Brasil. “Abolimos uma forma de trabalho escravo, mas o Brasil criou e sofisticou outras”, disse, ao citar casos de exploração de mão de obra no campo, em carvoarias e em indústrias urbanas. Manuela d’Ávila e o deputado Domingos Dutra (PT-MA) pediram a criação da comunidade virtual.
Interação
A parlamentar elogiou a ferramenta de interação entre os cidadãos e seus representantes. “O e-Democracia é uma radicalização da democracia que faz com que o cidadão possa, inclusive, ajudar a criar a lei.” O conteúdo dos debates pelo portal será encaminhado ao presidente da Câmara, Marco Maia, e aos líderes partidários para buscar a votação da proposta. Pelo portal, o cidadão pode participar de fóruns e enquetes, além de inserir artigos e estudos.
Para o coordenador-geral da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria de Direitos Humanos, José Guerra, cada vez mais o mundo virtual se torna espaço de discussão. “Nesse fórum podemos ajudar o Congresso a cumprir sua função. Vamos qualificar o debate.” Segundo o jornalista da organização não-governamental Repórter Brasil Leonardo Sakamoto, o Brasil se tornou exemplo mundial no combate ao trabalho escravo e já libertou mais de 40 mil pessoas desde 1995. O e-democracia, avaliou, pode dar voz a grupos de defesas de direitos humanos que buscam mudar a realidade local.
O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) reclamou da demora na votação da PEC. “Há tantos anos a Câmara votou em primeiro turno e se aguarda o segundo turno dessa proposta tão óbvia. É estranho ver barreira contra a medida”, disse o parlamentar, que integra a Frente Parlamentar Mista pela Erradicação do Trabalho Escravo.
Portaria interministerial
José Guerra anunciou que a Lista Suja do Trabalho Escravo, publicada anualmente pelo Ministério do Trabalho, passará a ser uma publicação também da Secretaria de Direitos Humanos. Os ministros das duas pastas assinaram portaria conjunta prevendo essa parceria nesta quinta-feira.
O cadastro contém a relação de empregadores flagrados por auditores do trabalho explorando trabalhadores na condição análoga à de escravos. A lista é atualizada a cada seis meses, com a saída de proprietários que tenham regularizado a sua situação e a entrada de mais pessoas condenadas pela Justiça.
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