Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Essa Veio do SINDITEC - Amigo Fabio B. Rossi

Facções trocam Maringá pela China

 


imagem divulgação

Há empresas do setor têxtil em Maringá que fecharam as linhas de produção e passaram a encomendar as peças na China, onde a mão de obra é mais barata.

Tática adotada há décadas por grandes grifes. A mão de obra das costureiras locais sobrevive graças a um detalhe que os chineses ainda não conseguiram dar conta: o de atender a agilidade da moda feminina local. Para o Sindicato da Indústria do Vestuário de Maringá (Sindvest), é questão de tempo para que o mercado asiático se adeque à dinâmica da moda. Nesse caso, o resultado seria o fim da demanda por boa parte da mão de obra das fábricas.

O presidente da entidade, Cássio Murilo de Almeida, classifica o crescimento das importações como um processo de "morte lenta" da indústria têxtil brasileira. A concorrência dos chineses levou a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) a pedir abertura de investigação para a aplicação de salvaguarda no segmento de confecções.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que vai avaliar o caso. De acordo com a Abit, a concorrência das roupas produzidas na China já levaram à perda de 60 mil empregos no setor. Ainda assim, o segmento do vestuário maringaense tem a perspectiva de aumento dos negócios. "Estamos trabalhando para consolidar Maringá como o segundo polo da moda no País", diz Almeida.

O DIÁRIO - Associação Brasileira da Indústria Têxtil pede uma salvaguarda do governo brasileiro contra as importações da China. As roupas produzidas na China já provocaram algum impacto na indústria de Maringá?

CÁSSIO MURILO DE ALMEIDA -Com certeza. Muitas empresas que costuravam aqui na região, as chamadas facções, pararam com esse tipo de produção. Hoje, o que elas fazem é importar roupas e apenas colocar a etiqueta com a marca. O reflexo disso você vê nas vitrines. Em um grande magazine, por exemplo, você identifica que metade das roupas à venda é produzida na China.

Caso essa situação persista, qual a previsão do setor para o futuro?

Esse tipo de importação serve para desindustrializar o País. A consequência é que daqui a pouco tempo você não vai mais ter roupa com a produção usando a mão de obra local. Os grandes magazines estão deitando e rolando. O consumidor também pode até achar bacana no começo, mas em breve o resultado vai ser o desemprego.

Já há casos de empresas de Maringá e região que pararam de costurar e passaram a importar da China?

"Hoje, criamos uma nova China, que é o Paraguai. Há empresas nacionais que produzem as peças no país vizinho, motivadas pelo baixo custo. O mais incrível é que há suporte do governo brasileiro’’ 

Várias empresas de Maringá e região fazem isso. Não tenho um estudo para falar com exatidão quantas são, mas sei que temos muitas que estão nessa situação. Temos marcas que elaboram o projeto das roupas aqui, e elas são feitas na China. Os chineses enviam o produto da maneira que a equipe de desenvolvimento quer, e a peça chega ao Brasil com um custo mais baixo do que o artigo produzido aqui. Basta pegar um design daqui e mandar o projeto.

A qualidade do produto chinês não é inferior?

Não mais. Antes, a China tinha preço competitivo, mas baixa qualidade. Hoje, os produtos chineses já têm qualidade. Isso porque nós ensinamos eles a trabalhar, quando mandamos nossos estilistas para lá. A Europa, os Estados Unidos também tem a parcela de responsabilidade deles. Vá até uma loja nos Estados Unidos e confira as etiquetas das grandes marcas de roupas norte-americanas. É tudo fabricado fora, é "Made in China, Taiwan, Vietnan". As grifes do primeiro mundo produzem na China, e quando vem a crise, como a que observamos agora, surge o debate sobre a falta de emprego.

Os impostos estão entre os principais entraves do setor têxtil brasileiro?

Os encargos abalam nossa competitividade. Mas não é só isso, quando você vai comparar com a China. Lá eles não têm leis trabalhistas. Aqui no Brasil é o extremo oposto. O empregado quer vantagens que o empregador, muitas vezes, não tem condições de dar. Sem contar que ainda há multa quando se demite o funcionário depois do prazo de três meses de experiência. Até nos Estados Unidos você consegue contratar trabalhadores temporários sem todos os encargos que temos aqui.

Como o setor têxtil em Maringá consegue se manter diante da concorrência dos chineses?
Pela moda. A moda feminina é muito dinâmica, e conseguimos ficar antenados ao ponto de atender a essa dinâmica do mercado. Estamos consolidando Maringá como o segundo polo de moda no País, atrás apenas de São Paulo. Mas sabemos que se nada for feito, essa agilidade é uma situação que pode ser suprida pelos chineses. Logo, eles vão acompanhar a nossa velocidade.

Então, se o mercado local sobrevive por causa da moda, hoje já não vale mais a pena produzir peças simples, como camisetas sem estampa?
Não compensa. Isso já significa que estamos avançando em um processo de morte lenta. Aos poucos, você já não vai mais precisar produzir nada, estaremos reféns do mercado externo. Hoje, o preço deles é competitivo. Amanhã, eles colocam o preço que quiser.

A China é o único adversário do Brasil no campo da indústria têxtil?

Hoje, criamos uma nova China, que é o Paraguai. Há empresas brasileiras que produzem as peças no país vizinho, motivadas pelo baixo custo. O mais incrível nisso é que há suporte do governo brasileiro para o empresário que quiser produzir no Paraguai, temos órgãos estaduais dando suporte a isso.

Como reverter esse processo?

É uma situação complexa. Vai barrar a importação? A importação não é ruim, dependemos dela no mundo globalizado. Não adianta fechar as fronteiras, porque precisamos exportar também. Subsídio é outro recurso que não dá certo, porque ele acostuma com dinheiro fácil quem está produzindo. É o caso da Europa, que subsidiava os produto e na crise teve que fechar a torneira, gerando uma quebradeira geral. Subsídio cria o mau hábito, mas precisamos de incentivos.

Que tipo de incentivo, por exemplo?

“Isso já significa que estamos avançando em um processo de morte lenta. Aos poucos você já não vai mais precisar produzir nada, estaremos reféns. Amanhã eles colocam o preço que quiserem"
Não há financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para pequenos e médios. Você consegue incentivo se for comprar uma colheitadeira por R$ 500 mil. Essa colheitadeira vai empregar um operador. Com R$ 500 mil, uma facção compra 250 máquinas de costura e emprega 250 costureiras. O Brasil tem que deixar de ser o País do agronegócio, futebol e Carnaval. Imagine você, promovemos um evento neste domingo em Maringá e todos os hotéis estão lotados (Leia mais sobre o projeto na reportagem de capa do Caderno D+). São cerca de 5 mil pessoas que visitarão a cidade e estarão consumindo aqui, comprando nas lojas, almoçando. Compare o dinheiro que esse setor tem gerado no País com os incentivos que o setor tem recebido.

No cenário atual, como o empresário deve agir para não fechar as portas?

Tem que colocar na cabeça: estou sendo competitivo? Estou sendo eficiente? Tem que fazer o dever de casa, investir na capacitação profissional. Há casos de funcionários produzindo cinquenta peças, quando poderiam produzir cem. Precisamos antes de tudo qualificar a nossa mão de obra e buscar meios de ter eficiência com menores custos.

Apesar da sombra das importações, o mercado de Maringá tem previsão de expansão?

Hoje temos em Maringá 500 lojas de roupas e acessórios nos shoppings atacadistas. A previsão é que o ano que vem sejam 750 lojas. Há pouco mais de dez anos, contávamos com um shopping atacadista na cidade.

Hoje, são quatro. Vamos lutar para cada vez aumentar mais.

Fonte:Textile Industry - //maringa.odiario.com/maringa/noticia/549326/faccoes-trocam-ma...

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Comentário de Paulo Roberto Simplicio Junior N em 10 março 2012 às 7:15

Acredito que Maringá (empresarios, sindicatos, sebrae, universidades, prefeitura e APL) deveriam unir forças com Cianorte e toda região e desenvolver melhor o APL para que tenhamos mais força e voz.

Comentário de antonio sanchez sanchez em 6 março 2012 às 10:24

enquanto isso nossa regiao do polo textil esta parando

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