De olho na expansão das vendas por meios digitais, Brasil vira um dos cinco mercados mais estratégicos para o AliExpress, presente em 200 países.
Por Glauce Cavalcante
O Brasil é um dos cinco países mais importante na estratégia do AliExpress, entre os 200 em que está presente. A posição de mercado-chave — primeiro e único na América Latina com vendedores locais na plataforma — vem do potencial de expansão, conta Briza Bueno, diretora do AliExpress no Brasil.
Principal executiva da gigante chinesa do varejo no Brasil, ela dá como exemplo o live commerce (transmissões ao vivo com venda de produtos): “Na China, ele é 10% do e-commerce, que representa metade das vendas do varejo total. Lá, uma em cada duas compras no varejo como um todo é digital. No Brasil, é uma em cada dez. O potencial é muito grande”, frisa ela. A empresa se prepara para o 11.11, o Dia do Solteiro, principal data para o grupo. Em 2021, a base de usuários no Brasil que comprou nesse evento cresceu 72% ante o ano anterior.
Qual é a importância do Brasil para o AliExpress?
Estamos há 12 anos no país, sempre com cross-boarder (venda de produtos entre países). O AliExpress está em 200 países, e o Brasil está entre os top cinco para a empresa, por isso é tão estratégico. Temos visto nos últimos anos o crescimento do e-commerce no Brasil e, para o AliExpress, não foi diferente. Houve a necessidade de um olhar mais local, tanto para comunicação quanto para estratégias. Há várias peculiaridades no mercado brasileiro, como o Pix e o boleto de pagamento. Para nossas praças mais relevantes, fazemos adaptações.
Estratégias de varejistas envolvem novos centros de distribuição, aquisição de empresas de logística, além de foco em tr
Ter vendedor local é uma delas?
O seller brasileiro poder vender dentro da plataforma é uma dessas adaptações, iniciada em agosto do ano passado. E tem crescido. É o primeiro e único país da América Latina a ter essa frente. Também revisamos a comunicação, melhoramos muito a frente de logística para entregar mais rápido. De um ano para cá, crescemos de cinco para oito voos fretados por semana para o Brasil, o que dá uma ideia do volume. Do momento que a pessoa faz a compra até o produto chegar no Brasil, são sete dias. Depois, vêm o desembaraço aduaneiro e entrega. Contando o prazo até a casa do cliente, leva de 12 a 15 dias no total, dependendo muito da localização. Para as principais capitais, chega em dez a 12 dias. Não temos centro de distribuição ainda no Brasil. Trabalhamos com plataformas logísticas parceiras.
Agilidade de entrega é chave?
Estamos buscando, neste último ano principalmente, melhorar o máximo possível nossa entrega, em relação a tempo também. Temos a diferença de estar trazendo um produto cross-boarder, então vai ser mais lento que o local. Por isso é importante também os vendedores locais estarem presentes na nossa plataforma e poderem entregar diretamente e com muito mais velocidade. A entrega média do seller local é feita em dois a três dias.
Com frete aéreo, como manter o preço competitivo?
A importância de ter voos é para ter velocidade de entrega, mas há várias estratégias, como combinar alguns pedidos. Quando a pessoa compra de um mesmo seller ou até de sellers diferentes, mas num mesmo dia, a gente consegue combinar os itens numa mesma entrega para agilizar o serviço e otimizar o custo de frete.
Como será o fim do ano com Dia do Solteiro, Black Friday, Natal e Copa do Mundo?
Este fim de ano está conturbado, e ainda tem eleição. E estamos olhando para entender o quanto temos de escalar a parte das entregas. Mas nesse período o nosso principal evento é o 11.11, maior data do e-commerce mundialmente. É uma data oito vezes maior que a Black Friday americana.
No Brasil, ainda estamos construindo essa data, mas boa parte da estratégia de fim de ano é focada nisso. Em 2021, crescemos 72% a base de usuários que comprou no evento ante a mesma data do ano anterior. Este ano, pode crescer ainda mais. Em março, fizemos promoção pelo aniversário do AliExpress e crescemos 190% em vendas frente a 2021. Isso dá uma noção para frente.
Em 2021, a alta de insumos freou promoções. Como fica este ano?
O 11.11 é a data que conseguimos fazer os menores preços do ano. Como estamos conectados a vendedores chineses, conseguimos trazer também esses produtos promocionais para o Brasil. Sabemos que é um momento com várias particularidades, o nível da inflação. Mas já vimos que o brasileiro tem uma conexão com preço forte, um dos principais pontos na tomada de decisão para comprar on-line.
Quais as ferramentas de vendas mais fortes?
Estamos fazendo live commerce diariamente, e ele tem um potencial gigante de crescimento. Na China, ele é 10% do e-commerce, que representa metade das vendas do varejo total. Lá, uma em cada duas compras no varejo como um todo é digital. No Brasil, é uma em cada dez. Quando falamos de live commerce na China, são 5% de toda a venda do varejo. Fazemos as lives diárias, usamos as redes sociais, com ofertas exclusivas, temos coaches dentro da plataforma, subsídio a produtos para fomentar a compra desses itens.
O social commerce também é uma frente importante. Na China já é bem grande. No Brasil, usamos mecanismos como o Pechincha (disponível no aplicativo). Ano passado, fizemos ação com a Ivete Sangalo. Pela ferramenta, o usuário escolhe o produto que quer comprar mais barato e pechincha (o preço). Ele diz que quer um item e manda para os amigos, todos pechincham juntos. Quanto mais pessoas pechincham o valor daquele item, mais barato ele fica. Produtos de R$ 200 ou R$ 300 chegam a custar R$ 1. É um mecanismo muito diferente do que costumamos ver no e-commerce nacional, de escala. É bom para a plataforma, porque a gente consegue gerar mais tráfego, e é bom para o cliente, porque ele consegue comprar o produto por um preço muito mais baixo.
Com inflação, apelo de preço impulsiona a demanda?
Todas as ações que fazemos com preço mais baixo ou condição melhor de compra para o usuário final é com certeza ganho neste momento. Mas acho que nosso grande desafio está em digitalizar mais as pessoas, em como podemos fomentar esse mercado como um todo.
Grandes varejistas têm sofrido no país, e o mercado está mais competitivo. Como afeta o AliExpress?
Nossa visão é de tentar fomentar o comércio geral. Vemos uma oportunidade muito grande do AliExpress crescer no Brasil, principalmente olhando esse número ainda muito baixo de participação do e-commerce no varejo total. Quando comparamos esses 10% de participação do Brasil com os 50% da China ou até com os 30% dos Estados Unidos, dá para ver que tem um caminho grande para crescer e um potencial para aqueles que estiverem dentro do jogo.
Vender direto do fabricante é uma vantagem?
Uma das grandes vantagens do AliExpress é a proximidade com os vendedores chineses. E muitos deles são o próprio produtor, a indústria. O nosso grande diferencial competitivo de preço vem dessa proximidade, tirando os intermediários da cadeia.
Já fazem isso com fabricantes brasileiros?
Estamos trabalhando com o AliBaba Group. Não posso falar por eles, mas foi fechado um memorando de entendimento com a Apex-Brasil, com um acordo de exportação de marcas brasileiras para outros países. Há empresas de mel vendendo para a China, um mercado gigantesco.
Concorrentes brasileiros dizem haver produtos vindos de fora que têm escapado da tributação. Como coibir isso?
Hoje, no AliExpress, fazemos uma educação dos vendedores para explicar todas as normas locais. Qualquer abuso do seller pode resultar em punição, não vender mais na plataforma, ser suspenso. O nosso trabalho, como intermediador dessa reunião do vendedor com o comprador, tem várias frentes. Nosso papel é fortalecer para que estejam em concordância com as leis locais. Estamos próximos das entidades para conseguir ter toda a transparência e compliance necessários porque estamos atuando para o mercado brasileiro crescer. A gente quer crescer e que o comércio todo cresça e seja uma coisa boa para todo mundo.
É a mesma conduta para produtos falsificados?
Com certeza. O grupo como um todo, o AliBaba Group, tem um trabalho muito forte do time de proteção à propriedade intelectual, que faz vários processos proativos para retirar qualquer produto que entre na plataforma e possa não ter alguma licença de propriedade intelectual. Quando tem uma denúncia, o produto sai do ar e o seller tem uma punição.
A empresa participa da discussão da MP da Pirataria?
Temos conversado com alguns agentes e nos envolvido, na medida do possível, olhando principalmente para como podemos ajudar. Nosso objetivo principal é estarmos sempre 100% em compliance com a regra local.
Fonte: O Globo
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