Comentário: A matéria sugere que o México vai além de reclamar da vida, do clima, do vento e , tá certo, do custo-Brasil. Vejam o que é dito aqui sobre a exportação do mercado de confeccionado sobre a ascensão de novos exportadores "
"The cheap-labour argument does not hold up as well, however, in the case of new Asian and Caribbean suppliers, whose market share expanded even though their wage rates are often considerably higher than China’s " ( fonte: http://www.unido.org/fileadmin/media/documents/pdf/Services_Modules...)
Ou seja, vários paises tem participação no mercado mundial de exportação de têxteis confeccionados embora seus salários sejam bem mais altos que na China. Lembrando; o tempo de vôo de Manaus para Miami é de cerca de 5 horas ( sai por exemplo as 14:10, chega as 18:25 . De SP a Manaus leva cerca de 4 horas. Para confeções há que se conderar tecnologia e proximidade dos mercados consumidores, incluindo proximidade do canal do Panamá.
México rivaliza com China e Brasil
México já consegue concorrer com a China
Autor(es): Por Alex Ribeiro | Da Cidade do México
Valor Econômico - 09/03/2012
O México começa a ganhar a disputa contra a China pelo mercado americano e também a incomodar os vizinhos da América do Sul com suas exportações de carros de luxo baratos. O peso desvalorizado e o surgimento de uma nova classe média devem garantir, por dois anos seguidos, um crescimento maior que o do Brasil, cuja indústria vem perdendo competitividade.
Pela primeira vez em uma década, os custos de produção e de transporte no México são menores que na China. Há dez anos, o custo unitário do trabalho no país era quase duas vezes e meia maior que o chinês. Agora, seria apenas 2% menor, segundo economistas do Bank of America Merrill Lynch.
O México começa finalmente a ganhar a disputa contra a China pelo mercado americano, e também a incomodar os vizinhos da América do Sul com as suas exportações de carros de luxo baratos. O peso desvalorizado e o surgimento de uma nova classe média devem garantir, por dois anos seguidos, um crescimento econômico maior do que o do Brasil, cuja indústria vem perdendo competitividade externa.
Pela primeira vez em uma década, os custos de produção e de transporte no México são menores do que na China. "Estamos ganhando mercado nos Estados Unidos", disse ao Valor o ex-presidente do Banco Central Mexicano (Banxico) Guillermo Ortiz. "Muitas empresas estão voltando da China para o México", afirmou Thomas McLarthy, assessor do governo americano de Bill Clinton que liderou a criação do Nafta, o acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá.
A economia mexicana vinha patinando desde 2001, quando a China ingressou na Organização Mundial do Comércio (OMC) e tomou a posição do México como principal fornecedor aos Estados Unidos de bens manufaturados de baixo custo. Agora, a equação volta a virar, fazendo o México reviver os bons tempos que teve logo depois da implantação do Nafta, em 1994. As suas exportações para o vizinho ao norte subiram 49% nos dois últimos anos, enquanto que a China avançou 35%.
Há dez anos, o custo unitário do trabalho no México era quase duas vezes e meia maior do que o da China. Em 2010, a diferença havia caído a apenas 20%, segundo estimativas do Ministério da Fazenda do México. Agora, os cálculos são de que estejam cerca de 2% menores do que na China, segundo economistas do Bank of America Merrill Lynch.
O México ficou mais competitivo também nos mercados latino-americanos. Os embarques de carros, principal item da pauta exportadora do país, aos vizinhos do Sul cresceram 56% em 2011, chegando a 322 mil unidades. Desse total, 115 mil veículos foram para o Brasil, provocando um déficit superior a US$ 1,5 bilhão nas trocas comerciais da indústria automotiva e estimulando reações protecionistas do governo brasileiro. As exportações ajudaram a empurrar a economia. A projeção do Banco Central do México é que o país cresça perto de 4% neste ano, acima do Brasil, cuja expansão é estimada em 3,3% pelo mercado financeiro. Em 2011, o México cresceu 3,9%, acima dos 2,7% registrados no Brasil.
Os ganhos recentes de produtividade são um dos vários fatores explicam a retomada da competitividade externa do México. "É o resultado de termos uma das economias mais abertas do mundo", afirma o economista Luis de La Calle, presidente da H+K Strategies Latin America, que foi negociador comercial no governo mexicano. O México está atrás apenas do Chile em números de tratados de livre comércio.
Os reajustes salariais no México ficaram abaixo dos ganhos de produtividade, enquanto que na China eles passaram a subir em cerca de 20% anuais, segundo dados coletados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "Não sei se essa tese dos aumentos de custos de trabalho na China é verdadeira", afirma Jaime Ros, professor de economia da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). "Mas é um pouco patético que, para que possamos ser mais competitivos e voltar a crescer, seja necessário esperar que os salários subam na China."
O fator mais importante na retomada da competitividade mexicana, porém, foi a desvalorização do peso na última crise financeira mundial, enquanto a China promove uma lenta apreciação de sua moeda. A cotação dólar no mercado mexicano subiu de cerca de 10 pesos para 15 pesos entre fins de 2008 e começo de 2009. O Brasil também teve uma grande depreciação cambial nesse período, mas em seguida o real se valorizou fortemente.
No México, porém, a taxa de câmbio permaneceu depreciada, em grande parte porque os mercados entenderam que o país sofreu um choque externo permanente. A crise americana fez com que, em 2009, a economia do México caísse 6%. Os Estados Unidos, que então absorviam perto de 90% das exportações mexicanas, entraram em recessão e até hoje não voltaram a crescer de forma sustentada. A queda dos fluxos de capitais também teve um papel central. O México, que é excessivamente dependente de financiamentos de Wall Street, sofreu bastante com a restrição de crédito ocorrida depois da quebra do banco Lehman Brothers.
Hoje, o dólar vale cerca de 13 pesos, o que significa uma desvalorização de 30% em relação a 2008. Em termos nominais, o real está apenas 10% mais desvalorizado do que antes da quebra do Lehman Brothers. A China valorizou sua moeda em pelo menos 10% no último ano e meio. Há indicações de que reajustes mais forte de salários no Brasil e na China corroeram a competitividade em relação ao México. A depreciação cambial e a retomada do mercado interno, puxada pela crescente classe média, fez com que o México reagisse em 2010, crescendo 5,5%.
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