Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Moda não é a primeira palavra que surge na nossa mente quando ouvimos falar da Nigéria, mas o designer Alphadi tem vindo a colocar o seu país e África nas grandes passerelles internacionais, quer com as suas colecções, quer com a promoção de jovens talentos africanos no Festival Internacional de Moda Africana.

A Nigéria, país da África ocidental, é mais conhecida pela sua pobreza e, de tempos a tempos, pela rebelião Tuaregue do que pela moda. Mas desta nação poeirenta e árida perto do deserto do Sahara emergiu Alphadi, um homem tão colorido como as suas criações – que está a impulsionar a criatividade e a moda de África para a fazer chegar a todo o mundo.

Alphadi tem opiniões formadas em relação a África, política, desenvolvimento e discriminação e acredita fortemente que a moda e as artes são veículos para colocar o continente no caminho da prosperidade. Aos 53 anos, o alegre Tuaregue, cuja carreira se prolonga há três décadas, revela uma energia que parece não ter fim.

A sua fusão de experiência do deserto do Sahara e designs ocidentais contemporâneos colocou as suas colecções nas passerelles de diversas capitais da moda, de Nova Iorque a Paris, sem esquecer Dakar e Bamako. Os seus ´modelos são inspirados por séculos de artesanato africano incluindo o de Hausa, o maior grupo étnico na África Ocidental, e o da sua originária Tuaregue.

A sua nova colecção, baptizada “Nomads”, propõe vestidos elegantes e ultra-femininos em seda leve ou algodão estampado, alguns bordados e tecidos com designs influenciados pela savana nativa Tuaregue ou vegetação luxuriante natural.

Nascido de um pai do Mali e mãe da Nigéria, Alphadi – cujo verdadeiro nome é Sidahmed Seidnaly – criou a sua marca em 1984. A primeira colecção foi apresentada em 1985 num desfile internacional de turismo em Paris, tendo sido alvo de boas críticas. Actualmente, o designer divide o seu tempo entre Paris e Niamey.

O complexo Alphadi, que alberga os seus escritórios, uma sala de trabalho, uma grande loja de pronto-a-vestir e um café, está localizado na popular rua Vox na baixa de Niamey. Na sua sala de trabalho, cinco designers mantêm-se ocupados. A colecção Nomads é em parte feita aqui, assim como na Síria e em Marrocos. Mas a agitação política do último ano neste país tem afectado o negócio de Alphadi. «Tinha mais de 120 funcionários há três anos atrás», revela o designer, que agora conta apenas 30 funcionários na Nigéria.

Sendo uma antiga colónia francesa na África ocidental, a Nigéria tem sido marcada pela instabilidade política e por uma série de golpes de estado desde que conseguiu a independência de França em 1960. O último golpe em Fevereiro de 2010 colocou-o numa «licença sabática», refere Alphadi. Mas o designer continua optimista e aposta no regresso a uma democracia civil – em Abril, a Junta entregou o poder a um civil, Mahamadou Issoufou, que ganhou as eleições presidenciais em Março – para uma reviravolta da sorte.

Este pai de seis crianças afirma que está a preparar uma «batalha» para «dar a África a oportunidade de criar» arte e postos de trabalho. Mas o seu humor fica mais negro com a raiva e exasperação quando critica os políticos africanos que «relegam os artistas para o pano de fundo» e subestimam as suas capacidades ao dar contratos de produção têxtil à China à custa dos locais. «Pode fazer-se tudo em África!», assegura Alphadi, sentado num cadeirão em couro no canto da sua loja. «Petróleo! Diamantes! Urânio! Eu percebo. Mas há também artistas criativos. Esses são os mais pobres, os mais pobres que criam, que fazem joalharia, bordados…», aponta.

As suas próprias batalhas são muitas. No início, teve de lidar com a rejeição da sua família de ascendência nobre, «muito islâmica, muito enraizada na religião», quando a sua paixão pela moda começou a emergir na adolescência. «Aos 14 anos estava a tricotar», recorda divertido. Mais recentemente, alguns islamistas no seu país maioritariamente islâmico partiram a montra da sua loja e ameaçaram matá-lo, insatisfeitos com a forma como ele veste as mulheres.

«Ajudar os jovens» é outra das prioridades para o estilista que, a cada dois anos, oferece a jovens designers africanos a oportunidade de mostrarem o seu trabalho no Festival Internacional de Moda Africana.

Fonte: AFP

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